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Flamengo libera verba e acerta os salários
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Dois dias antes do "clássico dos
desesperados", como está sendo
chamado o jogo com o Botafogo,
o Flamengo deu ontem um "doping financeiro" para a equipe.
Horas após assinar o contrato
com a Petrobras, bloqueado na
Justiça desde o início do ano, o
presidente Marcio Braga pôs os
salários dos atletas e funcionários
em dia. Nessa operação, o dirigente gastou R$ 5 milhões dos R$
10,8 milhões liberados pela estatal. Só com os jogadores, que estavam em média com três meses
atrasados, pagou R$ 3 milhões.
"Com certeza, esta é uma das
maiores vitórias da minha gestão", disse Braga, que desde que
assumiu, em janeiro, administrou
o clube com as finanças sufocadas
por causa do bloqueio do contrato da Petrobras na Justiça Federal.
O patrocínio da empresa com o
Flamengo é o maior do futebol
brasileiro. O clube tem direito a
receber R$ 1 milhão por mês até
dezembro. Pelo contrato atual, a
renovação será automática em janeiro e vai ter validade até o final
de 2005. O valor deverá ser reajustado para cerca de R$ 1,1 milhão
no primeiro mês do próximo ano.
"A partir de agora, o clube terá
outra vida", acrescentou Braga.
Em fevereiro, o Flamengo foi
impedido pela Justiça de assinar o
contrato de patrocínio com a Petrobras, que seria renovado na semana seguinte. A decisão judicial
foi concedida pelo juiz da 1ª Vara
Federal Cível do Rio, Mauro Souza Marques da Costa Braga. Ele
concedeu liminar em favor do
Ministério Público Federal, que
propôs ação para que o contrato
não fosse renovado.
O procurador da República Flávio Paixão de Moura Souza alegou que a Constituição Federal e a
lei 8.666/93, que trata das licitações governamentais, não permitem que o poder público firme
contratos com empresas em situação fiscal irregular.
O Flamengo é o clube brasileiro
que mais deve ao governo: no total, cerca de R$ 200 milhões.
Para superar a decisão contrária, o clube obteve liminar na Justiça determinando que o Instituto
Nacional do Seguro Social emitisse certidão negativa ao clube. O
INSS, com quem o time tem negociado suas pendências, é o órgão governamental para o qual o
clube mais deve: R$ 50 milhões.
Com a certidão negativa, Braga
assinou ontem o contrato com a
Petrobras e a BR Distribuidora,
subsidiária da estatal. Cada empresa paga metade do valor.
"Estou feliz e espero que os atletas também. Agora, depende deles resolverem a situação dentro
do campo. Isto é um verdadeiro
doping financeiro", disse Braga.
O Flamengo precisa vencer o
Botafogo, amanhã, no Maracanã,
para deixar a zona de rebaixamento. O adversário também tentar se afastar da Segundona.
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