São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2004

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Flamengo libera verba e acerta os salários

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dias antes do "clássico dos desesperados", como está sendo chamado o jogo com o Botafogo, o Flamengo deu ontem um "doping financeiro" para a equipe.
Horas após assinar o contrato com a Petrobras, bloqueado na Justiça desde o início do ano, o presidente Marcio Braga pôs os salários dos atletas e funcionários em dia. Nessa operação, o dirigente gastou R$ 5 milhões dos R$ 10,8 milhões liberados pela estatal. Só com os jogadores, que estavam em média com três meses atrasados, pagou R$ 3 milhões.
"Com certeza, esta é uma das maiores vitórias da minha gestão", disse Braga, que desde que assumiu, em janeiro, administrou o clube com as finanças sufocadas por causa do bloqueio do contrato da Petrobras na Justiça Federal.
O patrocínio da empresa com o Flamengo é o maior do futebol brasileiro. O clube tem direito a receber R$ 1 milhão por mês até dezembro. Pelo contrato atual, a renovação será automática em janeiro e vai ter validade até o final de 2005. O valor deverá ser reajustado para cerca de R$ 1,1 milhão no primeiro mês do próximo ano.
"A partir de agora, o clube terá outra vida", acrescentou Braga.
Em fevereiro, o Flamengo foi impedido pela Justiça de assinar o contrato de patrocínio com a Petrobras, que seria renovado na semana seguinte. A decisão judicial foi concedida pelo juiz da 1ª Vara Federal Cível do Rio, Mauro Souza Marques da Costa Braga. Ele concedeu liminar em favor do Ministério Público Federal, que propôs ação para que o contrato não fosse renovado.
O procurador da República Flávio Paixão de Moura Souza alegou que a Constituição Federal e a lei 8.666/93, que trata das licitações governamentais, não permitem que o poder público firme contratos com empresas em situação fiscal irregular.
O Flamengo é o clube brasileiro que mais deve ao governo: no total, cerca de R$ 200 milhões.
Para superar a decisão contrária, o clube obteve liminar na Justiça determinando que o Instituto Nacional do Seguro Social emitisse certidão negativa ao clube. O INSS, com quem o time tem negociado suas pendências, é o órgão governamental para o qual o clube mais deve: R$ 50 milhões.
Com a certidão negativa, Braga assinou ontem o contrato com a Petrobras e a BR Distribuidora, subsidiária da estatal. Cada empresa paga metade do valor.
"Estou feliz e espero que os atletas também. Agora, depende deles resolverem a situação dentro do campo. Isto é um verdadeiro doping financeiro", disse Braga.
O Flamengo precisa vencer o Botafogo, amanhã, no Maracanã, para deixar a zona de rebaixamento. O adversário também tentar se afastar da Segundona.


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