São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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conformado

Dunga abre mão do topo após 3 jogos

Seleção tem segundo pior início de eliminatórias, e técnico, que antes queria triunfo, diz se satisfazer com vaga na Copa

Como antecessores, técnico elenca dificuldades para explicar empate diante do Peru e terceira posição na competição sul-americana

Sebastião Moreira/Efe
O técnico Dunga, que já abre mão de vencer as eliminatórias da Copa de 2010, durante entrevista em hotel da capital paulista

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que chegou à seleção, o técnico Dunga repete o mantra de que o Brasil precisa sempre almejar o topo quando disputa uma competição. Diante do início claudicante nas eliminatórias da Copa, o treinador, porém, já admite se contentar com a classificação ao Mundial.
A seleção, após os três primeiros jogos, vive seu segundo pior começo em 11 edições disputadas. Tem cinco pontos em três jogos -ocupa a terceira posição na tabela. A situação só é melhor que o desempenho inicial no qualificatório do Mundial de 1994, quando o time, à mesma altura da competição, somava apenas quatro pontos.
Por isso, o time brasileiro chegou a São Paulo, ontem, sob a pressão de buscar uma vitória diante do Uruguai, amanhã. Apenas esse resultado fará o Brasil, pelo menos, igualar as campanhas de 2002 e 2006 em quatro jogos -as tabelas são idênticas. E o time nacional obteve dois empates nos jogos em casa com os uruguaios.
"No momento, o que procuramos é classificar. Se passar, a gente pensa em algo mais na frente. Em 2002, chegamos em terceiro e fomos campeões", falou Dunga, em alusão à campanha do pentacampeonato.
A comparação com o time que se classificou para o Mundial do Japão e da Coréia do Sul é reveladora. A equipe esteve ameaçada de ficar fora até a última rodada, quando se classificou diante da Venezuela. Seu rendimento final -55,5% dos pontos- é o pior da história da seleção no qualificatório.
Para justificar sua posição, Dunga afirmou que "todas as eliminatórias são complicadas". E, para exemplificar, repetiu reclamações feitas por treinadores anteriores da seleção envolvidos na disputa do qualificatório do Mundial.
Entre as razões, está o fortalecimento dos adversários porque, segundo o técnico, eles acumularam mais jogadores que atuam no exterior. Além disso, citou a falta de tempo para treinar. Esse fator seria atenuado contra o Uruguai, por ser a segunda partida da seqüência brasileira.
Apesar de parecer conformado por estar longe da liderança, ocupada pela Argentina, Dunga não demostrou estar satisfeito com aspectos da atuação brasileira diante do Peru.
"Eu e os jogadores ficamos [frustrados] por estar em vantagem. Mas é normal a pressão do adversário. Tinha que ter feito outro gol quanto estávamos na frente", contou ele, que exaltou a seleção do Peru.
E disse que o Brasil precisa buscar o equilíbrio entre setores, evitando a dependência de Ronaldinho, Kaká e Robinho.
Essa dificuldade brasileira nas eliminatórias surgiu a partir do Mundial de 1994. Antes, o Brasil sempre fizera ao menos dois terços dos pontos -tem 100% em três ocasiões (1970, 1954 e 1982). O aproveitamento do time atual é de só 55,6%.
Para reforçar a posição de Dunga, o auxiliar técnico Jorginho dissociou o rendimento nas eliminatórias do que acontecerá no Mundial. "Não quer dizer que o primeiro terá um grande desempenho na Copa."
A Argentina, que lidera o atual torneio, lhe dá razão. Vencedora das últimas duas eliminatórias, fracassou nos Mundiais de 2002 e 2006.


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