São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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BOXE

Questão de perspectiva

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após a derrota para Chris Byrd, no fim de semana, quando desperdiçou a chance de ser pentacampeão dos pesos-pesados, Evander Holyfield reafirmou que sua meta ainda é "voltar a ser campeão indiscutível".
Será uma tarefa muito difícil para o "Real Deal", pois só o foi por uma única vez, em 25 de outubro de 1990, quando bateu "Buster" Douglas pelos títulos.
Muita gente pode estranhar essa afirmação e pensar consigo mesmo, "puxa, como é que pode? Foram tantas as vezes que eu vi o Holyfield como campeão..."
Verdade. O problema é que em nenhuma das outras três vezes Holyfield foi campeão de modo "indiscutível" (quer dizer, campeão unificado ou de modo que ninguém possa argumentar que outro pugilista é o campeão dos pesos-pesados). Quer ver?
Quando Holyfield foi campeão pela segunda vez, ao derrotar Riddick "Big Daddy" Bowe em revanche, em 6 de novembro de 1993, o combate valia ""somente" pelos cinturões da AMB (Associação Mundial de Boxe) e da FIB.
Na terceira oportunidade em que "The Real Deal" Holyfield conquistou um título, quando nocauteou Mike Tyson, em 7 de setembro de 1996, somente o cinturão da AMB estava em disputa.
Posteriormente, Holyfield anexou o cinturão da FIB ao nocautear, em revanche, Michael Moorer, em 8 de novembro de 1997.
Porém quando finalmente foi unificar seus dois títulos com o britânico Lennox Lewis, falhou, ao sair com um empate (polêmico). Na revanche, em 13 de novembro de 1999, foi Lewis quem ficou com os três cinturões, em decisão controversa, é verdade.
Holyfield foi campeão pela quarta vez, contra John "The Quiet Man" Ruiz, em 12 de agosto de 2000. Mas desta vez foi reconhecido apenas pela AMB.
Quer dizer, apenas uma vez Holyfield foi campeão indiscutível, de modo que a árvore genealógica do título pudesse ser traçada até John L. Sullivan (o primeiro campeão dos pesados). Das outras vezes, ganhou apenas frações do título, muitas vezes tomadas no tapetão de outros pugilistas.
Em comparação, Floyd Patterson, um dos campeões dos pesados com menos moral na história e cujo maior feito foi ter sido o primeiro bicampeão da categoria, não tinha muitas opções em sua época (década de 50 e início dos anos 60). Quando foi bicampeão, havia só uma versão do título.
Outras ocasiões em que havia dúvida sobre quem era o verdadeiro campeão foram raríssimas.
Como quando, em 1968, Jimmy Ellis foi reconhecido como campeão pela AMB e "Smokin" Joe Frazier o foi pela (então poderosa) Comissão Atlética do Estado de Nova York e alguns outros Estados. Ambos unificaram e definiram quem era o verdadeiro campeão em uns dois anos.
Não há como negar que o penta de Holyfield teria sido histórico, mas, sob a perspectiva correta, não seria tão significante quanto pareceria à primeira vista.
 
O campeão brasileiro dos pesados, George Arias, merece cumprimentos por sua atuação na preliminar de Byrd-Holyfield (fez 11 assaltos com Fres Oquendo).
Porém convém lembrar que, apesar de não ter dado vexame nos combates mais relevantes de sua carreira (Oquendo, Johnny Nelson, Marcelo Dominguez), foi, invariavelmente, derrotado...

Cuba 1
A OMB informa que o desafiante oficial do brasileiro Popó, Joel Casamayor, terá de enfrentar o número dois, o argentino Jorge "La Hiena" Barrios, para manter a posição de primeiro do ranking.

Cuba 2
O pesado Aurélio "Toyo" Perez, tem luta prevista para o início de 2003 com o francês Josue Blocus. Ambos são contratados de Don King. Para se preparar, Perez faz treino com Fabio Maldonado.

Cuba 3
Chiquinho de Jesus foi um dos homenageados no Prêmio Brasil Olímpico. Ele participou de duas Olimpíadas e, em Montreal-76, esteve a uma vitória de lutar com "Sugar" Ray Leonard, mas antes de ter a chance perdeu para um cubano. Como profissional, em disputa de título, fez oito assaltos com Julian Jackson, que costumava pulverizar a todos nos assaltos iniciais (até Terry Norris).

E-mail eohata@folhasp.com.br


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