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MOTOR
Capítulo 11
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
O título saiu da legislação
americana. Quando uma
empresa entra em concordata,
precisa cumprir as obrigações do
tal capítulo 11. A Cart, entidade
que dirige a Indy ou Champ Car
Series, como é denominada nos
EUA, entrou com o pedido na Justiça para viabilizar a venda de
seu negócio para outro grupo.
Poderia ser pior. Havia rumores
de que poderosos da IRL, como
Tony George e Roger Penske, planejavam comprar a categoria para simplesmente encerrá-la. Donos de equipe e envolvidos, Gerry
Forsythe, Paul Gentilozzi and Kevin Kalkhoven fizeram uma oferta e passaram seis meses correndo
esse e outros riscos. Levaram. Mas
exatamente o quê levaram?
Um campeonato quase falido,
que pagou para aparecer na TV
aberta americana, que acumulou
perdas de US$ 80 milhões a US$
100 milhões no último ano, sem
patrocinador principal, sem patrocínio financeiro, sem grandes
equipes, sem grandes estrelas. Em
poucas palavras, um mico.
Poderia ser ainda pior. Alguns
papagaios da Cart, principalmente com promotores de corridas,
continuarão sendo problema da
Cart, ou do gestor da massa falida. Como explicou um dos novos
donos, é como se tivessem comprado a série e desprezado o resto.
Entenda por série um punhado
de times, um número não confirmado de 18 carros, os acordos de
fornecimento com Cosworth e
Bridgestone e um calendário
cheio de buracos. Parece pouco,
mas é o que a OWRS ou Open
Wheel Racing Series promete
transformar em pouco tempo no
principal campeonato de monopostos da América. Plano megalômano, mas que começa com algumas idéias interessantes.
A principal, transformar o fim-de-semana de corrida em um verdadeiro "racing day". Além da futura Indy, Trans-Am, também
comprada pelo grupo, Atlantic e a
novíssima a F-BMW local. Ou seja, um cardápio completo: monoposto, GT e molecada.
Objetivo claro, atender a todos
os gostos, fazer valer o ingresso,
mas principalmente aproximar
novas marcas para a categoria, o
que deve acontecer, se acontecer,
só em 2005 -os novos donos sabem que a coisa degringolou no
momento que Toyota e Honda se
bandearam para a rival IRL.
Outra mudança curiosa: apenas 16 corridas, abertura em Long
Beach, uma corrida nas ruas de
Las Vegas (bancada por cassino)
e apenas um grande evento em
oval, Milwaukee (Fontana e Miami já estão fora). Mais, três corridas no Canadá, duas no México,
uma na Austrália e outra na Coréia, quase metade do calendário
-por dinheiro, por interesse de
patrocinadores e por público.
Aqui também um conceito diferente para o negócio. Ovais são
historicamente terreno da Nascar, monopostos devem correr em
circuito de ruas e de estrada, para
atender outro tipo de torcedor e
ao mercado internacional, adestrado pela F-1. Ou seja, se afastar
da receita da IRL, que seria deficitária se não existissem as 500.
Completam o plano um modesto acordo com uma TV a cabo e
corridas em horário de corrida.
É cedo para dizer que vai dar
certo, e tarde para dizer que não.
No papel
A GPWC e a Slec (75% bancos, 25% Bernie Ecclestone) formalizaram
o acordo anunciado há alguns dias. As montadoras, além de garantir
uma fatia bem maior no bolo da F-1, terão assento no conselho da
holding, os bancos continuarão acionistas majoritários, e Ecclestone
continuará no comando da operação. Acabou a novela? Uma quarta
parte ainda precisa anuir, a FIA, que ainda não sabe o que vai levar.
No discurso
No início da semana, Montezemolo criticou o sistema de pontuação.
No final da semana, Ross Brawn criticou Patrick Head pelas insinuações de que a FIA favorece o time mais popular da categoria. Quando
a Ferrari começa a usar os microfones de forma sistemática, é porque
algo incomoda, geralmente alguém fora do alvo. Quem? A McLaren.
E-mail mariante@uol.com.br
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