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FUTEBOL
Fecho de ouro
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Nada melhor que fechar o
ano com um título mundial.
A conquista da seleção sub-20
vem selar um momento de plena
supremacia do futebol brasileiro
no mundo e, ao mesmo tempo,
batizar toda uma geração de novos talentos.
Dudu Cearense, Daniel Carvalho, Nilmar, Daniel, Adriano e
vários outros mostraram nos
Emirados Árabes que o Brasil estará bem servido por muitos anos
ainda. Sem falar daquele que talvez seja o melhor de todos, Dagoberto, que, contundido, acabou
jogando pouco no Mundial.
Desculpem a euforia, que não
condiz com o tom prudente e até
ranzinza que costumo adotar
diante da seleção principal, mas é
que, se pararmos para pensar, veremos que o que caracterizou o
ano que está terminando foi uma
intensa injeção de sangue novo
no futebol brasileiro.
Jogadores jovens surgidos nos
dois anos anteriores, como Kaká,
Diego, Robinho, Daniel Carvalho,
Dudu Cearense, Alex (Santos),
Carlos Alberto (Flu), Edu Dracena e Dagoberto, chegaram em
2003 ao que poderíamos chamar
de maturidade futebolística.
Ao mesmo tempo, surgiram outros: Nilmar, Kléber (do São Paulo), Vágner Love e um punhado
de novos Diegos.
Todos os citados até agora têm
idade para jogar na seleção olímpica. Aliás, depois da Copa do
Mundo 2002 e dos Mundiais vencidos este ano (sub-17 e sub-20),
só falta conquistarmos em Atenas
o ouro olímpico, único título que
ainda não saboreamos.
Claro que nem tudo é assim tão
róseo. O leitor perspicaz deve ter
notado que, entre os muitos jogadores que mencionei, só dois são
zagueiros de área. Nesse setor
também houve alguma renovação, mas a defesa continua sendo
nosso calcanhar-de-aquiles.
Na própria seleção sub-20 que
acaba de se sagrar campeã, os
únicos jogadores que não me inspiram confiança são os zagueiros.
Mesmo na partida de ontem,
em que o Brasil jogou quase o
tempo todo com um a mais (devido à expulsão de um espanhol aos
3min do primeiro tempo), a defesa mostrou sua fragilidade em
dois ou três lances que deixaram
a Espanha muito perto do gol.
Tirando isso, e uma certa afoiteza dos atacantes brasileiros (o
que prolongou nossa angústia até
os minutos finais de uma partida
que parecia fácil), a seleção de
Marcos Paquetá foi esplêndida.
O time começou mal na primeira fase, mas se acertou e cresceu
ao longo do torneio. Amadureceu
alguns anos em duas semanas.
Eu não conhecia o trabalho de
Paquetá, mas um treinador que
consegue o feito inédito de vencer
dois títulos mundiais (sub-17 e
sub-20) num único ano merece
aplausos.
Merece admiração também a
seleção espanhola, que, mesmo
com um a menos, ofereceu uma
resistência tremenda.
George W. Bush chama de "our
boys" os soldados americanos que
saem pelo mundo bombardeando
países. Já os nossos rapazes, em
vez de jogar bombas, fazem gols,
conquistam troféus e voltam felizes da vida.
Filme manjado
Posso até queimar minha língua, mas a política de novas
contratações do Corinthians
me parece destinada ao fracasso, a menos que haja uma mudança de rota. Trazer jogadores
em decadência, parados ou encostados em seus clubes foi a
receita que equipes como o
Vasco e o Fluminense adotaram em 2003, com os resultados que se conhecem.
Salve Zidane
Nada a objetar contra a escolha
de Zinedine Zidane como o
melhor jogador do mundo. É,
para mim, o mais completo e
elegante futebolista em atividade. Mas, cá entre nós, o segundo colocado, Thierry Henry,
precisa comer muito arroz e feijão para chegar à estatura do
"gordito pero cumplidor" Ronaldo.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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