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FUTEBOL
Em manobra jurídica, técnico seria licenciado para se livrar de multa
Corinthians e Luxemburgo pretendem "driblar' banco
MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local
O Corinthians e o técnico Wanderley Luxemburgo estão encontrando uma forma de "driblar" o
banco espanhol Bilbao Vizcaya na
multa de R$ 1 milhão pela rescisão
do contrato do treinador.
Luxemburgo tinha contrato com
o clube e o banco Excel, que foi adquirido pelo Bilbao, até dezembro
deste ano, mas teve que sair antes
para se dedicar exclusivamente à
seleção brasileira, atendendo a
uma exigência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O Corinthians abriu mão de sua
parte na multa, mas o banco quer
recebê-la de qualquer forma.
A estratégia jurídica, revelada
pelo presidente corintiano, Alberto Dualib, na festa de lançamento
da Batavo como nova patrocinadora de camisa do time, ontem à
noite, é fazer com que o técnico
não se desligue do clube.
O vínculo seria mantido para que
não seja necessário rescindir o
contrato de Luxemburgo.
"Eu conversei com o Wanderley
hoje (ontem), e decidimos que vamos licenciá-lo do clube por um
ano. Assim, ele continuaria ligado
ao Corinthians, podendo ajudar a
comissão técnica (que é a mesma
da seleção) na continuidade do
projeto que o próprio técnico elaborou para este ano", disse Dualib.
Mais tarde, Dualib disse que já
havia sido assinado um acordo
com Luxemburgo quando ele assumiu o Corinthians, em dezembro de 97, garantindo que o treinador seria automaticamente licenciado caso um dia viesse a ser chamado pela CBF para dirigir a seleção brasileira.
"Temos esse contrato assinado
dizendo que a parceria acabaria
caso ele fosse para a seleção. Ele vai
ficar licenciado enquanto estiver a
serviço da CBF", afirmou o presidente, negando que o objetivo seja
encontrar um artifício jurídico para "driblar" a multa.
A escolha de Oswaldo de Oliveira
como substituto de Luxemburgo
no Corinthians, segundo Dualib,
foi tomada pensando nesse vínculo que o ex-treinador manteria
com o clube.
Ele afirmou que esse contrato
prevendo o licenciamento não foi
revelado antes, quando o banco
afirmou que não perdoaria a multa
e Luxemburgo ameaçou até deixar
a seleção brasileira, porque estava
na França, participando de uma
feira de futebol.
O gerente de esportes do Bilbao
Vizcaya, Ivan Coimbra, que representou o banco espanhol na festa
de lançamento do novo uniforme
corintiano, disse não acreditar no
sucesso da estratégia que está sendo adotada.
"Não é uma saída jurídica que tenha validade. Acredito que será
feito um acordo", afirmou ele.
A Folha apurou, no entanto, que
o banco deve se reunir o mais rápido possível com o advogado Marcos Malucelli, que defende Luxemburgo, para evitar que o caso vá para a Justiça e o banco acabe sem receber nada. A solução seria uma
redução da dívida com o parcelamento de seu pagamento.
O impasse entre o Bilbao e Luxemburgo por causa da multa estaria também atrasando a divulgação do calendário da seleção brasileira para este ano.
A CBF, que exigiu dedicação exclusiva do treinador à seleção, estaria adiando para a próxima semana o anúncio do calendário por
causa da pendência.
Por esse motivo, Luxemburgo
também teria deixado de viajar para acompanhar de perto a seleção
brasileira no Sul-Americano Sub-20, que está sendo disputado em
Mar Del Plata, na Argentina, visando formar a base para o Pré-Olímpico no próximo ano.
O gerente de esportes não quis
comentar esse assunto, mas um
outro assessor do banco disse duvidar que o calendário da seleção
esteja atrasando por causa do impasse da multa. Segundo ele, é ingenuidade acreditar nisso.
Para o assessor do Bilbao, essa
seria outra estratégia de Luxemburgo para pressionar o banco a livrá-lo da multa rescisória.
O assessor confirmou que o banco está perto de um acerto para
que Luxemburgo possa se dedicar
apenas à seleção sem que a imagem do banco saia arranhada.
O Bilbao não cogita perdoar totalmente a multa para preservar a
imagem da instituição financeira
perante seus clientes, uma vez que
o valor equivale a 10% das dívidas
do banco.
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