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MATINAS SUZUKI JR.
O Samba inglês
A volta de um boxeador é
sempre difícil. Muito tempo
sem um adversário real paralisa os reflexos, adormece a habilidade, diminui o fôlego, relaxa
a técnica.
Foi assim com Muhammad
Ali depois da prisão, foi assim
na segunda volta de Mike
Tyson.
Mas, mesmo levando-se em
consideração que Tyson está
procurando voltar à sua melhor forma, a luta da madrugada do último domingo mostrou
que, à medida em que o tempo
avança, ele vai perdendo as
suas principais armas que são
a potência e a velocidade nos
socos.
Ele dificilmente entrará para
o círculo dos grandes lutadores
técnicos, que possuíam um repertório de virtudes maiores do
que as que Tyson dispõe daqui
para a frente na fase final da
sua carreira.
Dizem que jamais teremos
uma idéia do verdadeiro Ali,
pois ele passou os momentos de
apogeu físico na cadeia. Pode-
se até dizer o mesmo de Mike
Tyson.
Mas Tyson será sempre um
lutador de uma época de muita
violência e pouca classe.
Jamais um artista do estilo,
como Ali, como Liston, como os
dois Sugars...
A seleçãozinha da teenbalada pode até conseguir uma
boa colocação no Sul-Americano lá na Argentina, mas, desde
a primeira partida deste torneio, a qualidade do seu futebol nunca chegou a me iludir.
Que dirá me convencer.
Quem andou me encantando
foram os miguelitos da seleção
portenha. Mas, como nesta faixa de idade o equilíbrio emocional é muito importante, os
brasileiros têm uma chance de
bater os argentinos. A ver.
A Itália tem o melhor campeonato de futebol dos últimos
anos. No vácuo da queda de
produção da Juventus, a disputa pela liderança entre Fiorentina, Lazio e Parma -as forças
emergentes, com três boas
equipes- representa uma saudável alternância para o calcio.
Pelo pouco que farejei daqui,
a Primeira Liga inglesa também está tendo uma ótima
temporada, até agora.
No caso da Inglaterra, registra-se um fenômeno curioso.
Ao contrário da Itália ou da
Espanha, países onde está difícil achar grandes jogadores nativos, a maior importação de
jogadores ajudou a formar
uma nova geração de futebolistas ingleses que vão dar muito
o que falar nos próximos anos.
É o caso do teen Owen, é o caso do becão Sol Campbell.
Por falar em jovens e na Inglaterra, o grande jornal "The
Sunday Times" (tem um dos
melhores suplementos de esporte do mundo) aposta no futuro de um garoto de 13 anos,
joga no Millwall e já fez 122
gols em 32 jogos.
Seu nome: Cherno Samba.
Deve haver alguma punição,
além da expulsão de campo,
para jogadores que recebem
cartão vermelho?
A polêmica está no ar, e parece haver uma tendência de considerar que a obrigação de deixar a partida é pena suficiente.
Mas lá da Inglaterra vem
uma sugestão interessante: trocar a suspensão por trabalhos
comunitários.
Pode não ser a solução ideal
para o futebol, mas ela ajudaria muito a desenvolver nos jogadores a necessária consciência de cidadania.
²
Matinas Suzuki Jr. escreve às quintas e é
diretor editorial-adjunto da Abril S/A.
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