São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2002

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AUTOMOBILISMO

Grupo alemão precisa pagar suas dívidas

Kirch oferece ações, e montadoras agora ficam perto de controlar F-1

DA REDAÇÃO

As montadoras de automóveis nunca estiveram tão perto de controlar a F-1. Ontem, o grupo alemão KirchMedia, que detém 58% da holding que comanda a categoria, ofereceu suas ações para a GPWC, empresa que reúne as fábricas envolvidas com o esporte.
Junto com o lote, provavelmente iriam outros 17% que pertencem à EM.TV, associada da Kirch.
A venda da participação na F-1 foi a saída encontrada por Leo Kirch, presidente do conglomerado de mídia, para saldar dívidas estimadas em US$ 4,5 bilhões.
Um terço dessa dívida, resultante de empréstimos tomados junto a bancos, vence em quatro meses.
Outra fatia de US$ 1,5 bilhão vence em outubro e tem um único credor: a News Corp, do australiano Rupert Murdoch.
Kirch já ofereceu as ações da SLEC (a holding criada por Bernie Ecclestone e que comanda comercialmente a F-1) para Murdoch, que logo recusou o acordo.
Diante da negativa de Murdoch em receber o controle da SLEC, a atitude seguinte de Kirch foi tentar revender os papéis para Ecclestone por US$ 700 milhões.
O preço pode ser considerado uma "ninharia", pois o inglês faturou US$ 1,4 bilhão ao vendê-las.
Ecclestone também não aceitou a proposta, talvez esperando uma redução ainda maior no preço.
Agora, Kirch recorre à sua terceira opção. Possivelmente, a última com cacife para assumir o negócio: as montadoras de automóveis, que há anos manifestam desejo de controlar a F-1.
Em abril de 2001, essas fábricas fundaram uma empresa para gerir seus negócios na categoria, a GPWC. As associadas têm poder sobre 8 das 11 equipes do grid.
As montadoras negam as negociações, embora a Kirch já tenha deixado a notícia vazar. "Não estamos conversando com a Kirch ou Ecclestone sobre a compra das ações", disse Juergen Hubbert, presidente da Mercedes-Benz.
A principal motivação das montadoras é garantir que os GPs serão exibidos em TV aberta. Desde que Ecclestone começou a se desfazer da holding, as fábricas vivem sob ameaça de verem suas marcas "escondidas" na TV paga.
Para a GPWC, portanto, a crise da Kirch veio em boa hora, pois dificilmente elas conseguiriam um preço tão baixo pelo negócio.


Com agências internacionais



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