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São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003

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BOXE

Coadjuvantes

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Esta coluna é sobre Tyson.
Como deve ser sempre que "Iron" Mike sobe aos ringues.
Afinal, não deixou de ser uma das maiores atrações do boxe.
Mas nesta luta em particular alguns dos personagens coadjuvantes têm histórias quase tão saborosas quanto a do protagonista.
É o caso do técnico de Tyson, Freddie Roach, tido como sucessor de Eddie Futch, já morto e conhecido por ter treinado os campeões dos pesos-pesados "Smokin" Joe Frazier, Larry "Easton Assassin" Holmes, Riddick "Big Daddy" Bowe, Michael "Spinks" Jinx" Spinks e Trevor Berbick.
Nada mais justo, pois foi do próprio Futch que Roach recebeu as lições de como ser técnico. Afinal, Futch guiou a carreira de Roach. E também a encerrou e o adotou como assistente.
Não era mesmo destino de Roach, cuja família produziu vários lutadores, ser campeão.
Apesar disso, seu estilo brigador fez com que seu combate com Tommy Cordova fosse eleito em 1984 a luta do ano na ESPN.
Com o decorrer dos anos, o cartel do supergalo Roach, de 27 vitórias e 1 derrota, foi depreciado para 41 vitórias e 13 derrotas.
Hoje, apesar de ser ainda bastante jovem, Roach sofre do mal de Parkinson (a mesma doença que aflige Muhammad Ali) e reconhece que talvez tivesse sido melhor ter pendurado as luvas antes, como Futch o aconselhou.
Ainda assim, o técnico segue otimista. Segundo ele, ainda está na vantagem, pois muitos de seus amigos de infância estão presos. Ou mortos. E, por meio de dieta balanceada e exercícios físicos, mantém a enfermidade sob controle. Chegou a brincar: "Posso boxear o dia todo, o que não consigo fazer é caminhar direito".
Ah, parece que Roach aprendeu bem as lições de Futch.
Na lista dos campeões com quem trabalhou, além de Tyson, estão James "Lights Out" Toney, Michael Moorer, Marlon Starling, Johnny "Mi Vida Loca" Tapia, Manny Pacquaio, Willie Jorrin, Johnny Bredahl e Lucia Rijker.
Sobre a luta de amanhã, Roach foi enfático. "Nessa luta não é a vitória que importa, mas como Tyson vencerá. Não queremos chegar ao décimo assalto. Tyson quer enviar uma mensagem por meio dessa luta", analisou o treinador, durante teleconferência.
Mesmo com suas condições físicas atuais (a luta quase chegou a ser cancelada porque "Iron" Mike estava gripado), a estratégia da equipe de Tyson segue igual.
"Na semana passada, ele estava preparado para dez assaltos. Esta semana [após o adiamento e retorno da luta] não sei. Vamos para cima dele logo. Não acho que Etienne possa assimilar os golpes de Mike", declarou Roach esta semana sobre o combate que o canal Premiere transmite em pay-per-view às 23h de amanhã.
Do outro lado do ringue, "The Black Rhino" também tem uma história bastante interessante.
A começar pelo apelido que ganhou quando cumpria pena na prisão, onde tomou as primeiras lições de pugilismo. Sem ter certeza da existência de rinocerontes negros, Etienne consultou livros para ver se tal animal existia.
Desafiando os pessimistas, chegou a ser um dos mais populares pesados da atualidade, até perder luta após sofrer sete quedas em oito assaltos para Fres Oquendo.
E, assim como Tyson, Etienne tem como técnico um ex-lutador, James "Buddy" McGirt, mas isso fica para uma próxima coluna.

Brasil 1
Tony Soprano? Não. Mas o ex-pugilista Paulo Weinstatt, campeão da Forja de Campeões-87, poderia muito bem passar pelo personagem da série de TV interpretado por James Gandolfini. A diferença é que Weinstatt tem mais cabelo. Mas não muito mais. O encontrei na última terça, enquanto ele prestigiava a edição deste ano do tradicional torneio. Quem acompanhou boxe amador na década de 80 lembra de suas lutas, que ainda aconteciam no saudoso CMTC Clube e cujos teipes passavam na TV Gazeta. Weinstatt era contemporâneo dos fantásticos Hamilton Rodrigues, Peter Venâncio, Vanderlei de Oliveira, Rogério Brito etc. Uma outra época.

Brasil 2
O campeão brasileiro dos meio-pesados, Mário Gonçalves Soares, ameaçou este colunista. Devido à diferença de peso -correspondo à categoria dos penas-, seria uma luta desigual. Por que não pegar desafiante ranqueado, o que não ocorre desde 98?

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