Em ano eleitoral, grandes cariocas ganham amparo do dinheiro público para melhorar sua situação financeira e fazer propaganda do Pan-07

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em ano de eleições municipais, a Prefeitura do Rio fechou um pacote de ajuda aos clubes grandes que chegará a R$ 8 milhões.
O dinheiro público será dividido entre Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco.
O prefeito Cesar Maia avalia que o futebol do Rio, que vive grave crise financeira, é uma das principais vitrines da cidade para a candidatura a sede dos Jogos-2012.
Questionado pela Folha sobre o valor do incentivo, Maia respondeu, via e-mail, que traçou um limite de R$ 8 milhões.
Os times do Estadual que mais atrai público no país serão agraciados com a verba que antes era destinada à promoção do GP Brasil de MotoGP. Para justificar os acordos, a prefeitura transformará o apoio em propaganda do Pan-07, a ser realizado na cidade.
O dinheiro ainda não foi depositado nas contas dos clubes porque, para isso, é necessária a assinatura de um convênio.
O Flamengo, por exemplo, receberá R$ 2,5 milhões para a construção de um Centro de Treinamento em Vargem Grande, no chamado Ninho do Urubu.
"Ele vai facilitar a vida de todos. Em vez de dar dinheiro para a moto, vai investir no futebol. Promover os clubes é importante porque a prefeitura quer transformar o Rio na capital do esporte do país", afirmou Marcio Braga, presidente do Flamengo.
O Vasco anunciou acordo para estampar nas mangas de sua camisa propaganda da cidade.
No segundo turno do Estadual do Rio, o Vasco já deve estrear seu novo uniforme, "estatizado".
"Toda vez que o Cesar pode, nos ajuda. Ele sabe das dificuldades por que passamos. Todas as esferas governamentais deveriam fazer isso. No primeiro mandato dele, foi criado torneio municipal que nos deu alguma receita. Ele vai ajudar a todos. O apoio estatal é correto. Os clubes têm função social", disse o presidente do Vasco, Eurico Miranda.
O fato de São Januário ser um dos palcos do Pan-2007 ajudou no acordo com a prefeitura. O estádio figura como possível sede da candidatura olímpica de 2012.
Estádio, aliás, é o que deve unir também outros dois grandes clubes do Rio à prefeitura. Botafogo e Fluminense esperam ajuda governamental para erguerem estádios com boa capacidade de público.
O Botafogo costuma mandar jogos no estádio Caio Martins, que fica em Niterói. O clube presidido por Bebeto de Freitas, porém, já negocia com a Prefeitura do Rio a cessão de um terreno para a construção de um estádio de grande porte, que seria levantado no centro do Rio (Leopoldina).
O Fluminense, que já conta com um centro de treinamento em Xerém, tem planos de erguer um estádio com capacidade para pelo menos 35 mil pessoas. O presidente David Fischel espera tocar o projeto até o fim de sua gestão.
"Os clubes ajudam a divulgar a cidade", diz Fischel, que tem entendimentos para erguer o estádio no bairro da Saúde, na zona portuária. Há também a possibilidade de o time usar o crédito disponibilizado pela prefeitura para pagar parte da dívida de IPTU.
No começo do ano, o prefeito divulgou plano para levar Rivaldo ao Botafogo, time de seu coração. Nas negociações, foi discutida também a possibilidade de o clube dirigido por Levir Culpi usar a marca do Pan-2007 na camisa.
O filho de Cesar Maia, o deputado federal Rodrigo Maia (PFL-RJ), já tem projeto antigo para socorrer os grandes clubes do Rio.
Receita gerada a partir de taxas públicas seria injetada nos clubes. Segundo o congressista, os times dão retorno à cidade gerando empregos e incentivando o turismo.
Não é só a capital que ajuda o Estadual do Rio. A Prefeitura de Cabo Frio, por exemplo, investiu R$ 2 milhões para reformar o estádio da Cabofriense e contratar jogadores experientes.


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