São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Antônio Carlos encarna parceria verde no clássico

Ex-zagueiro, que estreia hoje como técnico palmeirense, acirrou rivalidade entre os times por causa da Parmalat

Treinador novato revê no Parque Antarctica aliados da época da antiga parceira e mostra filosofia contrária à do comando são-paulino


RENAN CACIOLI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A rivalidade entre Palmeiras e São Paulo teve alguns momentos intensos ao longo da história, e Antônio Carlos simboliza como poucos uma das épocas de maior atrito entre os rivais. Hoje, às 17h, ele inicia sua trajetória como treinador palmeirense justamente contra o time que o formou na bola.
Antônio Carlos foi revelado pelo São Paulo, ganhou títulos no começo da era Telê Santana no Morumbi, mas foi seduzido pela Parmalat, multinacional que fez parceria milionária e vitoriosa com o Palmeiras nos anos 90. Sua passagem breve pelo modesto Albacete, seguido do acerto com o Palmeiras em 1993, deflagrou guerra de mercado entre os clubes.
Quando Cafu fez trajetória semelhante tempos depois, o São Paulo já tinha se precavido quanto a uma possível ponte para o Palmeiras, tanto que o clube colocou cláusula em contrato querendo multa se o jogador defendesse depois o rival.
Antônio Carlos, além do Palmeiras, defendeu os outros dois grandes rivais do São Paulo (Corinthians e Santos) e se mostrou sempre alinhado com parcerias (hoje a aliada palmeirense é a Traffic) e com Vanderlei Luxemburgo, técnico que nunca teve aceitação no Morumbi, pelo contrário.
Na volta ao Palmeiras, o ex-zagueiro reencontra dirigentes com quem teve grande afinidade na chamada "era Parmalat".
Gilberto Cipullo, vice de futebol, e Seraphim del Grande, recém-integrado ao departamento de futebol, tiveram posições de destaque na diretoria alviverde quando Antônio Carlos deixou de lado a origem tricolor para triunfar no rival.
"A intenção é fazer o melhor possível no Palmeiras porque eu tenho um passado muito bonito no clube e não vou querer deixar que nada manche a minha história aqui", falou Antônio Carlos ao assumir o Palmeiras anteontem -ele fez questão de estrear contra o ex-clube mesmo com pouco tempo para treino, o que lhe rendeu elogio.
O ex-zagueiro chegou ao Palmeiras, porém, elogiando Telê Santana, técnico cantado em prosa e verso por são-paulinos.
"Tenho o Telê Santana como um pai. Ele tinha paciência para ensinar os jogadores e fazia com que os mais novos chegassem antes aos treinos para aprender. Depois, tive Vanderlei Luxemburgo, Fabio Capello, grandes profissionais. Mas, se tiver que me espelhar em alguém, é mais no Telê, que montava times de toque de bola bonito e com velocidade", falou.
Após seus quase cinco anos de glórias no São Paulo, Telê chegou a acertar com o Palmeiras da Parmalat, mas, por questões de saúde, não teve como trabalhar. Já Muricy Ramalho, pupilo de Telê no São Paulo, assumiu o Palmeiras mesmo após brilhar no time do Morumbi.
"Sempre me entreguei ao máximo ao clube pelo qual trabalho e, claro, meu passado aqui [no Palmeiras] ajuda bastante", disse Antônio Carlos, cujo trabalho recente no Corinthians como dirigente ganhou elogios de Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente palmeirense.
O passado são-paulino dele, porém, está distante, borrado.


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