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Antônio Carlos encarna parceria verde no clássico
Ex-zagueiro, que estreia hoje como técnico palmeirense, acirrou rivalidade entre os times por causa da Parmalat
Treinador novato revê no Parque Antarctica aliados da época da antiga parceira e mostra filosofia contrária à do comando são-paulino
RENAN CACIOLI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A rivalidade entre Palmeiras
e São Paulo teve alguns momentos intensos ao longo da
história, e Antônio Carlos simboliza como poucos uma das
épocas de maior atrito entre os
rivais. Hoje, às 17h, ele inicia
sua trajetória como treinador
palmeirense justamente contra
o time que o formou na bola.
Antônio Carlos foi revelado
pelo São Paulo, ganhou títulos
no começo da era Telê Santana
no Morumbi, mas foi seduzido
pela Parmalat, multinacional
que fez parceria milionária e vitoriosa com o Palmeiras nos
anos 90. Sua passagem breve
pelo modesto Albacete, seguido
do acerto com o Palmeiras em
1993, deflagrou guerra de mercado entre os clubes.
Quando Cafu fez trajetória
semelhante tempos depois, o
São Paulo já tinha se precavido
quanto a uma possível ponte
para o Palmeiras, tanto que o
clube colocou cláusula em contrato querendo multa se o jogador defendesse depois o rival.
Antônio Carlos, além do Palmeiras, defendeu os outros dois
grandes rivais do São Paulo
(Corinthians e Santos) e se
mostrou sempre alinhado com
parcerias (hoje a aliada palmeirense é a Traffic) e com Vanderlei Luxemburgo, técnico
que nunca teve aceitação no
Morumbi, pelo contrário.
Na volta ao Palmeiras, o ex-zagueiro reencontra dirigentes
com quem teve grande afinidade na chamada "era Parmalat".
Gilberto Cipullo, vice de futebol, e Seraphim del Grande,
recém-integrado ao departamento de futebol, tiveram posições de destaque na diretoria
alviverde quando Antônio Carlos deixou de lado a origem tricolor para triunfar no rival.
"A intenção é fazer o melhor
possível no Palmeiras porque
eu tenho um passado muito bonito no clube e não vou querer
deixar que nada manche a minha história aqui", falou Antônio Carlos ao assumir o Palmeiras anteontem -ele fez questão
de estrear contra o ex-clube
mesmo com pouco tempo para
treino, o que lhe rendeu elogio.
O ex-zagueiro chegou ao Palmeiras, porém, elogiando Telê
Santana, técnico cantado em
prosa e verso por são-paulinos.
"Tenho o Telê Santana como
um pai. Ele tinha paciência para ensinar os jogadores e fazia
com que os mais novos chegassem antes aos treinos para
aprender. Depois, tive Vanderlei Luxemburgo, Fabio Capello,
grandes profissionais. Mas, se
tiver que me espelhar em alguém, é mais no Telê, que montava times de toque de bola bonito e com velocidade", falou.
Após seus quase cinco anos
de glórias no São Paulo, Telê
chegou a acertar com o Palmeiras da Parmalat, mas, por questões de saúde, não teve como
trabalhar. Já Muricy Ramalho,
pupilo de Telê no São Paulo, assumiu o Palmeiras mesmo após
brilhar no time do Morumbi.
"Sempre me entreguei ao
máximo ao clube pelo qual trabalho e, claro, meu passado
aqui [no Palmeiras] ajuda bastante", disse Antônio Carlos,
cujo trabalho recente no Corinthians como dirigente ganhou
elogios de Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente palmeirense.
O passado são-paulino dele,
porém, está distante, borrado.
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