|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Jogadores incomuns
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Felipe , Dodô, Edílson, Alex,
Marcelinho e Ricardinho
(Corinthians) estiveram na seleção brasileira, foram endeusados e chamados de craques.
Depois, experimentaram o ostracismo e as críticas. Voltaram
a jogar bem.
Assim como Edílson, Alex foi
chamado para a seleção no lugar do Robert. Se os outros continuarem a jogar bem, poderão
ter nova chance.
A mesma situação aconteceu
com o Juninho. Ele foi considerado o melhor jogador brasileiro, transferiu-se para o exterior,
piorou, foi esquecido e agora
brilha no Vasco e na seleção.
Alex está recuperando seu belo futebol. Dizem que às vezes
ele dorme em campo. Não é por
sonolência.
O jogador tem pouca mobilidade. Atua numa faixa restrita
do campo. Por isso, algumas vezes é facilmente anulado. Alex
precisa movimentar-se mais,
deslocar-se para as laterais e
procurar outros caminhos.
Dodô também voltou a jogar
bem. Ele me intriga. O jogador
lamentou que não é lembrado
para a seleção.
Dodô não somente faz gols;
faz bonitos gols. Dizem que é
mascarado. O sorriso dele passou a simbolizar a brincadeira
em campo. É isso! Dodô diverte-se nos gramados. Por isso, faz
belos gols.
Sempre que o jogador do Santos atua mal, ou perde um pênalti, falam que foi displicente.
Quando Romário comete o mesmo erro dizem que os gênios
também falham.
Felipe, do Palmeiras, é outro
que está brilhando. O esquema
com três zagueiros favorece o jogador.
Na posição de ala, Felipe pode
ser um armador e um ponta-esquerda. Se jogasse em outras
épocas, seria um espetacular
ponta-esquerda, driblador, como o Canhoteiro e Joãozinho,
ex-Cruzeiro.
Espero que o desprezo e as críticas que o Felipe recebeu (por
própria culpa) tenham despertado o jogador para a realidade.
Em vez de um menino mimado
e deslumbrado, precisa transformar-se num profissional.
Marcelinho é mais um. Ninguém duvida das qualidades
técnicas do jogador, principalmente quando atua pela meia e
ponta direita.
Nessa posição, indo e voltando, faz as suas melhores jogadas, já que tem velocidade. Não
se cansa de colocar a bola na cabeça do Luizão, para que ele faça o gol.
Marcelinho corre por todo o
campo. Nas estatísticas, é o que
mais dribla, finaliza, passa e é
desarmado. Participa de tudo,
faz muito barulho, mas é muito
dispersivo. Rende menos do que
pode.
Edílson também teve grandes
momentos no Palmeiras e Corinthians, foi convocado várias
vezes para a seleção, transferiu-se para o Flamengo e caiu de
produção.
Recuperou-se e está jogando
muito bem. Retornou à seleção.
É um jogador rápido e habilidoso, mas nunca finalizou bem.
Confundia-se próximo ao gol.
Parece que está aprendendo.
Ricardinho foi esquecido, mas
mostrou sua categoria mesmo
nos piores momentos do Corinthians.
Há alguns anos, os jogadores
de meio-campo do futebol brasileiro foram divididos em armadores defensivos (volantes) e
ofensivos.
Os volantes têm a função de
desarmar, proteger os zagueiros
e parar as jogadas de qualquer
maneira.
Os técnicos ficaram tão fascinados por eles que colocaram
dois, três e até quatro em campo. Outros treinadores deslocaram zagueiros para a posição de
volante. Uma tragédia!
Os armadores ofensivos deixaram de ser armadores para serem apenas ofensivos. Jogam no
campo do adversário. São meia-atacantes. Não organizam as jogadas no meio-campo nem defendem.
Por causa dessa divisão de tarefas, desapareceram os armadores típicos, que faziam várias
funções. Marcavam, atuavam
com a cabeça em pé, davam ritmo à equipe, precisos passes longitudinais, pensavam o jogo e
ainda faziam gols.
Gérson foi o mais completo
dos armadores. Posicionava-se
muito bem. Não deixava espaços entre si e os zagueiros.
Orientava os defensores.
Era um técnico em campo.
Quando recuperava a posse de
bola, organizava o time. Sabia o
momento de segurar a bola, de
dar longos passos de 40 metros e
de trocar passes em direção ao
gol. Um gênio!
Ricardinho, do Corinthians,
não é um Gérson. Mas é, hoje,
um desses raros jogadores de
meio-campo.
Não é especificamente defensivo nem ofensivo. É armador.
Com essas características, no
Brasil, além dele talvez somente
o Juninho Pernambucano.
Juninho, Alex, Rivaldo, Djalminha, Marcelinho, Robert e
outros são armadores ofensivos.
Ricardinho (Cruzeiro), Vampeta, Émerson e mais alguns são
volantes que às vezes atacam.
Nenhum deles é um típico jogador de meio-campo, organizador das jogadas.
É preciso que os técnicos das
categorias de base, incentivados
e orientados pelos das equipes
principais, se preocupem em revelar típicos armadores. Essa,
hoje, é a grande deficiência do
futebol brasileiro.
Os ""professores" precisam mudar seus conceitos.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: Meninas de família Próximo Texto: Futsal: Endinheirado, RS contrata estrelas para voltar ao topo Índice
|