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TÊNIS
Meninas de família
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Quando Virginia Ruzici
venceu o Aberto da França, em 1978, e mostrou o cheque
recebido, os olhos do norte-americano Richard Williams, na
Califórnia, brilharam.
Pai de três garotas e com um
orçamento magro, que não lhe
permitia sonhar muito além da
vida dura que tinha, Williams
decidiu que, tivesse mais filhos
com Oracene, seriam tenistas.
Mais de duas temporadas se
passaram até que nasceu Venus
Ebone Starr Williams, irmã
mais nova de Yetunde, Isha e
Lyndrea. Depois de 15 meses,
veio ao mundo Serena Williams, a quinta filha e a mais
nova do casal.
O obstinado Richard não esqueceu do plano. Quando Venus tinha 4 anos, juntou dinheiro e comprou algumas raquetes
e muitas bolinhas de tênis.
Obstinadamente, dirigia seu
velho carro até uma quadra pública onde pudesse ensinar Venus. Bem, naquela vizinhança
modesta nos EUA não havia
muitas quadras de tênis. E a que
Richard encontrou para usar
era deprimente até para ele,
acostumado a certa falta de
conforto na vida. "Um lixo", diria anos depois aos jornalistas.
No ano seguinte, em 1985,
também com 4 anos, Serena se
juntou ao pai e à irmã.
A preparação quase que militar (seis horas por dia, seis dias
por semana, em um período de
quatro anos) só rendeu sucesso.
Richard criou não somente
duas tenistas habilidosas tecnicamente, fantásticas em quadra, mas com personalidade
fortíssima, máquinas também
fora dela.
"Estava cansada de perder de
gente que não joga tão bem
quanto eu jogo", afirmou, desrespeitosamente, Serena, sobre
Steffi Graf, ao finalmente conseguir vencê-la.
"Nunca perdi antes, então
não sei como é", afirmou Venus,
ainda com 14 anos, ao perder de
virada para Arantxa Sánchez,
então uma das melhores tenistas do mundo.
"Posso não ser a número um,
mas vou à escola e não sou burra", foi a frase de Serena sobre a diferença com Martina Hingis.
"Claro que não! Eu ganho!",
era a resposta convincente e raivosa de Venus ao ouvir o pai falar que o norte-americano John
McEnroe era melhor.
O próprio Richard Williams já
deixara a modéstia de lado e
aparecera em uma partida entre as filhas com um cartaz no
qual se lia "Bem-vindos ao show
dos Williams".
Esse comportamento fora das
quadras, aliado às vitórias incontestáveis dentro delas, não
fez das irmãs Williams as tenistas mais adoradas do circuito.
Eliminada nas semifinais do
Aberto dos EUA em 1997 por
Venus, a romena Irina Spirlea
ficou alguns minutos chorando
de raiva após o jogo.
Em quadra, dera um esbarrão
em Venus. Depois, segurou-se
muito para não pular no pescoço da adversária e resolver as diferenças no tapa.
Em Sydney-2000, um jornalista inglês não se conteve. Deu um
soco raivoso na mesa, chamando a atenção, quando as irmãs
fecharam a final de duplas e
embolsaram o ouro olímpico.
Agora, fala-se que o velho e satisfeito Richard diz quem vai
ganhar de quem nos jogos entre
as suas filhas mais novas. Será?
Mentira? Então trata-se de
mais uma vingancinha de desafetos. Verdade? Então que apareça alguém para eliminar as irmãs antes que elas se encontrem
na decisão de algum torneio.
Tênis
Andre Agassi e Pete Sampras suaram a camisa durante a semana e chegaram com distinção à decisão em Indian Wells. Ambos
deixaram as mulheres em casa e, com muita seriedade, não se
renderam ao oba-oba em torno da competição.
Mulher
Gustavo Kuerten e Marat Safin, eliminados precocemente em
Indian Wells, mostraram que não têm motivos para se aborrecer. Ambos afirmaram, festivamente, que preferem as mulheres
ao tênis. "Mulheres", foi a resposta seca de Safin. "As mulheres me dão mais prazer que o tênis", foi o que falou Kuerten.
Confusão
Jovens, ricos e famosos, Safin e Kuerten estão felizes à beça com as modelos que circulam em suas órbitas. E não com tenistas, como se acreditou a partir de uma piadinha de um jornalista.
E-mail: reandaku@uol.com.br
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