São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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TÊNIS

Meninas de família

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Quando Virginia Ruzici venceu o Aberto da França, em 1978, e mostrou o cheque recebido, os olhos do norte-americano Richard Williams, na Califórnia, brilharam.
Pai de três garotas e com um orçamento magro, que não lhe permitia sonhar muito além da vida dura que tinha, Williams decidiu que, tivesse mais filhos com Oracene, seriam tenistas.
Mais de duas temporadas se passaram até que nasceu Venus Ebone Starr Williams, irmã mais nova de Yetunde, Isha e Lyndrea. Depois de 15 meses, veio ao mundo Serena Williams, a quinta filha e a mais nova do casal.
O obstinado Richard não esqueceu do plano. Quando Venus tinha 4 anos, juntou dinheiro e comprou algumas raquetes e muitas bolinhas de tênis.
Obstinadamente, dirigia seu velho carro até uma quadra pública onde pudesse ensinar Venus. Bem, naquela vizinhança modesta nos EUA não havia muitas quadras de tênis. E a que Richard encontrou para usar era deprimente até para ele, acostumado a certa falta de conforto na vida. "Um lixo", diria anos depois aos jornalistas.
No ano seguinte, em 1985, também com 4 anos, Serena se juntou ao pai e à irmã.
A preparação quase que militar (seis horas por dia, seis dias por semana, em um período de quatro anos) só rendeu sucesso.
Richard criou não somente duas tenistas habilidosas tecnicamente, fantásticas em quadra, mas com personalidade fortíssima, máquinas também fora dela.
"Estava cansada de perder de gente que não joga tão bem quanto eu jogo", afirmou, desrespeitosamente, Serena, sobre Steffi Graf, ao finalmente conseguir vencê-la.
"Nunca perdi antes, então não sei como é", afirmou Venus, ainda com 14 anos, ao perder de virada para Arantxa Sánchez, então uma das melhores tenistas do mundo.
"Posso não ser a número um, mas vou à escola e não sou burra", foi a frase de Serena sobre a diferença com Martina Hingis.
"Claro que não! Eu ganho!", era a resposta convincente e raivosa de Venus ao ouvir o pai falar que o norte-americano John McEnroe era melhor.
O próprio Richard Williams já deixara a modéstia de lado e aparecera em uma partida entre as filhas com um cartaz no qual se lia "Bem-vindos ao show dos Williams".
Esse comportamento fora das quadras, aliado às vitórias incontestáveis dentro delas, não fez das irmãs Williams as tenistas mais adoradas do circuito.
Eliminada nas semifinais do Aberto dos EUA em 1997 por Venus, a romena Irina Spirlea ficou alguns minutos chorando de raiva após o jogo.
Em quadra, dera um esbarrão em Venus. Depois, segurou-se muito para não pular no pescoço da adversária e resolver as diferenças no tapa.
Em Sydney-2000, um jornalista inglês não se conteve. Deu um soco raivoso na mesa, chamando a atenção, quando as irmãs fecharam a final de duplas e embolsaram o ouro olímpico.
Agora, fala-se que o velho e satisfeito Richard diz quem vai ganhar de quem nos jogos entre as suas filhas mais novas. Será?
Mentira? Então trata-se de mais uma vingancinha de desafetos. Verdade? Então que apareça alguém para eliminar as irmãs antes que elas se encontrem na decisão de algum torneio.

Tênis
Andre Agassi e Pete Sampras suaram a camisa durante a semana e chegaram com distinção à decisão em Indian Wells. Ambos deixaram as mulheres em casa e, com muita seriedade, não se renderam ao oba-oba em torno da competição.

Mulher
Gustavo Kuerten e Marat Safin, eliminados precocemente em Indian Wells, mostraram que não têm motivos para se aborrecer. Ambos afirmaram, festivamente, que preferem as mulheres ao tênis. "Mulheres", foi a resposta seca de Safin. "As mulheres me dão mais prazer que o tênis", foi o que falou Kuerten.

Confusão
Jovens, ricos e famosos, Safin e Kuerten estão felizes à beça com as modelos que circulam em suas órbitas. E não com tenistas, como se acreditou a partir de uma piadinha de um jornalista.

E-mail: reandaku@uol.com.br



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