São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A paz que eu não quero


O empresário Pini Zahavi está de olho em Neymar. Resta saber até quando vai imperar apenas a vontade do craque


WAGNER RIBEIRO é o agente de Neymar. Antes, foi empresário de Kaká e de Robinho. Na sexta-feira, depois de Ancelmo Góis publicar o interesse do Chelsea no novo craque do Santos, o telefone de Ribeiro tocou. Minha pergunta foi direta: "Quem está representando o Chelsea nesse negócio do Neymar é o Pini Zahavi?".
Pini Zahavi é um dos agentes mais influentes do futebol, do inglês em especial. Jornalista de formação, virou empresário em 1979, quando levou o lateral israelense Cohen para o Liverpool. Há cinco anos, esteve no noticiário tratando da compra do Flamengo, lembra? É ele.
Pois Wagner Ribeiro também foi direto na resposta. "Essa história de Chelsea é invenção da imprensa.
Não tem nada disso." Vá lá que Wagner Ribeiro não seja especialista em jornalismo e, por isso, não saiba a quantidade de bolas dentro oferecidas pela coluna de Ancelmo Góis todos os dias. Mas conhece bem o mercado do futebol e sabe quem é Pini Zahavi. Daí ter ficado curioso: "Quem falou esse negócio do Pini?".
Não vem ao caso, Wagner.
O que vem ao caso é que Pini Zahavi está interessado em negociar Neymar. Há dois anos, estava interessado na transferência de Robinho, do Real Madrid para o Chelsea. Estavam todos do mesmo lado, até que Robinho e Ribeiro se sentaram em poltronas separadas no avião que levava ao Manchester City. O mercado do futebol diz que Zahavi jamais perdoou o fato de o negócio ter mudado de endereço no último dia da janela de transferências.
Em vez do Chelsea, o City. Zahavi lamenta que a maior parte da comissão também tenha mudado de rumo. Robinho rompeu com Ribeiro logo após a transferência, pois também não gostou do desfecho.
Hoje, Zahavi tem conversado com o Sonda, dono de 40% dos direitos de Neymar. Ele não quer levar o garoto do Santos para o Chelsea por revanche. Mas sentirá o gosto frio da vingança em seu paladar.
"É mentira que vamos vender. Já acertamos isso com o Sonda e com o pai", diz o presidente do Santos, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro.
Conta-se que o pai, Neymar dos Santos, passou as últimas semanas sem falar com Wagner Ribeiro. Na sexta, quando o agente atendeu ao telefone, o pai do craque estava ao lado. Indagado sobre Pini Zahavi, negou conhecê-lo, mas disse: "Nesse mundo, a gente é apresentado a tanta gente que nem sabe o nome".
Desde que o menino surgiu, aos 14 anos, o pai de Neymar atuou sempre como o mais sereno dos homens.
Continua sendo assim. Não importava se o Real Madrid queria levar o garoto, quando tinha só 15 anos. "Ele vai jogar onde estiver feliz", dizia.
Neymar escolheu o Santos, e o pai acolheu a ideia, sem pressa nem olho grande. Hoje, o discurso é igual.
"Ele só precisa de paz para jogar seu futebol. Está com a cabeça boa, tanto que jogou bem em Belém. Isso é o que mais importa", diz Neymar pai.
O craque e sua família querem paz, mas isso é artigo de luxo no mundo dos negócios e das comissões. O risco é sempre que o grande jogador se envolva tanto, a ponto de um dia não querer mais essa paz.
Como o nome da canção do Rappa, que empresta o título a esta coluna.
Canção também intitulada "Minha Alma". Parece mais apropriado.

pvc@uol.com.br


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