São Paulo, domingo, 21 de abril de 2002

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FUTEBOL

Fundo norte-americano quer desfazer vínculos com o dia-a-dia do time

Agora, HMTF se interessa só pelo estádio corintiano

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O fundo de investimentos HMTF propôs à cúpula corintiana o rompimento da parceria no departamento de futebol.
Os norte-americanos agora querem apenas construir o estádio na rodovia Raposo Tavares, tido como a única fonte de onde o fundo pode tirar lucro.
Reunido com os corintianos Alberto Dualib e Antonio Roque Citadini, o homem-forte do HMTF no Brasil, Flávio Maria, fez a seguinte proposta:
1) o fundo deixa de participar do futebol do Corinthians. Não contrata mais nenhum jogador nem coloca nenhum centavo para o pagamento de despesas do departamento e salários de jogadores e comissão técnica;
2) o Corinthians volta a receber 100% da receita obtida com patrocínio (Pepsi e Topper), direitos de TV e bilheteria;
3) o HMTF assina imediatamente um cheque no valor de US$ 1,1 milhão para o pagamento de dívidas ainda pendentes;
4) o Corinthians pode continuar utilizando os jogadores contratados com dinheiro do fundo -Renato, Deivid, Rogério e Fábio Luciano-, mas se compromete a devolver o dinheiro que o HMTF desembolsou se e quando o atleta for negociado;
5) o clube paulista se compromete também a indenizar os norte-americanos se recuperar na Justiça os direitos federativos de Luizão e Marcelinho. O mesmo vale para o caso de o Flamengo quitar a dívida relativa à contratação de Edílson;
6) o HMTF constrói o estádio na Raposo Tavares e explora a arena multiuso até 2029.
A nova proposta dos norte-americanos no aditamento de contrato que está sendo discutido desde que o HMTF decidiu cortar drasticamente seus investimentos no país foi feita depois de o clube não ter aceitado a divisão entre futebol e a área social.
O fundo não concorda em desembolsar R$ 900 mil mensais para cobrir o rombo do clube, que arrecada R$ 500 mil do R$ 1,4 milhão necessário para o pagamento da infra-estrutura do clube e de outras modalidades.
O racha dentro do Corinthians chegou a tal ponto que José de Castro Bigi, presidente do Conselho Deliberativo, e Carlos Roberto Mello, vice-presidente de finanças, foram afastados das negociações por defenderem um rompimento total com o fundo.
Agora, o presidente do Corinthians discutirá com os conselheiros a proposta do HMTF. Segundo a Folha apurou, o dirigente concorda com as emendas sugeridas pelo fundo norte-americano.
Contatado pela reportagem, Antonio Roque Citadini limitou-se a confirmar o teor da reunião com o executivo do HMTF, mas não quis tecer comentários. Alberto Dualib e Flávio Maria não foram localizados.


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