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ORIENTE-SE/COPA-2002
Mama Ásia
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ásia enfim ganhou a Copa,
mas isso não quer dizer que
ganhará na Copa. Não mesmo.
Até hoje as seleções asiáticas fizeram juntas 43 partidas em
Mundiais. Dá para você contar
nos dedos de uma mão o número
de vitórias dos times do continente mais populoso do mundo (4).
Aliás, essas quatro vitórias parecem meio sobrenaturais. A primeira foi uma aberração, a maior
das Copas: Coréia do Norte 1 x 0
Itália, em 1966. A segunda e a terceira, protagonizadas pela Arábia Saudita, foram, respectivamente, uma miragem (1 a 0 na
Bélgica quando o espírito de Maradona baixou em Owairan em
1994) e uma quase irrelevante (2
a 1 no Marrocos, também em 94).
Neste ano, dois asiáticos são sérios candidatos à "lanterna" do
grupo: a Arábia Saudita e a China. E os dois anfitriões, Coréia do
Sul e Japão, não são os favoritos à
classificação em suas chaves.
Nunca uma seleção asiática
conseguiu bater uma equipe sul-americana em Mundiais. Neste
ano, há apenas um confronto garantido entre os dois continentes:
Brasil x China. Dá para acreditar
na quebra do tabu? Não (parte da
imprensa até poderá torcer por isso pela notícia, pelo fato novo).
Serão seis confrontos entre asiáticos e europeus na Copa. Em todos eles, o representante do Velho
Continente entra com favoritismo, em maior ou menor grau.
No duelo da Ásia com a Concacaf, até existe boa chance de sucesso para os anfitriões. A Coréia
do Sul tem condição real de bater
os EUA, como o Irã já fez há quatro anos. Mas, se isso acontecer
(seria histórico porque a Coréia
do Sul jamais saiu vitoriosa de
um jogo de Mundial), a Concacaf
continuará em vantagem no retrospecto contra a Ásia -até hoje, são três vitórias de seleções da
parte superior da América contra
apenas um triunfo asiático.
Só contra a África a Ásia tem
vantagem no confronto direto em
Copas. Foram só dois jogos, os
dois da Arábia Saudita -empatou com a África do Sul e bateu o
Marrocos. Mas essa vantagem está ameaçada. Provavelmente, os
sauditas serão derrotados neste
ano por Camarões, a mais competitiva seleção africana. As fichas asiáticas estão no Japão, que
será favorito contra a Tunísia.
É fato que os asiáticos sempre
foram relegados a terceiro plano
nas Copas. Contudo é uma realidade que eles chamarão atenção
agora, seja porque japoneses e
sul-coreanos são anfitriões, seja
porque os chineses vão estrear.
Issa Hayatou, candidato de
oposição à presidência da Fifa,
anunciou nos últimos dias que
dará uma vaga a mais para a
Ásia nas Copas se for eleito.
Politicamente, seria mais uma
vitória para o futebol asiático,
que fará a primeira Copa fora do
eixo Europa-América. Mas quando a Ásia vencerá no campo?
Agora (difícil) ou nunca (fácil)!
E-mail:
rbueno@folhasp.com.br
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