São Paulo, domingo, 21 de abril de 2002

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ORIENTE-SE/COPA-2002

Mama Ásia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ásia enfim ganhou a Copa, mas isso não quer dizer que ganhará na Copa. Não mesmo.
Até hoje as seleções asiáticas fizeram juntas 43 partidas em Mundiais. Dá para você contar nos dedos de uma mão o número de vitórias dos times do continente mais populoso do mundo (4).
Aliás, essas quatro vitórias parecem meio sobrenaturais. A primeira foi uma aberração, a maior das Copas: Coréia do Norte 1 x 0 Itália, em 1966. A segunda e a terceira, protagonizadas pela Arábia Saudita, foram, respectivamente, uma miragem (1 a 0 na Bélgica quando o espírito de Maradona baixou em Owairan em 1994) e uma quase irrelevante (2 a 1 no Marrocos, também em 94).
Neste ano, dois asiáticos são sérios candidatos à "lanterna" do grupo: a Arábia Saudita e a China. E os dois anfitriões, Coréia do Sul e Japão, não são os favoritos à classificação em suas chaves.
Nunca uma seleção asiática conseguiu bater uma equipe sul-americana em Mundiais. Neste ano, há apenas um confronto garantido entre os dois continentes: Brasil x China. Dá para acreditar na quebra do tabu? Não (parte da imprensa até poderá torcer por isso pela notícia, pelo fato novo).
Serão seis confrontos entre asiáticos e europeus na Copa. Em todos eles, o representante do Velho Continente entra com favoritismo, em maior ou menor grau.
No duelo da Ásia com a Concacaf, até existe boa chance de sucesso para os anfitriões. A Coréia do Sul tem condição real de bater os EUA, como o Irã já fez há quatro anos. Mas, se isso acontecer (seria histórico porque a Coréia do Sul jamais saiu vitoriosa de um jogo de Mundial), a Concacaf continuará em vantagem no retrospecto contra a Ásia -até hoje, são três vitórias de seleções da parte superior da América contra apenas um triunfo asiático.
Só contra a África a Ásia tem vantagem no confronto direto em Copas. Foram só dois jogos, os dois da Arábia Saudita -empatou com a África do Sul e bateu o Marrocos. Mas essa vantagem está ameaçada. Provavelmente, os sauditas serão derrotados neste ano por Camarões, a mais competitiva seleção africana. As fichas asiáticas estão no Japão, que será favorito contra a Tunísia.
É fato que os asiáticos sempre foram relegados a terceiro plano nas Copas. Contudo é uma realidade que eles chamarão atenção agora, seja porque japoneses e sul-coreanos são anfitriões, seja porque os chineses vão estrear.
Issa Hayatou, candidato de oposição à presidência da Fifa, anunciou nos últimos dias que dará uma vaga a mais para a Ásia nas Copas se for eleito.
Politicamente, seria mais uma vitória para o futebol asiático, que fará a primeira Copa fora do eixo Europa-América. Mas quando a Ásia vencerá no campo? Agora (difícil) ou nunca (fácil)!

E-mail:
rbueno@folhasp.com.br

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