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A promessa de US$ 2 milhões
'Podem me cobrar: o Brasil vai estar entre os quatro finalistas. Para isso, vamos ter de passar, provavelmente pela Argentina, França ou Inglaterra. Isso é sinal de que tenho confiança absoluta'
LUIZ FELIPE SCOLARI, que já recebeu da CBF cerca de US$ 2 milhões em salários, em 3 de abril, na Folha
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A HAMAMATSU
Luiz Felipe Scolari, que assumiu
a seleção em junho do ano passado pregando o amadorismo, recebe o maior salário já pago pela
CBF para um técnico do time verde-amarelo na história das Copas.
Scolari ganha R$ 370 mil mensais, mais que o dobro dos vencimentos do antecessor, Emerson
Leão -R$ 170 mil-, demitido
após fracassos na Copa das Confederações e nas eliminatórias.
O salário de Scolari também é
maior que o recebido por Wanderley Luxemburgo, R$ 250 mil
mensais. Carlos Alberto Parreira e
Zagallo, que dirigiram o time nas
Copas de 1994 e 1998, respectivamente, ganhavam na faixa de US$
80 mil mensais cada, o que hoje
equivaleria a R$ 220 mil. Antes
deles, a CBF mal tinha dinheiro
para levar a seleção aos Mundiais.
No total, consideradas as variações do dólar no câmbio livre, o
técnico da seleção já recebeu cerca
de US$ 2 milhões da CBF em um
ano de trabalho. Com tamanho
respaldo financeiro, Scolari prometeu colocar o Brasil entre as
quatro melhores seleções do
Mundial. Na madrugada de hoje,
a seleção definiria contra a Inglaterra uma vaga nas semifinais.
No dia em que assumiu o comando da seleção, 12 de junho de
2001, em meio à maior crise da
história da seleção, Scolari disse
que não havia falado em dinheiro
com Ricardo Teixeira, presidente
da CBF. "Neste momento, não estou preocupado com isso", disse.
"Não dá para trabalhar só pelo
aspecto financeiro. É preciso ter
amor", afirmou na ocasião -recado aos atletas que não vinham
rendendo nas eliminatórias.
Scolari recebe dez vezes mais
que o próprio Teixeira, que ganha
R$ 35 mil por mês. Além do salário, engorda seus rendimentos
com comerciais e imóveis. Segundo a CBF, cargo e salário estão registrados em carteira, assim como
ocorreu com Luxemburgo e Leão.
Apesar de soar alto para os padrões do mercado brasileiro, o ganho do técnico é baixo se comparado ao de outros treinadores do
Mundial. O valor, porém, é o mesmo que recebia no Cruzeiro, time
que deixou para dirigir a seleção.
O "namoro" entre o técnico e a
CBF foi um dos mais difíceis da
história recente da seleção. Scolari
chegou a recusar um primeiro
convite, antes de Leão aceitar.
Assim como ele, Parreira e Oswaldo de Oliveira também disseram não a Teixeira em 2000. Os
dois temiam transformar-se em
alvos das CPIs que devassaram a
entidade até o ano passado.
Após a queda de Leão, no pior
momento da seleção e no ponto
mais agudo das CPIs, a CBF encomendou uma pesquisa de opinião
pública que indicou o nome de
Scolari como o ideal para assumir
a equipe. A entidade, então, foi
atrás do respaldo popular.
Mas Scolari só aceitou dirigir o
time depois de ter a palavra de
Teixeira de que continuaria no
cargo após a classificação para a
Copa. E ela veio em novembro.
Fortalecido, tapou os ouvidos
para o clamor popular, o mesmo
que o levou a seleção, e não convocou Romário. Disse que, se perdesse a Copa, estaria "morto".
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