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BRASIL
Técnico é o que mais faturou à frente do time nacional com campanhas publicitárias
Após seleção, Scolari é estrela do marketing
DOS ENVIADOS A HAMAMATSU
Quando Diego Maradona disse,
no início do Mundial, que Luiz
Felipe Scolari queria aparecer
mais que os jogadores da seleção,
se referia às declarações polêmicas e ao modo de trabalho centralizador do técnico do Brasil. Se
soubesse que, depois que assumiu
o time nacional, o treinador virou
estrela onipresente de comerciais
e anúncios, o argentino provavelmente teria sido ainda mais mordaz em seu comentário.
Nenhum técnico da seleção brasileira capitalizou tanto com o
cargo quanto Scolari. Desde junho do ano passado, ele virou estrela de pelo menos três grandes
campanhas publicitárias, de empresas distintas.
A mais famosa é a do guaraná
Antarctica, marca da AmBev, patrocinadora da seleção. Depois de
classificar o Brasil para o Mundial, Scolari assinou contrato com
a empresa de bebidas que termina
no final deste ano -ou seja, continuará a ser contratado da AmBev mesmo que saia da seleção.
Foi, durante os primeiros meses
do ano, a principal estrela da promoção do refrigerante que sorteava passagens para a Copa e prêmios. Entrou em horário nobre
em rede nacional em comerciais
em que artistas como Dercy Gonçalves e Supla eram coadjuvantes.
Nas entrevistas coletivas que
concede no Brasil, faz questão de
abrir uma lata de guaraná Antarctica e beber o refrigerante.
Segundo a Folha apurou, o contrato com a AmBev rendeu ao
treinador cerca de R$ 800 mil.
Outra empresa que resolveu
apostar em Scolari foi a Caixa
Econômica Federal, que reformulou suas loterias em fevereiro. O
técnico da seleção promove as novas Loteca e Lotogol, que substituem a Loteria Esportiva e o Bolão
Federal. Nas casas lotéricas há
cartazes com uma foto de Scolari.
A operadora telefônica Telemar
também assinou um contrato
com o treinador. Durante a Copa,
ele e mais oito atletas participam
de um serviço 0300, para o qual os
assinantes telefonam e podem
ouvir conversas dos atletas ou do
técnico com torcedores escolhidos por um sorteio para um bate-papo com integrantes da seleção.
O serviço é estrelado por Scolari
e por Ronaldinho. É a imagem do
atacante que aparece nos comerciais de TV da campanha, em que
o locutor afirma: "Fale com os jogadores ou com o técnico da seleção pela Telemar". Até o último
sábado, o serviço já havia recebido 3,5 milhões de ligações -300
mil só para o treinador.
Profissionais do mercado publicitário afirmaram que Scolari tem
perfil ideal para ser garoto-propaganda, pois tem, diante da torcida, uma imagem de vencedor e
honesto -que independe de preferências clubísticas.
Monza 87
Os rendimentos de Scolari são
aplicados principalmente em
imóveis no Rio Grande do Sul, seu
Estado natal. Caxias do Sul, onde
viveu nos anos 70, concentra seus
investimentos -apartamentos,
escritórios e terrenos. O técnico
também tem imóveis em Canoas,
onde vive. Ali, acaba de construir
um flat e mora em luxuoso apartamento numa rua sem saída.
Apesar da confortável situação
financeira de que desfruta após 20
anos de carreira, Scolari mantém
a reputação de "pão-duro" que o
acompanha desde os tempos de
atleta -quando era conhecido
pelos amigos de Caxias como
"Gringo", gíria para definir os que
hesitam mil vezes antes de gastar.
Apesar de ter também um Ford
Mondeo último modelo, insiste
em manter um Monza 87, o primeiro carro de porte que adquiriu
com seus salários de técnico.
Quando janta com amigos,
sempre arranja uma desculpa para não dividir a conta. É daqueles
que vai ao banheiro na hora que
chega a "dolorosa".
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
Colaborou Maércio Santamarina,
da Reportagem Local
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