São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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BRASIL

Técnico é o que mais faturou à frente do time nacional com campanhas publicitárias

Após seleção, Scolari é estrela do marketing

DOS ENVIADOS A HAMAMATSU

Quando Diego Maradona disse, no início do Mundial, que Luiz Felipe Scolari queria aparecer mais que os jogadores da seleção, se referia às declarações polêmicas e ao modo de trabalho centralizador do técnico do Brasil. Se soubesse que, depois que assumiu o time nacional, o treinador virou estrela onipresente de comerciais e anúncios, o argentino provavelmente teria sido ainda mais mordaz em seu comentário.
Nenhum técnico da seleção brasileira capitalizou tanto com o cargo quanto Scolari. Desde junho do ano passado, ele virou estrela de pelo menos três grandes campanhas publicitárias, de empresas distintas.
A mais famosa é a do guaraná Antarctica, marca da AmBev, patrocinadora da seleção. Depois de classificar o Brasil para o Mundial, Scolari assinou contrato com a empresa de bebidas que termina no final deste ano -ou seja, continuará a ser contratado da AmBev mesmo que saia da seleção.
Foi, durante os primeiros meses do ano, a principal estrela da promoção do refrigerante que sorteava passagens para a Copa e prêmios. Entrou em horário nobre em rede nacional em comerciais em que artistas como Dercy Gonçalves e Supla eram coadjuvantes.
Nas entrevistas coletivas que concede no Brasil, faz questão de abrir uma lata de guaraná Antarctica e beber o refrigerante.
Segundo a Folha apurou, o contrato com a AmBev rendeu ao treinador cerca de R$ 800 mil.
Outra empresa que resolveu apostar em Scolari foi a Caixa Econômica Federal, que reformulou suas loterias em fevereiro. O técnico da seleção promove as novas Loteca e Lotogol, que substituem a Loteria Esportiva e o Bolão Federal. Nas casas lotéricas há cartazes com uma foto de Scolari.
A operadora telefônica Telemar também assinou um contrato com o treinador. Durante a Copa, ele e mais oito atletas participam de um serviço 0300, para o qual os assinantes telefonam e podem ouvir conversas dos atletas ou do técnico com torcedores escolhidos por um sorteio para um bate-papo com integrantes da seleção.
O serviço é estrelado por Scolari e por Ronaldinho. É a imagem do atacante que aparece nos comerciais de TV da campanha, em que o locutor afirma: "Fale com os jogadores ou com o técnico da seleção pela Telemar". Até o último sábado, o serviço já havia recebido 3,5 milhões de ligações -300 mil só para o treinador.
Profissionais do mercado publicitário afirmaram que Scolari tem perfil ideal para ser garoto-propaganda, pois tem, diante da torcida, uma imagem de vencedor e honesto -que independe de preferências clubísticas.

Monza 87
Os rendimentos de Scolari são aplicados principalmente em imóveis no Rio Grande do Sul, seu Estado natal. Caxias do Sul, onde viveu nos anos 70, concentra seus investimentos -apartamentos, escritórios e terrenos. O técnico também tem imóveis em Canoas, onde vive. Ali, acaba de construir um flat e mora em luxuoso apartamento numa rua sem saída.
Apesar da confortável situação financeira de que desfruta após 20 anos de carreira, Scolari mantém a reputação de "pão-duro" que o acompanha desde os tempos de atleta -quando era conhecido pelos amigos de Caxias como "Gringo", gíria para definir os que hesitam mil vezes antes de gastar.
Apesar de ter também um Ford Mondeo último modelo, insiste em manter um Monza 87, o primeiro carro de porte que adquiriu com seus salários de técnico.
Quando janta com amigos, sempre arranja uma desculpa para não dividir a conta. É daqueles que vai ao banheiro na hora que chega a "dolorosa". (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)


Colaborou Maércio Santamarina, da Reportagem Local



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