São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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TOSTÃO

Nós e a múmia de títulos

Nesse momento, o Brasil estará dentro ou fora da Copa? Independentemente do resultado, mudarão pouco as minhas opiniões e os meus conceitos sobre as duas seleções, jogadores e técnicos. Disse pouco, porque podem acontecer fatos extraordinários.
Felipão não pára de ironizar e reclamar das críticas da imprensa. Desconfio que o que mais irrita o treinador são os elogios ao Rivaldo e ao Ronaldo e a pouca valorização do conjunto. O grande sonho do técnico é ganhar a Copa com um gol de cabeça de Luizão na partida final.
Assisti à primeira entrevista coletiva do Felipão na Coréia do Sul e desisti de ir às outras. Pouco se aproveita. O técnico só fala o que quer.
Está sempre mal-humorado com as críticas. E ainda há a turma da claque, que elogia o treinador antes de perguntar. Um deles, na intensão de agradar, disse que o Felipão era uma múmia de títulos, ou seja, já ganhou títulos demais.
Outro motivo para eu não ir às entrevistas coletivas é o privilégio que o técnico dá à alguns jornalistas. É o meu protesto silencioso.
Nos últimos dois treinos, Felipão escondeu o jogo dos ingleses.
Espero que tenha incluído nos seus planos para a partida, a marcação mais de perto no Beckham. O pior do treino de ontem foi aguentar o cheiro do charuto do Galvão Bueno na arquibancada.

Japonês pensa em tudo
Viemos de Kobe para Hamamatsu de trem-bala, numa velocidade de 300 km/h. É confortável e silencioso. O duro foi carregar as malas para dentro do trem. Os fotógrafos sofrem, com as suas enormes máquinas fotográficas e computadores. Será que a indústria não consegue fazer computadores de bolso?
O mundo está muito atrasado. As próximas gerações não vão entender como hoje as pessoas conseguem viver.
Estamos na área de mais terremotos no Japão. Há muitas instruções na cidade de como agir se algo ocorrer. Pedem até para andar com documentos para identificação de corpos. Japonês pensa em tudo.

Cerimônia do chá
Felipão foi homenageado numa cerimônia do chá pelos dirigentes do Jubilo Iwata, clube em que foi técnico em 97. O ritual simboliza a paz, a pureza, o respeito e a quietude. Essas qualidades não combinam tanto com o treinador.
A quietude e o respeito são características do povo japonês. A paz e a pureza não são comuns nos humanos de qualquer lugar. Somos uma mistura de santo e demônio.
"O homem é muito mais imoral do que crê e muito mais moral do que sabe." (Freud)

tostão.folha@uol.com.br



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