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TOSTÃO
Nós e a múmia de títulos
Nesse momento, o Brasil estará dentro ou
fora da Copa? Independentemente do resultado,
mudarão pouco as minhas
opiniões e os meus conceitos
sobre as duas seleções, jogadores e técnicos. Disse pouco,
porque podem acontecer fatos
extraordinários.
Felipão não pára de ironizar
e reclamar das críticas da imprensa. Desconfio que o que
mais irrita o treinador são os
elogios ao Rivaldo e ao Ronaldo e a pouca valorização do
conjunto. O grande sonho do
técnico é ganhar a Copa com
um gol de cabeça de Luizão na
partida final.
Assisti à primeira entrevista
coletiva do Felipão na Coréia
do Sul e desisti de ir às outras.
Pouco se aproveita. O técnico
só fala o que quer.
Está sempre mal-humorado
com as críticas. E ainda há a
turma da claque, que elogia o
treinador antes de perguntar.
Um deles, na intensão de
agradar, disse que o Felipão
era uma múmia de títulos, ou
seja, já ganhou títulos demais.
Outro motivo para eu não ir
às entrevistas coletivas é o privilégio que o técnico dá à alguns jornalistas. É o meu protesto silencioso.
Nos últimos dois treinos, Felipão escondeu o jogo dos ingleses.
Espero que tenha incluído
nos seus planos para a partida, a marcação mais de perto
no Beckham. O pior do treino
de ontem foi aguentar o cheiro
do charuto do Galvão Bueno
na arquibancada.
Japonês pensa em tudo
Viemos de Kobe para Hamamatsu de trem-bala, numa velocidade de 300 km/h. É confortável e silencioso. O duro foi
carregar as malas para dentro
do trem. Os fotógrafos sofrem,
com as suas enormes máquinas fotográficas e computadores. Será que a indústria não
consegue fazer computadores
de bolso?
O mundo está muito atrasado. As próximas gerações não
vão entender como hoje as pessoas conseguem viver.
Estamos na área de mais terremotos no Japão. Há muitas
instruções na cidade de como
agir se algo ocorrer. Pedem até
para andar com documentos
para identificação de corpos.
Japonês pensa em tudo.
Cerimônia do chá
Felipão foi homenageado
numa cerimônia do chá pelos
dirigentes do Jubilo Iwata, clube em que foi técnico em 97. O
ritual simboliza a paz, a pureza, o respeito e a quietude. Essas qualidades não combinam
tanto com o treinador.
A quietude e o respeito são
características do povo japonês. A paz e a pureza não são
comuns nos humanos de qualquer lugar. Somos uma mistura de santo e demônio.
"O homem é muito mais
imoral do que crê e muito
mais moral do que sabe."
(Freud)
tostão.folha@uol.com.br
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