São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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Uniformes sofrem com massificação e globalização

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Os uniformes das equipes desta Copa parecem sofrer de alguns dos mesmos males da moda atual: massificação e globalização. A predominância das gigantes Nike e Adidas pasteurizou o look dos jogadores. São poucos os times que transmitem, também na roupa, a energia dos passes e gols.
Em termos de design, a honrosa exceção fica por conta do estilo retrô da Itália -não por acaso um país em que moda e design são coisa séria. A silhueta é mais ajustada e o material mais colante, servindo para completar a imagem de sex symbols tão cara aos italianos. E se alguns criticam o novo tom do azul, evocar linhas dos anos 70 e 80 traz aos torcedores doces lembranças de vitórias.
Pequenas riscas agora emprestam movimento às camisas, valorizando os detalhes. Os recortes em cores contrastantes e diferentes materiais conferem approach quase futurista, e quanto aos materiais favorece a troca de calor. O uniforme da Dinamarca tem grafismos tipo setas, desenhando os ombros e as laterais, em efeito jovem e urbano. Pode perfeitamente ser adotado para as ruas, seguindo a tendência que se instalou desde os 80, das camisas de jogador fora dos estádios.
Como na moda masculina, feita de poucos elementos, no esporte cada item é fundamental. Daí golas em V ou redondas fazerem a maior diferença. Veja na roupa da seleção de Camarões, uma das mais bonitas, com detalhe no pescoço, o risco nos ombros na vertical e o short em vermelho, vivo.
E listras sempre funcionam. Em termos de cores, a melhor combinação fica por conta do Senegal, o uniforme mais criativo desta Copa. É bom também o reserva, usado contra o Uruguai, que remete às cores da bandeira tricolor. O oficial, em branco, com laranja, vermelho, amarelo e verde, não faria feio em nenhuma passarela e ainda traz o sabor da histórica derrocada da França. A meia amarela e o calção vermelho são pura vibração.
Ainda que previsível, alguma coisa na cor parece fazer tremer o uniforme da Coréia, que a torcida transforma em fluorescente. Bem animado. O amarelo também traz energia, e aqui Suécia fica com cara de Brasil. Já o Brasil estréia seu novo uniforme, desagradando a muitos torcedores e jogadores. É OK em termos de design, moderno, tecnológico no uso dos materiais. Mas deixa saudade a camisa clássica dos canarinhos.
A imagem dos brasileiros é ágil, no short azul, meias brancas, camisa amarela. Este é o look oficial, subvertido na goleada contra a Costa Rica, em que os atletas entraram em campo com meia azul e o short branco do uniforme reserva. Parecia mesmo um cuecão.
E como há quem diga que o azul não tem dado sorte nesta Copa -além dos franceses, já foram gongados também os argentinos e uruguaios, famosos pelo uso da cor-, esse é mais um motivo para o Brasil evitar a camisa reserva.


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