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Uniformes sofrem com massificação e globalização
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Os uniformes das equipes desta
Copa parecem sofrer de alguns
dos mesmos males da moda atual:
massificação e globalização. A
predominância das gigantes Nike
e Adidas pasteurizou o look dos
jogadores. São poucos os times
que transmitem, também na roupa, a energia dos passes e gols.
Em termos de design, a honrosa
exceção fica por conta do estilo retrô da Itália -não por acaso um
país em que moda e design são
coisa séria. A silhueta é mais ajustada e o material mais colante,
servindo para completar a imagem de sex symbols tão cara aos
italianos. E se alguns criticam o
novo tom do azul, evocar linhas
dos anos 70 e 80 traz aos torcedores doces lembranças de vitórias.
Pequenas riscas agora emprestam movimento às camisas, valorizando os detalhes. Os recortes
em cores contrastantes e diferentes materiais conferem approach
quase futurista, e quanto aos materiais favorece a troca de calor. O
uniforme da Dinamarca tem grafismos tipo setas, desenhando os
ombros e as laterais, em efeito jovem e urbano. Pode perfeitamente ser adotado para as ruas, seguindo a tendência que se instalou desde os 80, das camisas de jogador fora dos estádios.
Como na moda masculina, feita
de poucos elementos, no esporte
cada item é fundamental. Daí golas em V ou redondas fazerem a
maior diferença. Veja na roupa da
seleção de Camarões, uma das
mais bonitas, com detalhe no pescoço, o risco nos ombros na vertical e o short em vermelho, vivo.
E listras sempre funcionam. Em
termos de cores, a melhor combinação fica por conta do Senegal, o
uniforme mais criativo desta Copa. É bom também o reserva, usado contra o Uruguai, que remete
às cores da bandeira tricolor. O
oficial, em branco, com laranja,
vermelho, amarelo e verde, não
faria feio em nenhuma passarela e
ainda traz o sabor da histórica
derrocada da França. A meia
amarela e o calção vermelho são
pura vibração.
Ainda que previsível, alguma
coisa na cor parece fazer tremer o
uniforme da Coréia, que a torcida
transforma em fluorescente. Bem
animado. O amarelo também traz
energia, e aqui Suécia fica com cara de Brasil. Já o Brasil estréia seu
novo uniforme, desagradando a
muitos torcedores e jogadores. É
OK em termos de design, moderno, tecnológico no uso dos materiais. Mas deixa saudade a camisa
clássica dos canarinhos.
A imagem dos brasileiros é ágil,
no short azul, meias brancas, camisa amarela. Este é o look oficial,
subvertido na goleada contra a
Costa Rica, em que os atletas entraram em campo com meia azul
e o short branco do uniforme reserva. Parecia mesmo um cuecão.
E como há quem diga que o azul
não tem dado sorte nesta Copa
-além dos franceses, já foram
gongados também os argentinos
e uruguaios, famosos pelo uso da
cor-, esse é mais um motivo para o Brasil evitar a camisa reserva.
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