São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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QUARTAS/ AMANHÃ

Enquanto povo anfitrião toma as ruas, pouco-caso se alastra no país europeu

Febre do futebol impulsiona Coréia do Sul contra Espanha

Associated Press
Hierro, capitão da seleção espanhola, terá a missão de marcar o atacante Ahn Jung-hwan, herói do time coreano na vitória contra a Itália, que colocou os anfitriões nas quartas-de-final


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Em busca de uma vaga nas semifinais deste Mundial, dois países que tratam o torneio de forma bem diferente se enfrentam às 3h30 da madrugada de amanhã, em Gwangju, na Coréia do Sul.
Para um dos anfitriões da primeira Copa asiática, mesmo que o futebol divida com outros esportes a preferência local, o torneio causa comoção, com mortes de parada cardíaca durante os jogos.
Já na Espanha, país com alguns dos torcedores de clubes mais fanáticos do planeta, o Mundial é visto por muitos com indiferença.
Após vitórias sobre Portugal e Itália, esta última na "morte súbita", a Coréia vê a febre do futebol, que levou 4 milhões às ruas após o último feito, movimentar até a dinâmica economia do país.
No caso de modelos mais caros, a venda de televisores cresceu 250% nas últimas duas semanas. As grandes empresas coreanas aproveitam o sucesso da seleção local para fazer promoções. A Hyundai, por exemplo, tem usado os resultados nas propagandas de seus automóveis até no Brasil.
Na Espanha, nada disso ocorre. Mesmo com a boa campanha do país, que, se avançar, será semifinalista pela primeira vez desde 1950, os jogos do time na televisão têm dado audiência só regular.
A dramática vaga obtida nos pênaltis sobre a Irlanda teve audiência de 13 milhões de pessoas (um terço da população), mesmo num domingo às 13h30 na Espanha.
O forte sentimentalismo separatista de algumas regiões joga contra a seleção espanhola. Na Catalunha, por exemplo, o espaço da equipe nacional não fica muitas vezes acima do noticiário do clube mais popular, o Barcelona.
Os tablóides esportivos, muito populares, pouco investem na cobertura da Copa, por alegar que o torneio não aumenta as vendas.
O reflexo do clima em seus países fica claro nos atletas. Contagiados, os sul-coreanos esbanjam otimismo. "Não tememos a Espanha", disse o meia Yoo Sang-chul.
Após usar cinco atacantes na etapa final para virar o jogo contra a Itália, pelas oitavas, o técnico Guus Hiddink pressionará novamente. "Vamos tomar a iniciativa desde o começo", disse o holandês, que, depois de ser demitido do Betis (Espanha), foi para a Coréia, onde virou herói nacional.
Já do lado europeu, a cautela é maior. Além disso, existe o temor que a euforia com a Copa vivida na Coréia influencie a arbitragem. "Um estádio cheio pode afetar os juízes", avaliou, preocupado, o técnico José Antonio Camacho.


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 3h30 de sábado



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