São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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FUTEBOL

Clube comemora o centenário com planos de privatização até dezembro e de deixar para trás crise dos últimos anos

Promessa de virar empresa move Flu, 100

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Após cruzar o seu inferno astral no final dos 90, o Fluminense festeja hoje o seu centenário com a promessa de ser o primeiro grande carioca a virar empresa.
Recordista em títulos estaduais no Rio -29, o último deles este ano-, o tradicional clube quer se ""modernizar" até o fim do ano.
""Estamos conversando internamente para tentar arrumar soluções jurídicas para viabilizar o clube-empresa. Isso já é uma realidade, e não podemos fugir dela", disse o presidente David Fischel.
No mês passado, o governo editou uma medida provisória que obriga os clubes a se transformarem em empresa.
Apesar da decisão federal, a maioria dos grandes times brasileiros faz lobby para derrubar a MP no Congresso Nacional.
No começo do século passado, o Fluminense foi o primeiro dos grandes cariocas a ser fundado especialmente para o futebol. Os outros clubes eram de remo, o esporte preferido do país na época.
Apesar do esforço da atual diretoria para modernizar o clube, a situação financeira do Fluminense é para ser esquecida.
As dívidas somam cerca de R$ 40 milhões. Os jogadores estão sem receber salário há três meses.
A série de atrasos já criou uma crise no clube na véspera da comemoração do centésimo aniversário. Na semana passada, os jogadores se recusaram a treinar em protesto contra a falta de pagamento, dois dias antes de enfrentar -e derrotar- o Corinthians pela Copa dos Campeões.
""A situação não é das melhores, mas estamos estruturando o clube para crescer", disse o diretor de marketing do Fluminense, Fernando Gonçalves.
Para isso, o clube carioca fechou uma parceria com a Sportfive, uma das maiores empresas de marketing esportivo da Europa. Ela vai ser a responsável por comercializar e licenciar todo os direitos do clube (patrocínio, televisionamento, marca etc).
Dentro de campo, o Fluminense está reagindo nos últimos anos. O clube passou pela maior crise de sua história de 1996 a 1999.
Praticamente falido, rebaixado para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro em 1998, o clube conseguiu se recuperar, auxiliado por "viradas de mesa", e voltar à elite do futebol nacional.
Em 2001, o time chegou à semifinal do Brasileiro e quase conseguiu uma vaga na Taça Libertadores, que era o maior sonho da diretoria no ano do centenário (a chance de isso ocorrer agora é vencer a Copa dos Campeões).
Neste ano, o time ganhou o Estadual do Rio e quebrou jejum de sete anos sem o título -em 1995, a equipe fora campeã ao derrotar o Flamengo com um gol de barriga de Renato Gaúcho.
A reação foi conseguida no caminho oposto ao dos grandes clubes. Há cerca de três anos, Fischel assumiu o clube com uma política de ""pés no chão".
Ele preferiu investir em jogadores jovens, sem pagar salários milionários, para tentar sanear a vida financeira do clube.
O teto salarial dos jogadores é de R$ 100 mil. Mesmo assim, o Fluminense, para melhorar as finanças, vendeu para o PSG (França) o lateral Paulo César, que quase foi à Copa, e dispensou o meia Roger, que voltou para o Benfica.


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