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VÔLEI
As pressões
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Chegou a hora das mulheres.
Começa hoje, na Itália, o
Grand Prix, a versão feminina da
Liga Mundial. Para a seleção brasileira, em tempos de reconciliação com a volta de Virna e Raquel, o torneio tem um significado especial: é mais uma chance de
mostrar que o time pode retomar
o caminho do pódio.
A tabela já dá uma forcinha para o Brasil. Nas duas primeiras
rodadas, a seleção vai enfrentar
os adversários mais frágeis do
grupo: Tailândia, 20ª colocada no
último Mundial, e Canadá, que
ficou em 18º lugar. Como toda estréia é nervosa, nada melhor do
que ter pela frente um time que
não complique muito.
A partir de quarta-feira, começa a pedreira: Rússia, China e Coréia do Sul. Se der a lógica, as classificadas serão as russas, as chinesas e as brasileiras, mas as sul-coreanas vão dar trabalho.
No outro grupo, os favoritos são
Itália e EUA. Cuba, em fase de renovação, e Japão devem brigar
pela terceira vaga.
O certo é que a seleção dirigida
por Marco Aurélio Motta disputa
o Grand Prix com uma pressão
enorme. Desde que assumiu o comando, em 2001, Marco Aurélio
teve problemas de relacionamento com algumas jogadoras -cinco pediram dispensa, duas já voltaram-, mas o trabalho dele
sempre foi muito questionado.
A equipe ainda sofre com a falta
de uma levantadora experiente:
Fofão, uma das que deixaram o
time, ainda não decidiu voltar.
Fernanda Venturini já fala em
retornar nos Jogos de Atenas, mas
vai ficar difícil ela trabalhar com
Marco Aurélio. Desde o ano passado, a jogadora tem feito críticas
públicas ao treinador.
Na última semana, depois de
conquistar o título da Liga Mundial, o técnico Bernardinho também criticou Marco Aurélio no
programa "Arena Sportv".
"Ele teve uma postura muito errada em relação a mim e à Fernanda. Minha relação com ele é
nenhuma. Se hoje ele quiser a minha ajuda, não dou", declarou.
Você sabe: com o currículo e os
títulos que já ganhou, Bernardinho virou uma espécie de unanimidade nacional. Tudo que ele
fala tem peso e muita repercussão. E é lógico que tudo isso se
transforma em mais pressão em
cima de Marco Aurélio.
Na quinta-feira passada, a Folha publicou a resposta do técnico
da seleção feminina: "Essas declarações [de Bernardinho e Fernanda] não me surpreendem. Só servem para tumultuar. Isso já está
virando uma novela mexicana".
Novela ou não, o que dá para
afirmar é que o vôlei brasileiro registra histórias de crises, mas não
me lembro de dois técnicos, de
duas seleções, trocando farpas em
público. É lamentável.
E quem perde mais com isso é o
esporte. Perde, principalmente,
na falta da troca de informações
entre os treinadores.
Diante desse quadro, um mau
resultado no Grand Prix, em ano
pré-olímpico, colocaria mais uma
vez Marco Aurélio na berlinda.
No único torneio desta temporada, a seleção, reforçada por Virna e Raquel, foi bem: voltou ao
pódio na Volley Masters, na Suíça. Ficou em terceiro lugar, atrás
da China, a campeã, e da Rússia.
Bye, bye, Brasil
A imprensa italiana dá como certa a transferência do central Rodrigão, da seleção brasileira, para a Itália. O atacante, que na temporada
passada atuou pelo Banespa, vai defender o Ferrara, ex-equipe de Giba e Gustavo. Outro reforço do Ferrara é o holandês Nummerdor. O
Banespa também perdeu o ponteiro Luiz Felipe, de 19 anos. Mesmo
sendo juvenil, ele já foi contratado pelo Modena, atual vice-campeão
italiano e time do atacante Dante.
Transferências
Confirmada uma dupla brasileira no Montichiari. O levantador
Maurício, que já havia acertado com o clube italiano, terá a companhia do oposto Joel, ex-seleção brasileira. No última temporada, Joel
jogou pelo Lamezia no Campeonato Italiano da Série A-2.
E-mail: cidasan@uol.com.br
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