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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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VÔLEI

As pressões

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Chegou a hora das mulheres. Começa hoje, na Itália, o Grand Prix, a versão feminina da Liga Mundial. Para a seleção brasileira, em tempos de reconciliação com a volta de Virna e Raquel, o torneio tem um significado especial: é mais uma chance de mostrar que o time pode retomar o caminho do pódio.
A tabela já dá uma forcinha para o Brasil. Nas duas primeiras rodadas, a seleção vai enfrentar os adversários mais frágeis do grupo: Tailândia, 20ª colocada no último Mundial, e Canadá, que ficou em 18º lugar. Como toda estréia é nervosa, nada melhor do que ter pela frente um time que não complique muito.
A partir de quarta-feira, começa a pedreira: Rússia, China e Coréia do Sul. Se der a lógica, as classificadas serão as russas, as chinesas e as brasileiras, mas as sul-coreanas vão dar trabalho.
No outro grupo, os favoritos são Itália e EUA. Cuba, em fase de renovação, e Japão devem brigar pela terceira vaga.
O certo é que a seleção dirigida por Marco Aurélio Motta disputa o Grand Prix com uma pressão enorme. Desde que assumiu o comando, em 2001, Marco Aurélio teve problemas de relacionamento com algumas jogadoras -cinco pediram dispensa, duas já voltaram-, mas o trabalho dele sempre foi muito questionado.
A equipe ainda sofre com a falta de uma levantadora experiente: Fofão, uma das que deixaram o time, ainda não decidiu voltar.
Fernanda Venturini já fala em retornar nos Jogos de Atenas, mas vai ficar difícil ela trabalhar com Marco Aurélio. Desde o ano passado, a jogadora tem feito críticas públicas ao treinador.
Na última semana, depois de conquistar o título da Liga Mundial, o técnico Bernardinho também criticou Marco Aurélio no programa "Arena Sportv".
"Ele teve uma postura muito errada em relação a mim e à Fernanda. Minha relação com ele é nenhuma. Se hoje ele quiser a minha ajuda, não dou", declarou.
Você sabe: com o currículo e os títulos que já ganhou, Bernardinho virou uma espécie de unanimidade nacional. Tudo que ele fala tem peso e muita repercussão. E é lógico que tudo isso se transforma em mais pressão em cima de Marco Aurélio.
Na quinta-feira passada, a Folha publicou a resposta do técnico da seleção feminina: "Essas declarações [de Bernardinho e Fernanda] não me surpreendem. Só servem para tumultuar. Isso já está virando uma novela mexicana".
Novela ou não, o que dá para afirmar é que o vôlei brasileiro registra histórias de crises, mas não me lembro de dois técnicos, de duas seleções, trocando farpas em público. É lamentável.
E quem perde mais com isso é o esporte. Perde, principalmente, na falta da troca de informações entre os treinadores.
Diante desse quadro, um mau resultado no Grand Prix, em ano pré-olímpico, colocaria mais uma vez Marco Aurélio na berlinda.
No único torneio desta temporada, a seleção, reforçada por Virna e Raquel, foi bem: voltou ao pódio na Volley Masters, na Suíça. Ficou em terceiro lugar, atrás da China, a campeã, e da Rússia.

Bye, bye, Brasil
A imprensa italiana dá como certa a transferência do central Rodrigão, da seleção brasileira, para a Itália. O atacante, que na temporada passada atuou pelo Banespa, vai defender o Ferrara, ex-equipe de Giba e Gustavo. Outro reforço do Ferrara é o holandês Nummerdor. O Banespa também perdeu o ponteiro Luiz Felipe, de 19 anos. Mesmo sendo juvenil, ele já foi contratado pelo Modena, atual vice-campeão italiano e time do atacante Dante.

Transferências
Confirmada uma dupla brasileira no Montichiari. O levantador Maurício, que já havia acertado com o clube italiano, terá a companhia do oposto Joel, ex-seleção brasileira. No última temporada, Joel jogou pelo Lamezia no Campeonato Italiano da Série A-2.

E-mail: cidasan@uol.com.br


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