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FUTEBOL
Tricolor de resultados
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O São Paulo segue firme na
sua nova linha de "futebol
de resultados". Ontem, contra o
Vitória, em Salvador, o time tricolor, desfalcado de seus principais titulares, teve poucas chances
de gol e praticamente nenhum
brilho, mas construiu o placar no
primeiro tempo e não deu chance
de reação ao adversário.
Rojas montou o time da forma
mais prudente possível: três zagueiros, três volantes, dois atacantes e nenhum meia -o que
não deixa de ser uma ironia para
quem sempre contou com uma
fartura de jogadores no setor.
Com a ausência de Kaká e Ricardinho, houve uma espécie de
mudança do centro de gravidade
da equipe, que entretanto continuou ganhando seus pontos.
Resta saber o que vai ocorrer
com a volta dos titulares. Mas tudo indica que a consistência defensiva é uma conquista definitiva da inesperada "era Rojas".
Sai Liedson (se é que sai mesmo), entra Jamelli. A troca é emblemática. Com o descompasso
entre o calendário brasileiro e o
da maior parte do mundo, os clubes nacionais perdem jogadores
em alta e trazem outros em baixa
no mercado internacional.
Uma solução paliativa (enquanto nossos clubes não se tornam economicamente competitivos pelo menos com os da Ucrânia e da Coréia) seria uma mudança radical do calendário para
compatibilizá-lo com o da Europa, da Ásia, da Argentina e do
México. Ou seja: iniciar o Brasileirão no segundo semestre e deixar o returno para o primeiro semestre do ano seguinte, depois de
breves férias. Por que não?
Só espero que a atual turbulência não sirva de argumento para
os inimigos do campeonato por
pontos corridos em dois turnos.
O Vasco salvou a honra carioca
ao vencer o Grêmio com uma boa
atuação. Além de mais firme na
defesa, o time de São Januário
contou com um Marcelinho e um
Donizete inspirados, sobretudo
no primeiro tempo.
Kaká voltou finalmente a brilhar na vitória da seleção sub-23
sobre a Colômbia. Foi a primeira
performance convincente do Brasil na Copa Ouro. O time ainda
precisa evoluir muito. E tem potencial para isso.
O Santos goleou o Fluminense
mesmo sem suas principais estrelas. E com um golaço de Jerri, o
mais novo menino da Vila.
Gostei do desfecho da novela
Ronaldino-PSG. A meu ver, o
Barcelona era uma opção melhor
que o Manchester porque: 1) o futebol espanhol dá mais espaço para jogadores talentosos como ele;
2) brilhar no Barça ajudou três
brasileiros -Romário, Ronaldo e
Rivaldo- a serem eleitos os melhores do mundo; 3) Barcelona é
muito mais bonita e interessante
que a industrial Manchester, uma
espécie de Osasco inglesa.
Gols da rodada
A rodada teve pelo menos dois
gols antológicos. O de bicicleta
de Aristizábal pelo Cruzeiro,
coroando uma bela trama coletiva, e o de Dagoberto pelo Atlético-PR. Neste último, o meia-atacante recolheu a bola em sua
própria intermediária e atravessou o campo driblando
meio time do Bahia até chegar
ao gol. Guardadas as proporções, lembrou Maradona contra a Inglaterra, na Copa-86.
Orquestra desfalcada
Apesar da goleada de ontem,
que o manteve na liderança, o
Cruzeiro vai sentir muito a falta
de Deivid. O atacante, que vai
para o Bordeaux, é um dos mais
inteligentes e completos do futebol brasileiro e, além de tudo,
entendia-se "por música" com
Alex, Aristizábal e companhia.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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