São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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FUTEBOL
Com pouco dinheiro para investir em contratações, clubes preferem optar por manter a base dos Estaduais
Reforços minguam no Brasileiro-98

da Reportagem Local

O torcedor que associa bom futebol à reforços não deve criar grandes expectativas em relação ao Campeonato Brasileiro de 98.
A maioria dos 24 clubes que participarão da competição, que começa no próximo sábado, com a partida Vasco x Corinthians, no Rio, está apostando na continuidade, mantendo a mesma base dos campeonatos estaduais e investindo muito pouco em contratações.
O campeão do Brasileiro-97, o Vasco, não anunciou até agora nenhum reforço para a edição deste ano da competição.
No ano passado, embora tenha investido pouco, o time carioca contratou quatro jogadores às vésperas da estréia.
Exemplo mais significativo ainda é o do Palmeiras, atual vice-campeão, patrocinado pela multinacional italiana Parmalat.
Clube que mais investiu em contratações para o torneio do ano passado (veja quadro ao lado), gastando aproximadamente R$ 22 milhões com oito reforços, este ano o Palmeiras resumiu a lista a apenas um jogador, o zagueiro Júnior Baiano, que custou R$ 6,5 milhões à Parmalat.
"Já temos um elenco à altura, não precisamos contratar. Além disso, todos os clubes estão contendo despesas, está difícil para todos", diz o diretor de Futebol do Palmeiras, Sebastião Lapolla.
"Mas nunca um clube grande pode dizer que as contratações estão encerradas. Sempre que houver necessidade e oportunidade vamos contratar", afirma Lapolla, lembrando que vários clubes se reforçam no decorrer do torneio.
O dirigente vai buscar do outro lado do planeta o que avalia ser uma das causas da situação.
"A dificuldade financeira é grande no mundo inteiro, haja vista a crise asiática. Isso afeta até o futebol", afirmou Lapolla, em referência à queda das bolsas em Hong Kong no Japão e na Indonésia.

As equipes com menos recursos continuam apostando em jogadores pouco conhecidos, revelados em clubes do interior.
Apesar de ter um contrato de co-gestão com a Parmalat, o Juventude não terá nehum nome de impacto para este Brasileiro.
"A política do clube é não trazer figurões, mas jogadores que não onerem a folha de pagamento", explica o supervisor de Futebol, Renato Tomasini.
"O mercado brasileiro está muito inflacionado. Parece até que o país é hexacampeão"

Para completar, dois dos maiores destaques do Brasileiro do ano passado se transferiram para o exterior.
O atacante Edmundo, que defendeu o Vasco em 97 e foi o artilheiro do torneio (29 gols), foi para a Fiorentina (Itália).
Após seis conturbados meses meses no clube, Edmundo poderá voltar à equipe carioca, que está negociando seu retorno com os italianos.
Outra "baixa" considerável foi o meia-atacante Denílson, que deixou o São Paulo pelo Betis (Espanha).

Alguns jogadores foram contratados como reforço pelo mesmo clube duas vezes, em 97 e 98.
É o caso do atacante Valdir. Ás vésperas do Brasileiro-97, foi contratado pelo Atlético-MG ao Benfica (Portugal), embora seu passe pertencesse ao São Paulo.
No início deste ano, voltou ao clube paulista, mas, após mais de quatro meses de negociações, não conseguiu chegar a um acordo contratual.
Terminou voltando para o Atlético-MG, que comprou o seu passe em definitivo e o anunciou como um dos reforços para o Brasileiro-98.



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