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PAN-AMERICANO
Mangabeira marca retorno de negros, ausentes desde 1971
Nadador brasileiro rompe
barreira racial de 28 anos
FERNANDO ITOKAZU
da Reportagem Local
Depois de 28 anos, a seleção
brasileira de natação volta a ter
atletas negros na equipe que disputa um Pan-Americano.
Segundo a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), a última vez que a seleção
teve representantes negros na
competição foi em Cali, na Colômbia, em 1971, com Eliane Pereira e César Lourenço.
Para a disputa da modalidade
nos Jogos de Winnipeg, no Canadá, de 2 a 7 de agosto, a equipe terá, entre seus 29 competidores,
Gabriel Mangabeira, 17, e Edvaldo
Valério, 20.
Os atletas dizem não saber o
motivo da pouca presença de negros na elite da natação brasileira.
""Sempre vi bastante negros
competindo comigo, mas acho
que fui o único a conseguir grande destaque", diz Mangabeira,
que disputa seu primeiro Pan-Americano e é o mais novo da
equipe masculina. ""Não sei se falta apoio ou incentivo."
O atleta, que defende o Vasco,
nada em Winnipeg os 100 m borboleta, os 200 m medley e o revezamento 4 x 100 m medley.
Edvaldo Valério, que compete
pelo Baneb (BA), é o reserva no
revezamento 4 x 100 m livre.
Mangabeira afirma que ""dá para tentar lutar por uma medalha"
nos 100 m borboleta.
""Meu objetivo é quebrar o recorde brasileiro da prova, que é
54s25. Se conseguir isso, acho que
é possível sonhar com um lugar
no pódio", afirma o nadador, cuja
melhor marca é 54s86.
De acordo com o técnico Luiz
Raphael, do Vasco e da seleção
brasileira, o nadador deve ter uma
grande melhora nessa prova.
""Como ele é muito versátil, estávamos treinando para a prova de
medley. Mas, agora, para o Pan,
vamos priorizar o borboleta", disse Raphael. As provas de medley
reúnem os quatros estilos (borboleta, costas, peito e livre).
O treinador concorda que seu
atleta tenha chances de atingir a
melhor marca brasileira, mas é
mais reticente em relação às possibilidades de medalha.
""Acredito que o pódio é um
pouco difícil. Acho que é um pouco cedo para pensarmos em medalha, mas, sem dúvida, ele tem
um potencial muito grande", afirma Raphael. ""O recorde é totalmente plausível."
Mangabeira, que começou a nadar aos 4 anos incentivado pelo
avô, professor de natação, tem
uma carreira vitoriosa.
Foi vice-campeão nos Jogos
Mundiais da Juventude no ano
passado e possui 11 títulos sul-americanos em várias categorias.
Seu primeiro título brasileiro
absoluto veio no Troféu Brasil,
em junho, nos 200 m medley.
Na mesma competição, Mangabeira conseguiu índice para o
Pan-Americano nos 100 m borboleta. Conseguiu a medalha de
bronze na prova, mas foi o melhor brasileiro -ficou atrás de
Denis Silantiev e James Hickman,
finalistas no Mundial de piscina
curta, em abril, em Hong Kong.
De acordo com Raphael, é raro
um nadador conseguir vaga na
seleção principal com 17 anos, como é o caso de Mangabeira.
""Com essa idade, o corpo do
homem ainda está em formação.
Na equipe feminina, é mais comum termos atletas mais novas",
disse o técnico, que o acompanha
há um ano e meio.
Apesar do porte físico de Mangabeira (1,92 m de altura e 83 kg),
Raphael disse que o atleta tem o
corpo de ""um menino".
O nadador afirma que nunca fez
um bom trabalho de musculação
por ser muito novo. ""Só agora o
programa de musculação deve ficar mais intenso."
Raphael cita Gustavo Borges,
dono de três medalhas olímpicas,
como um exemplo de trabalho
bem-sucedido de musculação.
""Ele (Borges) era magrinho, sequinho. Com certeza, seu desenvolvimento muscular o ajudou a
alcançar seus tempos atuais."
Mangabeira diz que, por enquanto, não pretende se mudar
para os EUA, onde treinam alguns dos principais nadadores do
Brasil, como Borges, Fernando
Scherer e Fabíola Molina.
""No meu caso, a estrutura aqui é
parecida à que eu encontraria lá",
afirma o nadador, que está no terceiro ano do ensino médio e diz
pretender fazer algum ""curso na
área de comunicação social".
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