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Valeu!
A seleção brasileira está de
parabéns pela conquista do título da Copa América no Paraguai. Era o que se esperava, pela qualidade de seus jogadores
e pela fraqueza dos times adversários.
A equipe brasileira teve uma
grande virtude: jogou com seriedade,
sem menosprezar as
outras equipes.
Wanderley Luxemburgo manteve o
mesmo desenho tático de seu antecessor,
Zagallo, (4-3-1-2),
mas introduziu algumas variações importantes.
No lugar de colocar
um volante fixo entre os zagueiros e liberar, ao mesmo tempo, os laterais para o apoio, o treinador
alternou o avanço dos laterais.
Quando um atacava, o outro
ficava recuado, marcando um
atacante adversário, para sobrar um zagueiro.
Como os laterais brasileiros
são muito marcados, Luxemburgo colocou o Zé Roberto
funcionando como um ala-ponta-esquerda, nas costas do
marcador do Roberto Carlos,
enganando o adversário.
Só faltou a mesma jogada pelo lado direito.
Espero ver, em breve, o segundo volante da seleção jogando pela direita, com a mesma função do armador do lado
esquerdo, formando um triângulo com somente um volante
fixo recuado pelo meio e um
armador de cada lado, defendendo e atacando.
Outra mudança em relação à
equipe que disputou a Copa da
França em 98 é que o jogador
de ligação do meio-campo ao
ataque (Rivaldo) passou a não
ter a obrigação de marcar no
campo da seleção brasileira,
formando, na prática, três atacantes.
Luxemburgo está percebendo
que a capacidade de exercer a
marcação por pressão, com
mais qualidade e por mais
tempo, e de sair dela -o que
não aconteceu na partida contra a Argentina- é hoje um
dos segredos da vitória.
Como já era previsto, o goleiro Dida brilhou. Ele tem grandes chances de se tornar um
destaque permanente da seleção brasileira.
Cafu e Roberto Carlos jogaram muito bem na defesa -a
principal função-, e o lateral-esquerdo brilhou também no
apoio. Talvez ele tenha sido o
melhor jogador do time do
Brasil na competição, pois esteve bem em todas as partidas.
Os zagueiros foram apenas
regulares. Creio que não faria
muita diferença se Odvan tivesse atuado no lugar de João
Carlos.
Os volantes foram eficientes
na marcação, mas continuam
fracos no apoio, principalmente Flávio
Conceição.
Émerson conquistou a posição de titular ao lado do Vampeta, que fez muita
falta ao time.
Zé Roberto me surpreendeu positivamente, formando
uma ótima dupla
com Roberto Carlos.
Rivaldo, Ronaldo e
Amoroso alternaram
momentos brilhantes e ruins,
característica dos grandes jogadores.
Mesmo quando atuam mal,
Rivaldo e Ronaldo são imprescindíveis e fazem a diferença
contra qualquer seleção do
mundo.
Prefiro o Rivaldo como armador pelo lado esquerdo, e
não pelo meio, próximo aos
atacantes.
Nessa posição, ele é facilmente marcado quando joga contra uma forte defesa, como a da
seleção argentina.
Pelo lado esquerdo, o jogador
faria o mesmo número de gols
e abriria vaga, no meio, para
um jogador de mais visão do
conjunto, necessário para essa
posição (Alex, Ronaldinho,
Djalminha).
Luxemburgo mostrou sua
competência. Seus treinos técnicos e táticos são brilhantes.
Espero que com o tempo ele
possa introduzir outras variações na equipe, para não ser
surpreendido.
Por outro lado, o treinador
confunde respeito e boa convivência social com cumplicidade. Ele não entende que posso
criticá-lo e elogiá-lo, dependendo da situação.
Não sou contra nem a favor
do treinador. Analiso o fato.
Como ele não gosta das críticas, prefiro a distância. Não
quero nem necessito de sua informação privilegiada, como
continua acontecendo.
Não se pode tirar conclusões
definitivas com o título da Copa América, pois jogamos contra fracos adversários.
Não há motivos para desmerecer nem exaltar a conquista,
muito menos para a seleção ser
recebida pelo presidente da República, como sempre preocupado com os problemas menos
urgentes do país.
Globalização do futebol
Sempre se falou que a filosofia e o sistema tático europeu
eram diferentes do brasileiro e
do sul-americano.
Os europeus jogavam com
três zagueiros e dois alas, e os
sul-americanos atuavam com
dois zagueiros e dois laterais.
Tudo mudou. Muitas seleções européias (como França,
Holanda etc.) estão jogando
como a equipe do Brasil, e quase todas as seleções que atuaram na Copa América-99 (como Argentina, Chile, México e
outras) estão jogando como os
europeus.
É a globalização do futebol,
misturando as diferenças.
Vejo positivamente essa mudança, já que não existe um
sistema tático melhor do que o
outro para todos os momentos.
Não se pode é jogar sempre
da mesma maneira, pois o futebol é um esporte muito rico
em mistérios, em detalhes e na
imprevisibilidade.
É preciso criar ainda mais
variações, para que a beleza, o
talento e a emoção do futebol
sobrevivam.
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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