São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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Time repudia uso político de jogo no Ceará

DO ENVIADO A FORTALEZA

Apesar das evidências de que o amistoso de hoje será uma espécie de comício em favor da candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência, os jogadores da seleção repudiaram um possível uso político da partida.
"Está sabendo, Roberto, que a seleção vai fazer campanha?", disse Denílson, em tom de ironia, a Roberto Carlos ao ser questionado pela Folha sobre o assunto. O lateral balançou a cabeça negativamente. "Não estou sabendo de nada e acho que a seleção não tem que fazer campanha para ninguém", afirmou o atleta do Betis.
Roberto Carlos seguiu no mesmo tom. Questionado sobre em quem votaria, declarou: "Não pensei nisso, não. Não estou vendo nada de política".
O volante Emerson, cortado do time da Copa às vésperas do torneio, mas convidado para o jogo de hoje, rejeitou a participação em qualquer atividade extra-futebol. "Não estamos aqui para fazer política."
Mais jovem da seleção, o são-paulino Kaká, 20, disse que "não tem nada a ver política com futebol". "Prefiro não misturar essas coisas."
Mesmo faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno das eleições, os atletas ouvidos pela reportagem demonstraram ainda um desconhecimento crasso em relação ao atual cenário político nacional, o mesmo desdém que revelaram durante a Copa, quando apenas um entre os 23 convocados disse ter simpatia por algum candidato -o evangélico Edmílson, pelo evangélico Garotinho (PSB).
"Felizmente só sei jogar futebol. Política não é problema nosso. Só temos que entrar em campo e jogar", afirmou Cafu.
"Não vou opinar sobre essa situação. Isso é uma coisa particular e jamais vou falar sobre o assunto", disse o meia-atacante Rivaldo, que causou alarde ao criticar abertamente as cobranças do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o desempenho da seleção. Após o título mundial, quando FHC finalmente parabenizou a seleção, Rivaldo voltou a criticá-lo, afirmando que era fácil "falar bem só nas vitórias".
Denílson foi além dos colega e disse que vai votar nulo. Justifica: "Não gosto de política".
Apesar da simpatia por Garotinho, Edmílson, que vive na França, onde joga no Lyon, disse que não sabe ainda se vai à embaixada brasileira para votar. Como metade do time atua no exterior, a dúvida do zagueiro atormenta também seus colegas "estrangeiros".
Nem o técnico Luiz Felipe Scolari, simpatizante confesso de Ciro, deu pitaco sobre o teor político do amistoso. "Se existe política ou não, se alguém vai fazer alguma coisa ou não, não é minha parte. Eu cuido da parte técnica." O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, vai votar em Ciro, mas como "pessoa física". Alega que a entidade não fará campanha para nenhum candidato. (FV)



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