São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PINGUE-PONGUE

Mamede afirma que trabalho foi malfeito e vê futuro sombrio

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fato de o judô ser até agora a única modalidade brasileira com medalhas em Atenas não ilude Joaquim Mamede, 75. O ex-dirigente da CBJ, que comandou a entidade durante 21 anos, disse estar "muito triste" com o desempenho brasileiro em Atenas. E prognosticou um futuro ainda pior para o Brasil.
 

Folha - A CBJ prometera "uma melhora quantitativa e qualitativa" em relação a Sydney. Por que isso não aconteceu?
Joaquim Mamede -
A programação foi muito malfeita, a despeito do investimento recorde. Eu trouxe nove medalhas sem nenhum tostão. Hoje, o judô tem dinheiro, mas gasta errado. É absurdo mandar a equipe para aclimatação em Portugal, país sem tradição. Pior ainda é convidar os estrangeiros para treinar aqui no ano olímpico. Os rivais já sabiam o que os brasileiros tinham de melhor e pior.

Folha - Os erros foram apenas dos dirigentes? Técnicos e atletas têm responsabilidade?
Mamede -
Os atletas não têm culpa de nada. Eles só cumprem ordens. O problema começou com a troca dos técnicos antigos por outros despreparados. O mais triste é ver o Ney Wilson [diretor da CBJ] e o Luís Shinohara [técnico do masculino] criticarem os atletas agora. Faltou atitude aos técnicos desde o início. Deviam ter coibido o oba-oba em torno do Honorato e suas promessas de ouro.

Folha - O que esperar do judô brasileiro no futuro?
Mamede -
Vejo um futuro sombrio. A gestão atual acabou com a renovação. Até o Leandro Guilheiro, de 21 anos, é cria da minha época.


Texto Anterior: Judô: Tatame troca pratas por bronzes, e cartola diz que isso não é importante
Próximo Texto: Natação: Com Delaroli, mulheres batem os homens
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.