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PINGUE-PONGUE
Mamede afirma que trabalho foi malfeito e vê futuro sombrio
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
O fato de o judô ser até agora a
única modalidade brasileira
com medalhas em Atenas não
ilude Joaquim Mamede, 75. O
ex-dirigente da CBJ, que comandou a entidade durante 21 anos,
disse estar "muito triste" com o
desempenho brasileiro em Atenas. E prognosticou um futuro
ainda pior para o Brasil.
Folha - A CBJ prometera "uma
melhora quantitativa e qualitativa" em relação a Sydney. Por que
isso não aconteceu?
Joaquim Mamede - A programação foi muito malfeita, a despeito do investimento recorde.
Eu trouxe nove medalhas sem
nenhum tostão. Hoje, o judô
tem dinheiro, mas gasta errado.
É absurdo mandar a equipe para
aclimatação em Portugal, país
sem tradição. Pior ainda é convidar os estrangeiros para treinar aqui no ano olímpico. Os rivais já sabiam o que os brasileiros tinham de melhor e pior.
Folha - Os erros foram apenas
dos dirigentes? Técnicos e atletas
têm responsabilidade?
Mamede - Os atletas não têm
culpa de nada. Eles só cumprem
ordens. O problema começou
com a troca dos técnicos antigos
por outros despreparados. O
mais triste é ver o Ney Wilson
[diretor da CBJ] e o Luís Shinohara [técnico do masculino] criticarem os atletas agora. Faltou
atitude aos técnicos desde o início. Deviam ter coibido o oba-oba em torno do Honorato e
suas promessas de ouro.
Folha - O que esperar do judô
brasileiro no futuro?
Mamede - Vejo um futuro
sombrio. A gestão atual acabou
com a renovação. Até o Leandro
Guilheiro, de 21 anos, é cria da
minha época.
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