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JUDÔ
País mantém tradição de medalha, mas desce um degrau no pódio em relação a Sydney
Tatame troca pratas por bronzes, e cartola diz que isso não é importante
EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
O judô brasileiro manteve a pose de ganhador de medalha olímpica (duas de bronze) na Grécia,
mas retrocedeu um degrau, já que
vinha de duas pratas em Sydney-00. Repetiu a campanha de Atlanta-96. Desde Los Angeles-84, o judô volta para casa com medalha.
A balança do último ciclo olímpico (Sydney-Atenas), no entanto, ainda tem um contrapeso: o
dinheiro do governo federal, que
não existia até os Jogos de 2000.
A Lei Piva, em 2002 e 2003, brindou a modalidade com cerca de
R$ 2,2 milhões e, na previsão dos
repasses de 2004, o valor deve
chegar a R$ 1,4 milhão. A essa bolada somou-se ainda R$ 800 mil
da Coca-Cola para a preparação
da equipe olímpica permanente.
"O dinheiro não traz medalha.
Tem outros fatores envolvidos. A
França investe 2 milhões por
ano", afirmou Floriano Paula Almeida Neto, técnico do time nacional feminino, fazendo comparação com o desempenho francês
-uma prata no feminino.
O judô atingiu a marca de 12
medalhas (dois ouros, três pratas
e sete bronzes), todas no masculino, empatando com atletismo e
vela, recordistas na história olímpica brasileira, modalidades que
seguem na disputa em Atenas.
"O Brasil foi ao pódio duas vezes. A situação é a mesma de
Sydney, e isso é o que importa. A
diferença da medalha é menos
importante. Um pequeno detalhe
pode levar do bronze ao ouro",
disse o chefe da delegação brasileira, Ney Wilson Pereira da Silva.
Ele ressaltou, porém, que a sua
avaliação era superficial e que só
no Brasil, após análise detalhada
da comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô, integrada por 15 membros (técnicos, médico, psicólogo, nutricionista e
outros) é que teria como dar uma
opinião mais fechada sobre o desempenho da equipe.
Apesar disso, Ney Wilson não
escondeu que a expectativa da comissão técnica era que a seleção
retornasse ao Brasil com duas ou
até quatro medalhas. Para ele, o
bronze de Flávio Canto no meio-médio (até 81 kg) foi fruto da experiência do judoca de 29 anos,
enquanto o bronze do leve (até 73
kg) Leandro Guilheiro, o mais jovem da equipe com 21 anos, mostra evolução na renovação.
Os tropeços de outros atletas experientes é que, segundo o dirigente, "surpreenderam".
Citou o médio (até 90 kg) Carlos
Honorato, que foi prata em
Sydney e era apontado como favorito em Atenas, mas sofreu
duas derrotas em quatro lutas. A
meio-médio (até 63 kg) Vânia Ishii, outra aposta, não passou da
estréia. A meio-pesado (até 78 kg)
Edinanci Silva repetiu o sétimo
lugar de Atlanta e Sydney.
O presidente da CBJ, Paulo
Wanderley, sucessor da família
Mamede, que comandou a entidade por 21 anos, fez em Atenas
sua estréia em Jogos e diz que a
campanha "ficou na média".
"Não foi o ideal, mas também
não foi uma derrota", afirmou.
O dirigente disse que o montante proveniente da Lei Piva e do patrocinador da CBJ não foi destinado exclusivamente para a seleção
principal e a Olimpíada.
"Globalmente o dinheiro foi
bem investido. Tivemos boa performance no Mundial e no Pan-Americano de 2003 e no Mundial
júnior", afirmou Wanderley. Ele
lembrou que países com boa estrutura, como Espanha, Polônia e
Grã-Bretanha, nem chegaram ao
pódio. "Isso é Olimpíada."
Com oito medalhas de ouro e
duas de prata, o Japão foi o destaque do torneio de judô. A China
ficou em segundo (um ouro, duas
pratas e três bronzes). O Brasil
terminou em 16º na classificação.
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