São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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JUDÔ

País mantém tradição de medalha, mas desce um degrau no pódio em relação a Sydney

Tatame troca pratas por bronzes, e cartola diz que isso não é importante

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

O judô brasileiro manteve a pose de ganhador de medalha olímpica (duas de bronze) na Grécia, mas retrocedeu um degrau, já que vinha de duas pratas em Sydney-00. Repetiu a campanha de Atlanta-96. Desde Los Angeles-84, o judô volta para casa com medalha.
A balança do último ciclo olímpico (Sydney-Atenas), no entanto, ainda tem um contrapeso: o dinheiro do governo federal, que não existia até os Jogos de 2000.
A Lei Piva, em 2002 e 2003, brindou a modalidade com cerca de R$ 2,2 milhões e, na previsão dos repasses de 2004, o valor deve chegar a R$ 1,4 milhão. A essa bolada somou-se ainda R$ 800 mil da Coca-Cola para a preparação da equipe olímpica permanente.
"O dinheiro não traz medalha. Tem outros fatores envolvidos. A França investe 2 milhões por ano", afirmou Floriano Paula Almeida Neto, técnico do time nacional feminino, fazendo comparação com o desempenho francês -uma prata no feminino.
O judô atingiu a marca de 12 medalhas (dois ouros, três pratas e sete bronzes), todas no masculino, empatando com atletismo e vela, recordistas na história olímpica brasileira, modalidades que seguem na disputa em Atenas.
"O Brasil foi ao pódio duas vezes. A situação é a mesma de Sydney, e isso é o que importa. A diferença da medalha é menos importante. Um pequeno detalhe pode levar do bronze ao ouro", disse o chefe da delegação brasileira, Ney Wilson Pereira da Silva.
Ele ressaltou, porém, que a sua avaliação era superficial e que só no Brasil, após análise detalhada da comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô, integrada por 15 membros (técnicos, médico, psicólogo, nutricionista e outros) é que teria como dar uma opinião mais fechada sobre o desempenho da equipe.
Apesar disso, Ney Wilson não escondeu que a expectativa da comissão técnica era que a seleção retornasse ao Brasil com duas ou até quatro medalhas. Para ele, o bronze de Flávio Canto no meio-médio (até 81 kg) foi fruto da experiência do judoca de 29 anos, enquanto o bronze do leve (até 73 kg) Leandro Guilheiro, o mais jovem da equipe com 21 anos, mostra evolução na renovação.
Os tropeços de outros atletas experientes é que, segundo o dirigente, "surpreenderam".
Citou o médio (até 90 kg) Carlos Honorato, que foi prata em Sydney e era apontado como favorito em Atenas, mas sofreu duas derrotas em quatro lutas. A meio-médio (até 63 kg) Vânia Ishii, outra aposta, não passou da estréia. A meio-pesado (até 78 kg) Edinanci Silva repetiu o sétimo lugar de Atlanta e Sydney.
O presidente da CBJ, Paulo Wanderley, sucessor da família Mamede, que comandou a entidade por 21 anos, fez em Atenas sua estréia em Jogos e diz que a campanha "ficou na média".
"Não foi o ideal, mas também não foi uma derrota", afirmou.
O dirigente disse que o montante proveniente da Lei Piva e do patrocinador da CBJ não foi destinado exclusivamente para a seleção principal e a Olimpíada.
"Globalmente o dinheiro foi bem investido. Tivemos boa performance no Mundial e no Pan-Americano de 2003 e no Mundial júnior", afirmou Wanderley. Ele lembrou que países com boa estrutura, como Espanha, Polônia e Grã-Bretanha, nem chegaram ao pódio. "Isso é Olimpíada."
Com oito medalhas de ouro e duas de prata, o Japão foi o destaque do torneio de judô. A China ficou em segundo (um ouro, duas pratas e três bronzes). O Brasil terminou em 16º na classificação.


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