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VELA
Técnico de Torben e Marcelo Ferreira, medalhista planeja volta ao mar na star
Lars Grael ajuda o irmão nos Jogos de olho no rival de 2008
DO ENVIADO A ATENAS
A disputa acirrada não valia título. Muito menos uma medalha.
Torben e Lars Grael duelavam
apenas para escapar das últimas
posições nos Jogos Escolares Brasileiros. Não conseguiram.
No primeiro embate entre os irmãos, ocorrido em 1974 com pequenos barcos da classe pingüim,
ambos fracassaram e terminaram
o torneio como retardatários.
"Nosso material era horrível,
bem pior do que o dos adversários. A gente não tinha chance. Eu
ainda perdi do Torben e fiquei na
rabeira", recorda Lars.
O tempo passou, ambos melhoraram, ganharam dinheiro, viraram medalhistas olímpicos. Torben segue na carreira e dá início
hoje em Atenas a sua sexta participação nos Jogos. Lars sofreu um
grave acidente, vestiu terno e
construiu uma trajetória política.
Fim do duelo entre dois dos melhores velejadores do Brasil?
Não. E a afirmação vem justamente do integrante da família
Grael que estava mais distante do
esporte competitivo.
"Eu sinto muita saudade de
competir. Sinto falta desse clima
de Olimpíada. Nos últimos anos,
não tive tempo de treinar direito.
Mas quero me preparar melhor
para tentar uma vaga em 2008",
disse Lars, que está na Grécia como técnico da seleção brasileira.
Desde 6 de setembro de 1998,
quando o empresário Carlos Guilherme Lima Filho decepou-lhe
parte da perna direita com uma
lancha, Lars mudou de vida.
Com o respaldo de dois bronzes
nos Jogos, virou Secretário Nacional de Esportes de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Depois assumiu a Secretaria Estadual de Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo.
"Ele sempre discutia política
com o pai. Dava para ver desde
cedo que ele um dia encontraria
algo nessa área", revela Torben.
O problema é que a vela nunca
saiu de sua cabeça. E agora pode
sobrar para o irmão mais velho.
Lars, 41, conta que sua deficiência o atrapalha pouco em barcos
de quilha, como star, embarcação
com a qual Torben tenta em Atenas sua quinta medalha olímpica,
ao lado de Marcelo Ferreira.
"O timoneiro tem função tática,
de estratégia, com movimentação
limitada. Faço sem problema. Até
já tenho um proeiro forte e bem
preparado com quem velejo", diz.
Mesmo treinando "como um
amador" nos últimos anos, Lars já
venceu o irmão mais velho com
um star. Foi na semana pré-olímpica de vela, em 2002. "É um grande concorrente, muito técnico.
Seria um prazer se competisse comigo", diz Torben, 44.
Por enquanto, porém, nada de
confronto. Lars diz que agora vai
apenas amparar Torben na Grécia. "Ele e o Marcelo estão bem
mais calmos. Não defender o título alivia a pressão", conta.
Campeões em Atlanta-1996 e
bronze em Sydney-2000, Ferreira
e o parceiro foram os maiores entusiastas da presença de Lars no
corpo técnico. Hoje, são uma
grande ajuda. Amanhã, podem
ser um problema na luta para ir à
Pequim.
(GUILHERME ROSEGUINI)
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