São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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VELA

Técnico de Torben e Marcelo Ferreira, medalhista planeja volta ao mar na star

Lars Grael ajuda o irmão nos Jogos de olho no rival de 2008

DO ENVIADO A ATENAS

A disputa acirrada não valia título. Muito menos uma medalha. Torben e Lars Grael duelavam apenas para escapar das últimas posições nos Jogos Escolares Brasileiros. Não conseguiram.
No primeiro embate entre os irmãos, ocorrido em 1974 com pequenos barcos da classe pingüim, ambos fracassaram e terminaram o torneio como retardatários.
"Nosso material era horrível, bem pior do que o dos adversários. A gente não tinha chance. Eu ainda perdi do Torben e fiquei na rabeira", recorda Lars.
O tempo passou, ambos melhoraram, ganharam dinheiro, viraram medalhistas olímpicos. Torben segue na carreira e dá início hoje em Atenas a sua sexta participação nos Jogos. Lars sofreu um grave acidente, vestiu terno e construiu uma trajetória política.
Fim do duelo entre dois dos melhores velejadores do Brasil?
Não. E a afirmação vem justamente do integrante da família Grael que estava mais distante do esporte competitivo.
"Eu sinto muita saudade de competir. Sinto falta desse clima de Olimpíada. Nos últimos anos, não tive tempo de treinar direito. Mas quero me preparar melhor para tentar uma vaga em 2008", disse Lars, que está na Grécia como técnico da seleção brasileira.
Desde 6 de setembro de 1998, quando o empresário Carlos Guilherme Lima Filho decepou-lhe parte da perna direita com uma lancha, Lars mudou de vida.
Com o respaldo de dois bronzes nos Jogos, virou Secretário Nacional de Esportes de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Depois assumiu a Secretaria Estadual de Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo.
"Ele sempre discutia política com o pai. Dava para ver desde cedo que ele um dia encontraria algo nessa área", revela Torben.
O problema é que a vela nunca saiu de sua cabeça. E agora pode sobrar para o irmão mais velho.
Lars, 41, conta que sua deficiência o atrapalha pouco em barcos de quilha, como star, embarcação com a qual Torben tenta em Atenas sua quinta medalha olímpica, ao lado de Marcelo Ferreira.
"O timoneiro tem função tática, de estratégia, com movimentação limitada. Faço sem problema. Até já tenho um proeiro forte e bem preparado com quem velejo", diz.
Mesmo treinando "como um amador" nos últimos anos, Lars já venceu o irmão mais velho com um star. Foi na semana pré-olímpica de vela, em 2002. "É um grande concorrente, muito técnico. Seria um prazer se competisse comigo", diz Torben, 44.
Por enquanto, porém, nada de confronto. Lars diz que agora vai apenas amparar Torben na Grécia. "Ele e o Marcelo estão bem mais calmos. Não defender o título alivia a pressão", conta.
Campeões em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000, Ferreira e o parceiro foram os maiores entusiastas da presença de Lars no corpo técnico. Hoje, são uma grande ajuda. Amanhã, podem ser um problema na luta para ir à Pequim. (GUILHERME ROSEGUINI)


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