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Luxemburgo racha parceiros do HMTF
Cruzeiro faz oferta para treinador e irrita Corinthians e fundo dos EUA
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Unidos pela parceria com o fundo de investimentos HMTF, Corinthians e Cruzeiro deram início
ontem a uma guerra pelo técnico
Wanderley Luxemburgo.
O anúncio do presidente do clube mineiro, Zezé Perrella, de que
seu time tinha interesse em Luxemburgo após a queda de Ivo
Wortmann deflagrou um incêndio ontem no Parque São Jorge
-uma reunião entre o presidente
Alberto Dualib, o técnico e o vice
Antonio Roque Citadini foi convocada às pressas.
Não porque a diretoria corintiana estivesse morrendo de amores
pelo trabalho do ex-técnico da seleção. Mas Dualib entendeu como
"traição" e "falta de ética" a postura de seu colega.
E o presidente, por mais insatisfeito que esteja com os resultados
em campo do seu Corinthians,
não quer ser "passado para trás".
Uma coisa é demitir Luxemburgo, outra é ser deixado por ele.
Ainda mais agora, que a diretoria pediu uma trégua e voltou a
cogitar contratações ainda para
este semestre: André Luiz, César
Sampaio, Dida e Vágner estão na
lista corintiana.
Irritado com a notícia vinda de
Belo Horizonte, Dualib imediatamente telefonou para o principal
executivo do HMTF no Brasil,
Dick Law. O americano mandou
um recado aos cruzeirenses.
"Minha posição é uma só: não
há disputa entre Corinthians e
Cruzeiro", disse Law, que não
mudou de opinião quando informado sobre a postura de Perrella.
Surpreso, ele repetiu: "Não há nenhuma disputa entre os clubes".
O HMTF parece mesmo estar
ao lado do Corinthians nessa briga. Se o Cruzeiro quiser o técnico,
diferentemente do que foi proposto quando se tentava transferir marcelinho, terá que pagar a
multa rescisória, de cerca de R$ 2
milhões -do próprio bolso.
Para o HMTF, conta o fato de
ter sido o Corinthians quem bancou o retorno do técnico ao futebol, no momento em que estouravam várias denúncias contra ele.
Mas, se depender apenas da
vontade de Luxemburgo, Perrella
vai conseguir o que quer. Antes
do treino do Corinthians, o técnico, que já havia se oferecido ao
Palmeiras mais de uma vez, avisou-o que "resolveria a sua vida"
ainda ontem. Luxemburgo, valorizado apesar da péssima campanha do Corinthians no Brasileiro,
procurou capitalizar. O interesse
oficial do Cruzeiro demonstra, segundo ele, o seu potencial.
"Existe sim o interesse oficial.
Isso mostra que o trabalho está
sendo reconhecido. Mas não converso oficialmente porque tenho
um contrato com o Corinthians
até 2002. Falei com algumas pessoas ligadas ao Cruzeiro, mas não
me permito falar oficialmente
tendo contrato com um clube",
disse o técnico que, irritado com o
assédio da imprensa, não respondeu se iria pedir demissão.
Apesar de tentar se mostrar ético, Luxemburgo já esteve perto de
fechar com o Cruzeiro em junho,
quando Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção brasileira.
A informação é oficial do clube
mineiro. O assessor Valdyr Barbosa disse que, na época, o Cruzeiro também ofereceu a Luxemburgo o cargo de manager, sem as
restrições de interferência nas categorias de base que o técnico enfrenta no Parque São Jorge.
Com a promessa de que a diretoria corintiana acataria seu projeto de reformulação (dispensas e
contratações), Luxemburgo ficou, mas não esperava enfrentar
tantos desgastes: primeiro, com a
saída de Marcelinho; agora, com
os dirigentes, que não aprovam as
suas críticas.
Em Minas, Perrella disse que
não faltou com a ética. "O Wanderley é um grande treinador,
mas estamos esperando a reunião
dele com a diretoria [que não havia acabado até o término desta
edição"", finalizou o dirigente.
Colaborou a Agência Folha,
em Belo Horizonte
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