São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2001

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Luxemburgo racha parceiros do HMTF

Cruzeiro faz oferta para treinador e irrita Corinthians e fundo dos EUA

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Unidos pela parceria com o fundo de investimentos HMTF, Corinthians e Cruzeiro deram início ontem a uma guerra pelo técnico Wanderley Luxemburgo.
O anúncio do presidente do clube mineiro, Zezé Perrella, de que seu time tinha interesse em Luxemburgo após a queda de Ivo Wortmann deflagrou um incêndio ontem no Parque São Jorge -uma reunião entre o presidente Alberto Dualib, o técnico e o vice Antonio Roque Citadini foi convocada às pressas.
Não porque a diretoria corintiana estivesse morrendo de amores pelo trabalho do ex-técnico da seleção. Mas Dualib entendeu como "traição" e "falta de ética" a postura de seu colega.
E o presidente, por mais insatisfeito que esteja com os resultados em campo do seu Corinthians, não quer ser "passado para trás".
Uma coisa é demitir Luxemburgo, outra é ser deixado por ele.
Ainda mais agora, que a diretoria pediu uma trégua e voltou a cogitar contratações ainda para este semestre: André Luiz, César Sampaio, Dida e Vágner estão na lista corintiana.
Irritado com a notícia vinda de Belo Horizonte, Dualib imediatamente telefonou para o principal executivo do HMTF no Brasil, Dick Law. O americano mandou um recado aos cruzeirenses.
"Minha posição é uma só: não há disputa entre Corinthians e Cruzeiro", disse Law, que não mudou de opinião quando informado sobre a postura de Perrella. Surpreso, ele repetiu: "Não há nenhuma disputa entre os clubes".
O HMTF parece mesmo estar ao lado do Corinthians nessa briga. Se o Cruzeiro quiser o técnico, diferentemente do que foi proposto quando se tentava transferir marcelinho, terá que pagar a multa rescisória, de cerca de R$ 2 milhões -do próprio bolso.
Para o HMTF, conta o fato de ter sido o Corinthians quem bancou o retorno do técnico ao futebol, no momento em que estouravam várias denúncias contra ele.
Mas, se depender apenas da vontade de Luxemburgo, Perrella vai conseguir o que quer. Antes do treino do Corinthians, o técnico, que já havia se oferecido ao Palmeiras mais de uma vez, avisou-o que "resolveria a sua vida" ainda ontem. Luxemburgo, valorizado apesar da péssima campanha do Corinthians no Brasileiro, procurou capitalizar. O interesse oficial do Cruzeiro demonstra, segundo ele, o seu potencial.
"Existe sim o interesse oficial. Isso mostra que o trabalho está sendo reconhecido. Mas não converso oficialmente porque tenho um contrato com o Corinthians até 2002. Falei com algumas pessoas ligadas ao Cruzeiro, mas não me permito falar oficialmente tendo contrato com um clube", disse o técnico que, irritado com o assédio da imprensa, não respondeu se iria pedir demissão.
Apesar de tentar se mostrar ético, Luxemburgo já esteve perto de fechar com o Cruzeiro em junho, quando Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção brasileira.
A informação é oficial do clube mineiro. O assessor Valdyr Barbosa disse que, na época, o Cruzeiro também ofereceu a Luxemburgo o cargo de manager, sem as restrições de interferência nas categorias de base que o técnico enfrenta no Parque São Jorge.
Com a promessa de que a diretoria corintiana acataria seu projeto de reformulação (dispensas e contratações), Luxemburgo ficou, mas não esperava enfrentar tantos desgastes: primeiro, com a saída de Marcelinho; agora, com os dirigentes, que não aprovam as suas críticas.
Em Minas, Perrella disse que não faltou com a ética. "O Wanderley é um grande treinador, mas estamos esperando a reunião dele com a diretoria [que não havia acabado até o término desta edição"", finalizou o dirigente.


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte

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