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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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Come-Fogo faz interior reviver clássicos locais

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o seu Come-Fogo, o primeiro em quatro anos, a cidade de Ribeirão Preto viverá hoje uma rara emoção no futebol do interior paulista. O desequilíbrio entre os rivais e o desaparecimento de clubes fazem dos clássicos municipais algo quase impossível.
Nos campeonatos estaduais da Federação Paulista de Futebol em 2003, os derbys de quase todas cidades não aconteceram.
A lista inclui, além de Ribeirão Preto, cidades como Limeira (Inter x Independente), Rio Claro (Velo Clube x Rio Claro), São José do Rio Preto (América x Rio Preto), Guarulhos (Flamengo x AD Guarulhos) e São José dos Campos (São José x Joseense).
"Precisamos marcar um derby para aquecer a cidade", diz João Odmílson Bincoletto, presidente do Velo Clube, vislumbrando o clássico contra o Rio Claro.
As seis divisões do futebol paulista explicam em parte a falta de derbys. Em Rio Claro, o Velo joga na quarta divisão, e o time que leva o nome da cidade, na Série A-3.
No passado, os derbys eram frequentes graças ao inchaço da segunda divisão, que, na década de 80, chegou a ter mais de 50 clubes -hoje são menos de 20 equipes.
Para reviver seu clássico, Ribeirão Preto contou com a Série C do Nacional, em que qualquer clube poderia fazer sua inscrição. O reencontro promete levar muita gente ao estádio Santa Cruz -15 mil torcedores são esperados.
A cidade logo terá a chance de ver mais um Come-Fogo. As equipes voltam a se enfrentar no próximo domingo pela Série C.
Entretanto a rivalidade entre times da mesma cidade ganha toques de ironia quando são comparados os anos de vida das equipes à sua situação atual. Experiência não é sinônimo de bons resultados. E quem tem larga trajetória nos torneios da FPF está longe de alcançar o status dos novatos.
Sorocaba é um caso emblemático. Fundado em 1913, o São Bento está na segunda divisão e em grave crise financeira. Já o Atlético Sorocaba, bancado pela seita do reverendo Moon, ascende: fundado em 1991, disputa na próxima temporada a primeira divisão.
Em Guarulhos, acontece o mesmo. Com 22 anos de competições profissionais, a AD Guarulhos está caindo para a quinta divisão. Enquanto o Flamengo, na quinta divisão em 1998, está na segunda.

Fusão
Rotina no mundo dos negócios, as fusões são tabu para esses clubes. "Por nós, a fusão já teria acontecido, mas os conselheiros mais antigos do clube me matam", diz João Odmílson Bincoletto, presidente do Velo, a favor de unir seu time com o Rio Claro.
Em Guarulhos, a fusão é afastada pela falta de interesse. "Creio que a cidade comporta duas equipes profissionais", diz Ricardo Beires, presidente do Flamengo.
Em São José dos Campos, a dificuldade é financeira. "O São José tem muitas dívidas", diz Carlos Davoli, o presidente da Joseense. Os débitos do clube superam os R$ 5 milhões, a maior parte da dívida é com o INSS.



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