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Come-Fogo faz interior reviver clássicos locais
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o seu Come-Fogo, o primeiro em quatro anos, a cidade
de Ribeirão Preto viverá hoje uma
rara emoção no futebol do interior paulista. O desequilíbrio entre os rivais e o desaparecimento
de clubes fazem dos clássicos municipais algo quase impossível.
Nos campeonatos estaduais da
Federação Paulista de Futebol em
2003, os derbys de quase todas cidades não aconteceram.
A lista inclui, além de Ribeirão
Preto, cidades como Limeira (Inter x Independente), Rio Claro
(Velo Clube x Rio Claro), São José
do Rio Preto (América x Rio Preto), Guarulhos (Flamengo x AD
Guarulhos) e São José dos Campos (São José x Joseense).
"Precisamos marcar um derby
para aquecer a cidade", diz João
Odmílson Bincoletto, presidente
do Velo Clube, vislumbrando o
clássico contra o Rio Claro.
As seis divisões do futebol paulista explicam em parte a falta de
derbys. Em Rio Claro, o Velo joga
na quarta divisão, e o time que leva o nome da cidade, na Série A-3.
No passado, os derbys eram frequentes graças ao inchaço da segunda divisão, que, na década de
80, chegou a ter mais de 50 clubes
-hoje são menos de 20 equipes.
Para reviver seu clássico, Ribeirão Preto contou com a Série C do
Nacional, em que qualquer clube
poderia fazer sua inscrição. O
reencontro promete levar muita
gente ao estádio Santa Cruz -15
mil torcedores são esperados.
A cidade logo terá a chance de
ver mais um Come-Fogo. As
equipes voltam a se enfrentar no
próximo domingo pela Série C.
Entretanto a rivalidade entre times da mesma cidade ganha toques de ironia quando são comparados os anos de vida das equipes à sua situação atual. Experiência não é sinônimo de bons resultados. E quem tem larga trajetória
nos torneios da FPF está longe de
alcançar o status dos novatos.
Sorocaba é um caso emblemático. Fundado em 1913, o São Bento
está na segunda divisão e em grave crise financeira. Já o Atlético
Sorocaba, bancado pela seita do
reverendo Moon, ascende: fundado em 1991, disputa na próxima
temporada a primeira divisão.
Em Guarulhos, acontece o mesmo. Com 22 anos de competições
profissionais, a AD Guarulhos está caindo para a quinta divisão.
Enquanto o Flamengo, na quinta
divisão em 1998, está na segunda.
Fusão
Rotina no mundo dos negócios,
as fusões são tabu para esses clubes. "Por nós, a fusão já teria
acontecido, mas os conselheiros
mais antigos do clube me matam", diz João Odmílson Bincoletto, presidente do Velo, a favor
de unir seu time com o Rio Claro.
Em Guarulhos, a fusão é afastada pela falta de interesse. "Creio
que a cidade comporta duas equipes profissionais", diz Ricardo
Beires, presidente do Flamengo.
Em São José dos Campos, a dificuldade é financeira. "O São José
tem muitas dívidas", diz Carlos
Davoli, o presidente da Joseense.
Os débitos do clube superam os
R$ 5 milhões, a maior parte da dívida é com o INSS.
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