CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Sábado, 16 de outubro, ventos fortes, mar mexido e ondas irregulares. Mesmo assim, esse foi um dia inesquecível para o ubatubense Renato Galvão, 22, o dia em que se sagrou campeão brasileiro de surfe profissional na praia de Itaúna, Saquarema, Rio.
O curioso é que Renato nem precisou entrar no mar para levar o título do Super Surf: quando, às 7h30, seu conterrâneo Odirlei Coutinho foi derrotado pelo carioca Simão Romão na quarta fase do torneio, Renato, na areia, foi anunciado como novo campeão do circuito. Aí, para melhorar ainda mais, no domingo ele venceu a etapa ao bater o catarinense Andreas Eduardo na final e coroou o título, que, após nove anos, volta a São Paulo (em 95, outro ubatubense, Ricardo Toledo, foi o campeão da Associação Brasileira de Surf Profissional, o antigo Campeonato Brasileiro).
Mais tarde, Renato explicou o que iria fazer com os R$ 22 mil concedidos ao campeão da etapa: trocar seu Fiat Prêmio 92, esquecendo que receberia um Volkswagen Saveiro pelo título nacional.
A premiação, alta para padrões nacionais (foram distribuídos R$ 600 mil e dois carros -o prêmio pelo título feminino incluiu um VW Gol), mostra a evolução do circuito profissional brasileiro. Criado em 2000, o Super Surf finalmente se firmou, com a parceria de bons patrocinadores e a realização de etapas sólidas, neste ano em Florianópolis (SC), Maresias (SP), Ipojuca (PE), Itamambuca (SP) e Itaúna. Em 2005, BA e/ou RS devem integrar o circuito, e o prêmio de R$ 132 mil por etapa já foi anunciado.
A conquista deu a Renato o direito de disputar a etapa brasileira do WCT, de 1º a 10 de novembro, em Florianópolis. Lá, o ubatubense terá a chance de enfrentar pela primeira vez na carreira a elite do surfe mundial, algo que seguramente ele pretende passar a fazer com freqüência num futuro breve. Em três anos como profissional, ele foi campeão paulista e do Trials do Brasileiro, venceu uma etapa do WQS da Inglaterra e agora o Super Surf. Dá para imaginar o que vem pela frente.
E, se no sábado Renato obteve o título por antecipação, no domingo ensolarado a história se repetiu na categoria feminina. A cearense Silvana Lima sagrou-se campeã nacional e levou o caneco da etapa de Saquarema. Assim como Renato, testemunhou da areia o momento em que faturava o título nacional: na semifinal, a paulista Suelen Naraisa perdeu para a veterana carioca Andrea Lopes, resultado que garantiu a Silvana o título. Também como Renato ela se profissionalizou em 2002, foi campeã do Trials em 2003, venceu um WQS na França e, de quebra, com 19 anos, tornou-se a mais jovem campeã brasileira. Na final em Saquá, venceu Andrea e valorizou mais o troféu.
E, se por um lado o circuito deste ano fica marcado pelo sucesso dos novos talentos, por outro registra a volta de veteranos ao topo do ranking. Além de Wagner Pupo, 36, que se mantém entre os primeiros há 17 temporadas e neste ano terminou em quarto, Pedro Muller, 38, Jojó de Olivença, 37, e Fabio Gouveia, 35, reconquistaram suas vagas no top 16.

Florianópolis - WQS
Começa na segunda o período de espera Onbongo Pro Surfing, etapa seis estrelas da divisão de acesso do Mundial. Mais de 200 atletas de 16 países estão inscritos, entre eles Tom Curren, e 31 dos top 44 do WCT. Neco Padaratz, segundo no ranking, luta pelo bi da divisão.

Florianópolis - WCT
Dificilmente Andy Irons não irá festejar o tri mundial nas ondas catarinenses. Só seu parceiro de equipe, Joel Parkinson, pode ameaçá-lo.

Corrida de aventura
Começou na segunda, na Costa do Dendê, Bahia, o Ecomotion 2004, que neste ano terá 49 equipes de 11 países e percurso de 480 km. A previsão é que os primeiros colocados fechem a prova no dia 24.

E-mail sarli@trip.com.br


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