São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Pontos corridos e outros pontos

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Eurico Miranda, presidente do Vasco, disse à Folha que "esse sistema [pontos corridos] é feito sob medida para times pequenos, como o Atlético-PR". Primeiro, podemos discutir o que é "time pequeno". O Atlético foi campeão brasileiro há bem pouco tempo -e no mata-mata, como lembrou Mario Celso Petraglia. A torcida pode ser bem menor que a do Vasco, a história bem menos recheada de glórias, mas um time com um belo estádio, uma torcida apaixonada e um punhado de bons atletas é "pequeno" por quê?
Na prática, há dois tipos de times: os bons e os ruins. Os bons podem assumir formas -uns encantam, e outros preferem a eficácia que é adjetivada como "de time pequeno", com postura cautelosa e prioridade para a defesa. Esses às vezes chegam a ser campeões, não necessariamente nos pontos corridos -que o digam Once Caldas e Grécia. E o Santo André, indiscutivelmente uma equipe "pequena", com uma folha salarial incomparavelmente menor que a do Vasco, faturou o maior mata-mata do Brasil...
Não é obrigatório gostar de pontos corridos. Entendo quem prefere as fórmulas com oitavas e quartas-de-final ou com uma final. Mas não concordo com teses do tipo "é ruim para a TV", "é bom para os times pequenos". A não ser com uma delas: o torneio longo é bom para quem tem talentos, estrutura e planejamento.
 
A queda do número de torcedores nos estádios não pode ser atribuída à formula de disputa. A Copa do Brasil e os estaduais também tiveram públicos ruins. O torcedor não vai ao estádio por medo da violência, por falta de dinheiro, por aversão ao desconforto e por descrença no próprio time. Quando se enamora de sua equipe, ou quando toma a firme decisão de apoiá-la, desconsidera os motivos anteriores e vai -como está ocorrendo com a torcida do Bahia, que está lotando a Fonte Nova e dando um espetáculo de entusiasmo (se bem que na última rodada foi a do Náutico que fez a festa). Aliás, se a Série A tivesse mais times do Nordeste, a média de público seria maior. O Fortaleza ajudou muito a aumentar os números em 2003.
 
Parreira tem razão quando diz que é difícil tomar a bola de um time como o da Colômbia -jogando de uma maneira que ele defende, valorizando a posse de bola e se arriscando pouco. Por isso, achei exagerados os protestos de jogadores da seleção que condenaram o antijogo. O que você faria se estivesse na lanterna e enfrentasse o Brasil aqui? Viria para cima, na linha do "perdido por um ..."? A Colômbia não foi violenta ou desleal, só foi cautelosa. Como lembraram vários leitores, o Brasil de Ronaldo e Ronaldinho é que tem de se virar para superar times fechados -com jogadas pelas pontas, tabelas, bolas paradas (por que Alex não cobrou faltas e escanteios?) ou lances individuais... Esse é o preço de sermos campeões do mundo -"cada um com seus problemas".

Espetáculo
E pensar que Mancini pensou em pôr Adriano de castigo por ter se atrasado na reapresentação... Contra a Udinese, nosso tanque fez gol de falta e outro em que driblou meio time, antes de 12 minutos de jogo! A ausência dele castigaria o time.

Triste espetáculo
Jogar com portões fechados seria uma boa forma de punir o Atlético-MG pelo descontrole de seus torcedores no Independência. Seria importante localizar os agressores para que fossem severamente punidos. Quem saiu do estádio sem sapato deveria ser interpelado... E teria de haver uma inspeção das arquibancadas -não poderia ser tão fácil arrancar pedaços do chão (vai dizer que os torcedores levaram pedras de casa?).

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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