São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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de improviso

Alonso correrá GP Brasil empurrado por motor B

Após testes na França, Renault decide mudar o propulsor usado em Interlagos

Equipe tenta minimizar, mas piloto espanhol, virtual campeão da F-1, afirma que "algo perigoso" foi detectado no propulsor

FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltavam duas horas para o primeiro treino em Interlagos quando o telefone tocou nos boxes da Renault em Interlagos. Do outro lado da linha, engenheiros da fábrica em Viry-Châtillon, na França. Instantes depois, a ordem para os mecânicos: trocar imediatamente o motor de Fernando Alonso.
O serviço foi executado com rapidez. Às 11h, início da programação oficial do GP Brasil, o propulsor que amanheceu no carro reserva já estava no modelo escolhido pelo espanhol para lutar pelo bicampeonato.
Como não chegou a sair dos boxes com o motor original, o piloto escapou de ser punido com a perda de dez posições no grid que será definido hoje.
Mas a mudança de planos e o corre-corre nos boxes acenderam um sinal de alerta no time. O treino classificatório para o GP Brasil começa às 14h. Antes, às 11h, acontece a terceira e última sessão de treinos livres.
Embora, no discurso, a Renault tente minimizar o caso, o fato é que Alonso correrá o fim de semana decisivo do Mundial de F-1 com um motor que não era sua primeira opção.
A equipe trouxe três evoluções do seu motor para Interlagos, batizadas de D4, D5 e E. Nas duas últimas etapas do campeonato, China e Japão, Alonso e seu companheiro, Giancarlo Fisichella, usaram a versão D4. No Brasil, o espanhol correria com a D5, dez cavalos mais potente que a anterior. Já o italiano está utilizando a E, mais radical e com 30 cavalos a mais de potência.
Situação normal na F-1, enquanto o time trabalhava em São Paulo na montagem dos carros, a 9.400 km de distância os engenheiros da Renault passaram os últimos dias testando unidades idênticas dos motores nos dinamômetros da sede de Viry, nos arredores de Paris.
"O teste indicou que o propulsor que estava no carro reserva oferecia uma melhor relação desempenho-resistência", declarou Denis Chevrier, chefe de motores da equipe. Alonso, menos diplomático, deu uma versão mais crua sobre o que aconteceu. "Viram algo perigoso no motor que tínhamos. Então decidimos trocar pelo que estava no carro reserva porque era completamente normal, era igual ao que usamos nas últimas corridas", declarou. "Na prova poderei até usar mais giros. Mas eu não cogito isso. Não vou precisar."
Embora a escuderia não revele quais os componentes que determinaram a mudança de planos, a imprensa espanhola noticiou que seriam detalhes na cerâmica das válvulas.
"Foi apenas uma questão de precaução", anunciou a assessoria do time, reforçando o rol de atitudes cautelosas de Alonso e seu entourage nos últimos dias. Assim que pisou em Interlagos, o espanhol revelou que tem pensado ininterruptamente na decisão e que deixou de praticar atividades físicas nos últimos dias com medo de se machucar e não poder correr.
A atitude tem raiz na matemática do campeonato. Para ser campeão amanhã, ele não precisa se arriscar, não precisa vencer, não precisa nem sequer subir ao pódio. Basta ser oitavo colocado na corrida.
Ontem, a exemplo da maioria dos titulares, Alonso não fechou volta na primeira sessão de treinos. Na segunda, com todos na pista -os 22 titulares, mais sete de testes-, ficou em décimo lugar, 1s273 mais lento que Alexander Wurz, piloto reserva da Williams.


Colaborou LUÍS FERRARI, da Reportagem Local


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