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de improviso
Alonso correrá GP Brasil empurrado por motor B
Após testes na França, Renault decide mudar o propulsor usado em Interlagos
Equipe tenta minimizar,
mas piloto espanhol, virtual
campeão da F-1, afirma
que "algo perigoso" foi
detectado no propulsor
FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Faltavam duas horas para o
primeiro treino em Interlagos
quando o telefone tocou nos
boxes da Renault em Interlagos. Do outro lado da linha, engenheiros da fábrica em Viry-Châtillon, na França. Instantes
depois, a ordem para os mecânicos: trocar imediatamente o
motor de Fernando Alonso.
O serviço foi executado com
rapidez. Às 11h, início da programação oficial do GP Brasil, o
propulsor que amanheceu no
carro reserva já estava no modelo escolhido pelo espanhol
para lutar pelo bicampeonato.
Como não chegou a sair dos
boxes com o motor original, o
piloto escapou de ser punido
com a perda de dez posições no
grid que será definido hoje.
Mas a mudança de planos e o
corre-corre nos boxes acenderam um sinal de alerta no time.
O treino classificatório para o
GP Brasil começa às 14h. Antes,
às 11h, acontece a terceira e última sessão de treinos livres.
Embora, no discurso, a Renault tente minimizar o caso, o
fato é que Alonso correrá o fim
de semana decisivo do Mundial
de F-1 com um motor que não
era sua primeira opção.
A equipe trouxe três evoluções do seu motor para Interlagos, batizadas de D4, D5 e E.
Nas duas últimas etapas do
campeonato, China e Japão,
Alonso e seu companheiro,
Giancarlo Fisichella, usaram a
versão D4. No Brasil, o espanhol correria com a D5, dez cavalos mais potente que a anterior. Já o italiano está utilizando a E, mais radical e com 30
cavalos a mais de potência.
Situação normal na F-1, enquanto o time trabalhava em
São Paulo na montagem dos
carros, a 9.400 km de distância
os engenheiros da Renault passaram os últimos dias testando
unidades idênticas dos motores nos dinamômetros da sede
de Viry, nos arredores de Paris.
"O teste indicou que o propulsor que estava no carro reserva oferecia uma melhor relação desempenho-resistência", declarou Denis Chevrier,
chefe de motores da equipe.
Alonso, menos diplomático,
deu uma versão mais crua sobre o que aconteceu. "Viram algo perigoso no motor que tínhamos. Então decidimos trocar pelo que estava no carro reserva porque era completamente normal, era igual ao que
usamos nas últimas corridas",
declarou. "Na prova poderei até
usar mais giros. Mas eu não cogito isso. Não vou precisar."
Embora a escuderia não revele quais os componentes que
determinaram a mudança de
planos, a imprensa espanhola
noticiou que seriam detalhes
na cerâmica das válvulas.
"Foi apenas uma questão de
precaução", anunciou a assessoria do time, reforçando o rol
de atitudes cautelosas de Alonso e seu entourage nos últimos
dias. Assim que pisou em Interlagos, o espanhol revelou que
tem pensado ininterruptamente na decisão e que deixou de
praticar atividades físicas nos
últimos dias com medo de se
machucar e não poder correr.
A atitude tem raiz na matemática do campeonato. Para
ser campeão amanhã, ele não
precisa se arriscar, não precisa
vencer, não precisa nem sequer
subir ao pódio. Basta ser oitavo
colocado na corrida.
Ontem, a exemplo da maioria
dos titulares, Alonso não fechou volta na primeira sessão
de treinos. Na segunda, com todos na pista -os 22 titulares,
mais sete de testes-, ficou em
décimo lugar, 1s273 mais lento
que Alexander Wurz, piloto reserva da Williams.
Colaborou LUÍS FERRARI, da Reportagem Local
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