São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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GINÁSTICA

Em Melbourne, atletas do país tentam encerrar jejum de pódios e buscam patrocínio que só existe para as mulheres

Mundial vira vitrine para time masculino

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vencer a falta de patrocínio, quebrar um jejum histórico e intimidar os rivais são as metas do quarteto masculino brasileiro que abre hoje a participação do país no Mundial de ginástica artística.
Diante de 187 rivais de 52 países, Mosiah Rodrigues, Diego Hypólito, Danilo Nogueira e Adan dos Santos entram, a partir das 23h, no Rod Laver Arena, em Melbourne (Austrália), focados em jogar luz sobre a categoria masculina. "Já foi a época de pegar experiência. Agora, temos que mostrar serviço. Antes, vínhamos para apreender. Agora, para incomodar os rivais", afirma Mosiah, que irá atuar nos seis aparelhos (argolas, paralelas, barra fixa, solo, salto e cavalo com alças).
De acordo com ele, além de melhorar os resultados no torneio, os ginastas do país têm a oportunidade de chamar a atenção para um patrocinador para a seleção masculina, que, ao contrário da equipe feminina, nunca teve um.
O time masculino, que atualmente é integrado por 12 atletas, vive da ajuda de custo bancada pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), que chega no máximo a R$ 1.000 por mês. A entidade alega que no momento não pode aumentar os valores, já que arca ainda com gastos de moradia, alimentação e estudos dos ginastas em Curitiba.
A gana dos atletas é respaldada pelos últimos resultados internacionais, com duas medalhas de Mosiah na Copa em São Paulo e a vitória na Universíade, e pelo fato de as séries estarem adaptadas à mudança no código de pontuação do masculino, feita após a Olimpíada de Atenas-2004 e que obrigou os atletas a se desdobrarem para obter o 0,40 ponto a mais necessário em seus elementos.
"Antes, a cada mudança nas pontuações, a gente tinha que se superar muito para chegar no mesmo patamar dos melhores e se adaptar às novas regras. Agora, não. Temos muitas séries com nota de partida 10. Isso ajuda bastante", afirma Frederico Hailer, supervisor da equipe masculina.
"O que falta é a gente fazer nosso nome, como a Daiane dos Santos, a Daniele Hypólito, a Laís Souza. Para impor respeito perante a arbitragem", afirma Danilo, que centra seus esforços na tentativa de alcançar uma final.
Apesar da confiança geral, o treinador da seleção, o ucraniano Vyacheslav Azimov, acredita que a maior esperança para tirar a ginástica masculina do zero em Mundiais é mesmo Diego Hypólito, irmão de Daniele, coincidentemente o único atleta da seleção que tem patrocínio pessoal.
Depois de dois quartos lugares nos Mundiais de 2002, em Debrecen (Hungria), e 2003, em Anaheim (EUA), Diego, que fará só agora a sua primeira competição no ano, é também a maior incógnita da equipe.
"Ele é o que mais tem chances de ir ao pódio, pois tem elementos muito bons em sua série. A técnica dele é muito boa", diz Azimov.
Após se recuperar da fratura que o tirou da Copa do Mundo em São Paulo, no início de agosto, Diego afirma que irá surpreender só pelo fato de estar competindo após quase sete meses parado.
"Primeiro, nenhum dos meus rivais esperava que eu atuasse neste Mundial, já que no Pré-Pan do Rio [realizado no início de outubro] todos me viram de muletas e ouviram de todos, inclusive de mim, que eu não estaria no Mundial. Nunca pensei que voltaria assim", diz Diego, que terá pela frente velhos conhecidos, entre eles o romeno Marian Dragulesco, campeão mundial em 2002 e dono de três medalhas olímpicas em Atenas-2004.
Ao mesmo tempo que Diego tenta surpreender, especialmente no salto e no solo, Adan faz sua estréia em Mundiais atrás de experiência. "Vou estar competindo ao lado de ídolos. E apresentarei um pouco de tudo o que vejo o Mosiah e o Diego fazendo", diz ele, que atua em cinco aparelhos.
Independentemente dos resultados do masculino, amanhã é a vez de o time feminino, com Daiane, Laís, Daniele e Camila Comin, ir à cena em Melbourne.


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