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GINÁSTICA
Em Melbourne, atletas do país tentam encerrar jejum de pódios e buscam patrocínio que só existe para as mulheres
Mundial vira vitrine para time masculino
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Vencer a falta de patrocínio,
quebrar um jejum histórico e intimidar os rivais são as metas do
quarteto masculino brasileiro que
abre hoje a participação do país
no Mundial de ginástica artística.
Diante de 187 rivais de 52 países,
Mosiah Rodrigues, Diego Hypólito, Danilo Nogueira e Adan dos
Santos entram, a partir das 23h,
no Rod Laver Arena, em Melbourne (Austrália), focados em
jogar luz sobre a categoria masculina. "Já foi a época de pegar experiência. Agora, temos que mostrar
serviço. Antes, vínhamos para
apreender. Agora, para incomodar os rivais", afirma Mosiah, que
irá atuar nos seis aparelhos (argolas, paralelas, barra fixa, solo, salto
e cavalo com alças).
De acordo com ele, além de melhorar os resultados no torneio, os
ginastas do país têm a oportunidade de chamar a atenção para
um patrocinador para a seleção
masculina, que, ao contrário da
equipe feminina, nunca teve um.
O time masculino, que atualmente é integrado por 12 atletas,
vive da ajuda de custo bancada
pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), que chega no
máximo a R$ 1.000 por mês. A entidade alega que no momento não
pode aumentar os valores, já que
arca ainda com gastos de moradia, alimentação e estudos dos ginastas em Curitiba.
A gana dos atletas é respaldada
pelos últimos resultados internacionais, com duas medalhas de
Mosiah na Copa em São Paulo e a
vitória na Universíade, e pelo fato
de as séries estarem adaptadas à
mudança no código de pontuação
do masculino, feita após a Olimpíada de Atenas-2004 e que obrigou os atletas a se desdobrarem
para obter o 0,40 ponto a mais necessário em seus elementos.
"Antes, a cada mudança nas
pontuações, a gente tinha que se
superar muito para chegar no
mesmo patamar dos melhores e
se adaptar às novas regras. Agora,
não. Temos muitas séries com nota de partida 10. Isso ajuda bastante", afirma Frederico Hailer, supervisor da equipe masculina.
"O que falta é a gente fazer nosso nome, como a Daiane dos Santos, a Daniele Hypólito, a Laís
Souza. Para impor respeito perante a arbitragem", afirma Danilo, que centra seus esforços na
tentativa de alcançar uma final.
Apesar da confiança geral, o
treinador da seleção, o ucraniano
Vyacheslav Azimov, acredita que
a maior esperança para tirar a ginástica masculina do zero em
Mundiais é mesmo Diego Hypólito, irmão de Daniele, coincidentemente o único atleta da seleção
que tem patrocínio pessoal.
Depois de dois quartos lugares
nos Mundiais de 2002, em Debrecen (Hungria), e 2003, em Anaheim (EUA), Diego, que fará só
agora a sua primeira competição
no ano, é também a maior incógnita da equipe.
"Ele é o que mais tem chances
de ir ao pódio, pois tem elementos
muito bons em sua série. A técnica dele é muito boa", diz Azimov.
Após se recuperar da fratura
que o tirou da Copa do Mundo
em São Paulo, no início de agosto,
Diego afirma que irá surpreender
só pelo fato de estar competindo
após quase sete meses parado.
"Primeiro, nenhum dos meus
rivais esperava que eu atuasse
neste Mundial, já que no Pré-Pan
do Rio [realizado no início de outubro] todos me viram de muletas e ouviram de todos, inclusive
de mim, que eu não estaria no
Mundial. Nunca pensei que voltaria assim", diz Diego, que terá pela frente velhos conhecidos, entre
eles o romeno Marian Dragulesco, campeão mundial em 2002 e
dono de três medalhas olímpicas
em Atenas-2004.
Ao mesmo tempo que Diego
tenta surpreender, especialmente
no salto e no solo, Adan faz sua
estréia em Mundiais atrás de experiência. "Vou estar competindo ao lado de ídolos. E apresentarei um pouco de tudo o que vejo o
Mosiah e o Diego fazendo", diz
ele, que atua em cinco aparelhos.
Independentemente dos resultados do masculino, amanhã é a
vez de o time feminino, com
Daiane, Laís, Daniele e Camila
Comin, ir à cena em Melbourne.
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