São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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VÔLEI

A força do grupo

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A seleção brasileira feminina termina a temporada com uma campanha surpreendente: seis títulos em seis torneios disputados. O último foi o da Copa dos Campeões, no Japão. O time, que em um ano mudou praticamente todas as atletas, perdeu algumas estrelas, mas ganhou um grupo forte e uma filosofia.
Antes do jogo de sábado contra os EUA, decisivo para o título da Copa dos Campeões, o técnico José Roberto Guimarães resumiu os princípios que orientam as atletas da seleção: "Elas sabem que o êxito tem um preço e que para alcançá-lo será preciso buscar algo acima do limite de cada uma".
O técnico quer jogadoras dispostas a colocar o vôlei e a trajetória até o ouro nos Jogos de Pequim, em 2008, como prioridades em suas vidas. Quem não se encaixa, está fora. E, apesar da grande renovação, o time não caiu de rendimento. Conseguiu dois grandes títulos: o Grand Prix e a Copa dos Campeões.
Do atual time, só três disputaram os Jogos de Atenas: Valeskinha, Fabiana e Sassá. A seleção não tem Fofão, Fernanda Venturini, Virna, Érika e jogou torneios, como a Copa dos Campeões, sem atletas da nova geração como Paula Pequeno, grávida, e Mari, que está se recuperando de uma cirurgia no ombro.
O time foi campeão agora no Japão com duas reservas na ponta de rede sem experiência em seleção adulta: Natália, 16 anos, e Fernanda Berti, 21. Sassá, que também era reserva, assumiu a posição de Paula Pequeno e foi decisiva para a seleção com um saque poderoso, que destruiu as recepções adversárias.
Na Copa dos Campeões, outros dois destaques foram a oposto Sheila e a central Carol Gattaz. Sheila mostrou muita eficiência no ataque. Carol, até então reserva, entrou no jogo contra a China, montou um paredão na rede, ajudou na virada para a vitória por 3 a 2 e não saiu mais do time.
Valeskinha, 1,80 m, capitã e até então titular absoluta, virou banco. E o Brasil ficou com duas torres no meio de rede: Carol, 1,91 m, e Fabiana, 1,93 m. O certo é que na atual seleção ninguém tem posição muito garantida. Há um grande rodízio entre as jogadoras. E quem entra agarra com determinação a chance.
Ok, os tempos no vôlei hoje também são outros. Nos anos 90, Cuba -com Mireya Luis, Regla Torres e companhia- era uma seleção sem adversários. A luta era pela prata, porque o ouro era das cubanas. Elas venceram três Olimpíadas (1992, 1996 e 2000) e dois Mundiais (1994 e 1998).
Hoje, a diferença técnica não é tanta. A China, campeã olímpica, e a Itália, campeã mundial, tropeçam. A Itália é muito irregular: perdeu o título europeu para a Polônia e nem foi para a Copa dos Campeões. A China é o adversário a ser estudado e os EUA devem crescer muito até Pequim.
Mas o Brasil, com Zé Roberto, está formando um grupo que tem tudo para chegar ao ouro olímpico em 2008. O que mais impressiona nessa equipe é a persistência. É um time que não desiste do jogo, busca a vitória até o fim e, melhor do que tudo, não depende de nenhuma estrela.

Sem descanso
O técnico Zé Roberto desembarca amanhã de manhã, em São Paulo, com a seleção, mas não vai ter tempo para descansar. À noite, já vai estar no banco para comandar o time da Unisul/Barueri, contra o Pinheiros-Minas, na segunda partida da série de três da decisão do Campeonato Paulista. No primeiro confronto, disputado no sábado, o time de Barueri venceu o Pinheiros por 3 sets a 1.

Rivalidade
A seleção brasileira masculina estréia na madrugada desta terça-feira na Copa dos Campeões logo contra um adversário que está atravessado: os Estados Unidos. O clima de rivalidade surgiu depois da surpreendente vitória dos americanos sobre o Brasil na decisão da Copa América, em agosto, em São Leopoldo (RS).

E-mail cidasan@uol.com.br


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