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No campo, o brasileiro também envelheceu
PAULO COBOS
da Reportagem Local
No início do mês, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que o brasileiro
está vivendo, em média, mais
tempo -de 66 anos em 1991 para
68,1 anos agora.
No futebol, o mesmo fenômeno
está acontecendo, deixando o
principal esporte do país mais velho, para infelicidade de Wanderley Luxemburgo, que precisa
montar um time com jovens nascidos a partir de 1977 para disputar a Olimpíada de Sydney no
próximo ano.
No início do Campeonato Brasileiro-99, a Folha mostrou que a
participação de jogadores com
mais de 30 anos nas equipes titulares havia crescido 50% -situação que mostra agora vários de
seus reflexos.
A principal competição do país
termina amanhã, com a decisão
entre Atlético-MG e Corinthians,
deixando um deserto de revelações -qualquer escolha para o
melhor calouro do torneio é um
exercício de procura e imaginação
dos mais cansativos.
O torneio vai terminar sem um
grande estreante, como foram Fábio Júnior, em 1998, Alex, em
1997, Rodrigo, em 1996, e Giovanni, em 1995.
Nenhum grande artilheiro surgiu no Nacional -entre os dez
maiores goleadores do torneio, só
um -Cláudio, do Vitória, tem
idade para participar do time
olímpico de Luxemburgo.
Na defesa, o Brasileiro-99 só
provou que o treinador da seleção
brasileira vai precisar olhar mais
para os jogadores que estão no exterior para montar o setor.
Na lateral direita, a posição
mais carente do país nos últimos
anos, novamente nada de bom
aconteceu. Mancini, aposta de
Luxemburgo, chegou a ser o segundo reserva do Atlético-MG,
que tinha o veterano, e limitado,
Walmir, e o improvisado Bruno.
Entre os zagueiros, os dois nomes que apareceram com mais
destaque-Marinho, do Guarani,
e Fábio Luciano, da Ponte Preta- já ultrapassaram a idade limite para disputar a Olimpíada.
Enquanto isso, a seleção olímpica tem Fábio Bilica, que joga na
Itália, e Álvaro, que disputou a segunda divisão com o Goiás.
Para o meio-campo, o Brasileiro-99 revelou o volante Mozart,
do Coritiba, que caiu nas graças
de Luxemburgo.
Pena que o jogador do time paranaense seja um representante
fiel do pior que aconteceu no principal campeonato do país -ele
foi o quarto jogador mais faltoso
do Brasileiro mais violento de todos os tempos.
Os finalistas do Brasileiro-99
também são exemplos da falta de
renovação do futebol do país.
O Atlético-MG não tem um único jogador titular com idade olímpica. O Corinthians tem os laterais Índio e Kléber, que assumiram seus lugares no time mais pelo fracasso dos antigos titulares do
que por méritos próprios.
A negociação de jogadores para
a próxima temporada também
mostra o envelhecimento do futebol brasileiro.
O Vasco contratou Romário, 33,
a peso de ouro e fechou com Jorginho, 35. O Corinthians, que pode
perder Rincón, 33, para o Flamengo, já contratou Adílson, 31, para
acertar sua criticada zaga.
Com este cenário, o futebol brasileiro logo terá outro ponto em
comum com as pesquisas do IBGE. Com veteranos que alongam
cada vez mais suas carreiras, com
mais jovens despreparados querendo entrar no mercado de trabalho e com a diminuição do número de clubes sonhada por muitos, a explosão do desemprego está bem perto.
Excepcionalmente, a coluna de José Roberto Torero, que escreve às terças e sextas-feiras, não é publicada hoje
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