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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Mancini faz gol de letra, ganha apelido e conquista torcedores da Roma

Italianos fazem reverência ao "Tacco di Dio" brasileiro

Dylan Martinez - 9.nov.03/Reuters
Mancini celebra o gol contra a Lazio que lhe rendeu o apelido "Tacco di Dio"


EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tacco di Dio" é hoje a sensação brasileira no futebol italiano. Sua boa fase supera a de astros nacionais mais experimentados no "calcio", como Cafu, do Milan.
Aliás, a posição do "Calcanhar de Deus" (a mão é de Maradona) é a mesma do capitão do penta. O clube também é o mesmo em que Cafu se consagrou na Itália.
"Tacco di Dio" é como ficou conhecido Alessandro Faiolhe Amantino, o Mancini, 23, que tem encantado Roma e os italianos.
Ele estreou na Roma em julho, e nesta temporada o time não sabe o que é perder em partidas oficiais com Mancini em campo -são 15 vitórias e cinco empates.
Foram três gols no Italiano. Um deles selou o romance com os "tifosi" da Roma. No clássico contra a arqui-rival Lazio, vencido por 2 a 0, o brasileiro fez um gol antológico, de letra, considerado o mais bonito do campeonato até agora.
A jogada deu origem ao apelido e virou mania entre os ""romanistas". Na última edição da revista do clube italiano, a capa traz Mancini e estampa o título: "Um Tacco Bello" ("Um Belo Calcanhar").
"Foi o gol mais bonito de minha vida. Depois de marcá-lo, eu o revi várias vezes em minha casa", declarou Mancini, cujos bisavôs maternos nasceram na Itália.
O sobrenome, aliás, gerou confusão com Mancini, técnico da Lazio, mas hoje o brasileiro diz que isso já foi superado.
""Apesar da confusão, a maioria das pessoas fala Mancini como no Brasil", afirmou o jogador, que diz que o apelido foi sugestão de um técnico que odiava vê-lo sendo chamado de ""Mansinho".
Foi jogando pelo Atlético-MG que Mancini despontou. No Brasileiro de 2002, ele se tornou o defensor a marcar mais gols (15) em uma só edição do torneio.
O desempenho chamou a atenção da Roma, o que fez com que ele conseguisse, na Justiça, o direito de se transferir para a Itália.
Assinou contrato com os italianos até 2006, por US$ 500 mil anuais. Uma cláusula do contrato diz que o valor sobe para US$ 600 mil caso dispute 20 jogos pelo Campeonato Italiano -algo que agora é só questão de tempo.
Ao desembarcar na Itália, no ano passado, Mancini passou uma temporada no Venezia para se adaptar ao novo país. Não teve sucesso -era reserva.
Foi resgatado pela Roma e reencontrou o bom futebol. "Jogar no Venezia foi bom para me acostumar com o clima da Itália, com o país, a língua. Vim para a Roma amadurecido", disse o atleta, que rejeita a comparação com Cafu.
""Sempre falei aqui que o Cafu é o Cafu, um campeão, um grande jogador, e que eu sou o Mancini."
Mas não é bem assim que pensam seus companheiros. Totti, craque do time e da seleção italiana, não poupa elogios ao brasileiro. "Ele tem velocidade, técnica e força física espantosas", disse.
A boa fase, segundo Mancini, é atribuída ao esquema do técnico Fabio Capello. ""Atuo de forma parecida com a que jogava no Atlético-MG", afirmou o lateral, que aposta em uma disputa pelo título da temporada italiana com o Milan de Cafu -a Roma lidera com 33 pontos, três a mais que o Milan, que tem um jogo a menos.
"Acho que são nossos maiores concorrentes", afirmou o atleta, que aguarda convocação para a seleção brasileira em 2004.
"As chances são grandes se continuar jogando como estou. Sempre penso que na vida as coisas vêm no momento certo", declarou o atleta, que foi convocado para apenas dois amistosos contra a Argentina, em 1999.
No ano seguinte, disputou o Pré-Olímpico, mas ficou fora dos Jogos de Sydney. ""O time do Pré-Olímpico foi bem, mas, particularmente, eu não estava bem."
Não estava. Agora está em uma fase tão boa quanto a que teve no Atlético-MG. ""Não posso dizer que vivo o meu melhor momento agora. Estou bem como estava em meu último ano no Atlético-MG."


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