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FUTEBOL
Goleiro atua como "comandante" do comboio, torcedor e deixa o campo com corte na cabeça
Rogério vira o dono da festa do tri
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele ganhou os prêmios de melhor jogador da Libertadores e do
Mundial. Nada mais justo que o
goleiro Rogério fosse o dono da
festa do tricampeonato. Mas ontem ele foi mais que isso.
Logo que o avião pousou no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o capitão e camisa 1 do São
Paulo foi até a cabine e estendeu a
bandeira do clube pela janela. Depois, durante o comboio, assumiu
o microfone e fez às vezes de mestre-de-cerimônias do cortejo, que
se prolongou por quase dez horas.
Ao lado de Lugano e Amoroso,
ele passou quase o tempo todo em
pé, à frente do trio elétrico. Assumiu até a função de "comandante" do veículo.
Quando era preciso diminuir a
velocidade para que o grupo se
encolhesse a fim de passar sob
pontes, cabos elétricos e árvores,
ele alertava o motorista e chamava a atenção dos passageiros.
Até a tarefa de protocolar declaração de agradecimento à polícia,
às autoridades de trânsito e ao público coube a ele.
Quando a missão era agitar os
torcedores, Rogério iniciava o hino são-paulino e outros cantos
entoados pelos fãs na campanha
da Libertadores. Quando faltavam pedestres para aplaudir o
elenco, ele pedia que os motoristas e motociclistas que estavam
parados no trânsito acionassem
as buzinas para saldar a equipe.
Até mesmo o papel de torcedor
o capitão do time assumiu. Uma
de suas primeiras intervenções,
ainda em Guarulhos, foi iniciar o
coro "Fica, Amoroso", que foi repetido inúmeras vezes no trajeto.
Mais tarde, quando a comitiva
passava pela região central da capital paulista, ao ouvir dos torcedores "Rogério é seleção", ele respondeu: "Não sou seleção, sou
São Paulo". O comentário vai na
mesma linha do que ele afirmou
enquanto estava em trânsito entre
o Japão e o Brasil. "Fiz uma grande partida, mas não é por esse jogo que eu vou falar em seleção. Se
for chamado [por Carlos Alberto
Parreira], terei prazer em representar o país. Se não, tudo bem."
E o goleiro nem sequer perdeu a
chance de alfinetar o Corinthians.
Quando o trio elétrico que levava
a delegação passou por um torcedor que levava a bandeira do São
Paulo e vestia a camisa do Inter,
Rogério bradou "colorado", como é conhecido o time gaúcho,
que perdeu o título brasileiro para o rival paulista.
Quando o grupo já beirava as
nove horas de trajeto -na maior
parte do tempo sob um calor de
cerca de 30C, que só diminuiu
quando caiu uma forte chuva, por
volta das 14h-, o goleiro, com a
voz muito rouca, pediu que o ritmo do desfile fosse acelerado.
Ao desembarcar no Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo de
São Paulo, ele comentou sua
atuação na festa. "Hoje nós cantamos, dançamos, pulamos... Fizemos tudo o que foi possível para
comemorar, apesar do grande
cansaço. Estou sem dormir há 36
horas", afirmou sussurrando o
jogador às 16h.
O fim da maratona do atleta
acabou em sangue. Quando, visivelmente cansado e amparado
por seguranças, deixou o trio elétrico no gramado são-paulino, ele
foi imediatamente cercado por
torcedores. Na tentativa de se
desvencilhar dos fãs, Rogério bateu com a taça na cabeça, o que
lhe abriu um corte.
Nem isso diminuiu a alegria.
"Hoje é o dia mais feliz de nossas
vidas", afirmou o capitão são-paulino, que fará uma ressonância magnética no joelho para descobrir se terá ou não que passar
por uma artroscopia.
(EDUARDO ARRUDA E LUÍS FERRARI)
Colaborou Tales Torraga,
da Reportagem Local
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