São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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CARLOS SARLI

Guerra feita de batalhas


Kelly Slater e Andy Irons foram protagonistas de um duelo histórico do surfe no Havaí, vencido com um tubo


NÃO DAVA para imaginar uma final mais emocionante para um campeonato que já estava decidido com duas etapas de antecedência. O palco ajuda: Pipeline, Havaí. Os protagonistas ainda mais: Kelly Slater e Andy Irons. Com esses dois e aquelas ondas, o espetáculo era certo, mas o que se viu foi além.
Desde que o então hexacampeão mundial Slater voltou ao Tour em 2002, depois de três anos ausente, não há dúvida de que Irons, então com seu primeiro título, foi o seu maior rival e o principal incentivo.
Nesses últimos anos, dá para dizer que a guerra está empatada, com dois títulos mundiais para cada um, mas são as batalhas diretas que realmente empolgam os amantes do esporte e dividem os fãs dos dois.
Uma delas aconteceu lá mesmo em Pipeline, em 2003, quando o título mundial só foi decidido nas últimas ondas da última bateria da temporada, e ficou com Irons, havaiano do Kauai, que saiu da água consagrado. No ano passado, num Jeffrey's Bay clássico com ondas de oito pés, o americano de Cocoa Beach, Flórida, venceu de forma incontestável a bateria que marcou sua arrancada para recuperar o título mundial.
O confronto entre os dois é, sem dúvida, o maior clássico da atualidade no Mundial de surfe, e neste ano só foi acontecer na última bateria da temporada. Slater com o octocampeonato assegurado, Irons com o tetra da Tríplice Coroa Havaiana garantido desde a derrota de Mick Fanning nas oitavas-de-final, poderia ser um duelo morno, mas foi histórico, para alguns o maior em 36 anos do Rip Curl Pipeline Masters.
Slater começou a quinta-feira decisiva indo às oitavas-de-final, mesmo cometendo uma interferência e sendo punido com a soma de só metade da segunda nota (um 10 + 8/2). Foi às quartas e à semifinal em primeiro e liderou a decisão de 35 minutos até os seis minutos finais. Parecia que voltaria a vencer em Pipeline após sete anos -a última foi competindo como convidado na única etapa que disputou em 99- e superaria o mais antigo recorde da ASP e o único que não detém isolado, o de vitórias em provas, 33, que divide com Tom Curren. Liderou a bateria desde o começo e somava confortáveis 9 e 8,53. Foi quando Irons completou um difícil tubo para a esquerda e voltou à disputa. Mas precisava de um 9,1. Ao voltar para o fundo, logo pegou outro que lhe valeu 9,87 pontos e passou a liderar.
Faltando três minutos, Slater e Irons remam juntos na mesma onda, Slater leva a melhor na disputa da remada, a onda é boa, mas ele não soma os pontos para a virada. Irons vem na de trás, a maior e melhor da série, dessa vez desce para a direita, Backdoor, some na cortina de água e só vai aparecer segundos mais tarde, de braços erguidos festejando a vitória. Um tubo nota 10, que selou a vitória. O resultado lhe deu de novo o vice-campeonato mundial e, para nós, a certeza de que a guerra ainda não tem vencedor.

MAIS PIPE MASTERS
O campeonato foi quase todo dominado pelos havaianos, mas teve três americanos na final (na geografia do surfe, o Havaí segue como nação independente), dois deles como coadjuvantes: Cory Lopez e Rob Machado.

EVEREST ESPECIAL
A ESPN Brasil mostra no próximo sábado, às 20h, um especial sobre a vida de Vitor Negrete, com imagens inéditas da última expedição do alpinista.

FESTIVAL PETROBRAS
A terceira edição da competição de surfe por equipes que mistura homens, mulheres e longboarders terminou no domingo, no Rio de Janeiro, com a vitória da equipe Marlim, formada por Michelle dês Bouillons, Flavio Costa e Eduardo Bagé.

sarli@trip.com.br


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