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FUTEBOL
Maracanã volta sem geral e só para 55 mil
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Com capacidade quase quatro
vezes menor do que quando foi
inaugurado, em 1950, sem os folclóricos geraldinos e ingressos a
preços populares e com obras inacabadas, o Maracanã será reaberto hoje para o clássico entre Vasco
e Botafogo, pelo Estadual do Rio,
após nove meses fechado.
Ainda sem as cadeiras instaladas na antiga geral, que foi desativada em abril, o estádio terá capacidade para receber 55 mil torcedores- quando foi criado abrigava 200 mil. Só serão vendidos
ingressos para arquibancadas-
o setor que abrigava as antigas cadeiras azuis está em obras e permanece fechado ao público.
Como se não bastasse ficar sem
seu espaço no estádio, os geraldinos que quiserem ver o jogo terão
que desembolsar R$ 10, preço
único das arquibancadas, mais
que o triplo do que pagavam pela
entrada da geral, que valia R$ 3.
O secretário estadual de Esportes, Francisco de Carvalho, vê
uma nova era para os antigos torcedores. "O geraldino acabou. A
diferença agora é que ele, em vez
de assistir ao jogo em pé, vai ver
sentado com a instalação das cadeiras na geral", declarou.
Questionado se poderia adotar
um preço mais acessível do ingresso às arquibancadas para
atrair os geraldinos, Carvalho
afirmou que não "havia outra solução" para os habitués do setor .
"Os antigos geraldinos que quiserem ver o jogo terão que ir para
as arquibancadas", declarou.
De setor mais popular, a geral
vai virar o mais caro do estádio.
A geral era considerada o espaço mais democrático do Maracanã e desde a inauguração do complexo faz parte da cultura do futebol brasileiro. O setor reunia o público mais humilde, grande parte
vindo de bairros da zona sul, e que
se destacava pelo jeito irreverente
e criativo de torcer.
Torcedores fantasiados de super-heróis, mascarados, com rostos pintados, cabelos diferentes e
exóticos, cartazes, faixas, além de
personagens folclóricos como o
"Homem do Patinete", o "Rei das
Embaixadinhas" , "Vovó da Geral", entre muitos outros tipos, ficaram marcados na memória de
quem freqüentava o principal estádio do Rio de Janeiro.
As obras, segundo o governo,
prosseguirão até o final do ano.
Com a inauguração das cadeiras
na geral e a liberação das antigas
cadeiras azuis, a capacidade será
de 95 mil lugares.
Ao ser inaugurado, o Maracanã
era o ""maior do mundo". Ocupou
esta posição até 1999, quando foram instalados assentos nas arquibancadas que reduziram a capacidade de público.
O último jogo realizado no estádio ocorreu em 24 de abril entre
Fluminense e São Paulo, pela primeira rodada do Brasileiro, na última vez em que a geral foi usada.
Desde que começaram as obras,
ainda no governo Anthony Garotinho (1999 a abril de 2002), a administração estadual diz ter investido R$ 90 milhões.
A outra novidade é o gramado,
rebaixado em 1,2 m. A grama foi
trocada e, segundo os responsáveis pela obra, tem a propriedade
de afastar lagartas, carrapatos, tiriricas e cachorrinhos-do-mato.
A nova base de areia, em substituição à antiga, de argila, é hostil
às pragas. As obras fizeram com
que, pela primeira vez, o Maracanã não recebesse a seleção brasileira nas eliminatórias.
Não haverá venda de ingressos
nem para cadeiras especiais, setor
mais elitizado.
Com as obras nas antigas cadeiras azuis, o espaço será reservado
para proprietários de cadeiras
perpétuas. Além de prepará-lo
para o Pan-Americano de 2007, as
obras visam a Copa do Mundo de
2014 -o Brasil é postulante, e favorito, a sede do torneio.
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