São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 2006

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FUTEBOL

Maracanã volta sem geral e só para 55 mil

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Com capacidade quase quatro vezes menor do que quando foi inaugurado, em 1950, sem os folclóricos geraldinos e ingressos a preços populares e com obras inacabadas, o Maracanã será reaberto hoje para o clássico entre Vasco e Botafogo, pelo Estadual do Rio, após nove meses fechado.
Ainda sem as cadeiras instaladas na antiga geral, que foi desativada em abril, o estádio terá capacidade para receber 55 mil torcedores- quando foi criado abrigava 200 mil. Só serão vendidos ingressos para arquibancadas- o setor que abrigava as antigas cadeiras azuis está em obras e permanece fechado ao público.
Como se não bastasse ficar sem seu espaço no estádio, os geraldinos que quiserem ver o jogo terão que desembolsar R$ 10, preço único das arquibancadas, mais que o triplo do que pagavam pela entrada da geral, que valia R$ 3.
O secretário estadual de Esportes, Francisco de Carvalho, vê uma nova era para os antigos torcedores. "O geraldino acabou. A diferença agora é que ele, em vez de assistir ao jogo em pé, vai ver sentado com a instalação das cadeiras na geral", declarou.
Questionado se poderia adotar um preço mais acessível do ingresso às arquibancadas para atrair os geraldinos, Carvalho afirmou que não "havia outra solução" para os habitués do setor .
"Os antigos geraldinos que quiserem ver o jogo terão que ir para as arquibancadas", declarou.
De setor mais popular, a geral vai virar o mais caro do estádio.
A geral era considerada o espaço mais democrático do Maracanã e desde a inauguração do complexo faz parte da cultura do futebol brasileiro. O setor reunia o público mais humilde, grande parte vindo de bairros da zona sul, e que se destacava pelo jeito irreverente e criativo de torcer.
Torcedores fantasiados de super-heróis, mascarados, com rostos pintados, cabelos diferentes e exóticos, cartazes, faixas, além de personagens folclóricos como o "Homem do Patinete", o "Rei das Embaixadinhas" , "Vovó da Geral", entre muitos outros tipos, ficaram marcados na memória de quem freqüentava o principal estádio do Rio de Janeiro.
As obras, segundo o governo, prosseguirão até o final do ano. Com a inauguração das cadeiras na geral e a liberação das antigas cadeiras azuis, a capacidade será de 95 mil lugares.
Ao ser inaugurado, o Maracanã era o ""maior do mundo". Ocupou esta posição até 1999, quando foram instalados assentos nas arquibancadas que reduziram a capacidade de público.
O último jogo realizado no estádio ocorreu em 24 de abril entre Fluminense e São Paulo, pela primeira rodada do Brasileiro, na última vez em que a geral foi usada.
Desde que começaram as obras, ainda no governo Anthony Garotinho (1999 a abril de 2002), a administração estadual diz ter investido R$ 90 milhões.
A outra novidade é o gramado, rebaixado em 1,2 m. A grama foi trocada e, segundo os responsáveis pela obra, tem a propriedade de afastar lagartas, carrapatos, tiriricas e cachorrinhos-do-mato.
A nova base de areia, em substituição à antiga, de argila, é hostil às pragas. As obras fizeram com que, pela primeira vez, o Maracanã não recebesse a seleção brasileira nas eliminatórias.
Não haverá venda de ingressos nem para cadeiras especiais, setor mais elitizado.
Com as obras nas antigas cadeiras azuis, o espaço será reservado para proprietários de cadeiras perpétuas. Além de prepará-lo para o Pan-Americano de 2007, as obras visam a Copa do Mundo de 2014 -o Brasil é postulante, e favorito, a sede do torneio.


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