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Fifa abre cofre e gera cobiça no Brasil
Entidade pagará R$ 196 milhões a clubes com atletas nas próximas Copas, e times nacionais querem buscar sua parte
Acordo entre Fifa, Uefa e times europeus cria fundo de compensação pelo uso dos jogadores por seleções e fim de processos judiciais
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A pressão dos clubes europeus sobre Fifa e Uefa, por
meio de ações judiciais, gerou a
criação de fundo inédito para a
remuneração dos times pelo
uso dos atletas em competições
internacionais de seleções.
Um pacote de US$ 252 milhões (R$ 450 milhões) vai beneficiar as equipes, anunciou o
presidente da Uefa, Michel Platini, em entrevista coletiva na
Suíça. O dinheiro será dado a
clubes com jogadores nas Copas de 2010 e 2014, além das
Eurocopas de 2008 e 2012.
Clubes brasileiros, que nunca moveram ações contra CBF
ou Fifa para reivindicar remuneração pelos atletas, já planejam inquirir a federação internacional para saber quais são
seus direitos no pacote.
No total, a entidade dará US$
110 milhões (R$ 196 milhões)
aos clubes com atletas nos dois
Mundiais -o restante é da Uefa. Se a Fifa seguir o critério divulgado por Platini, clubes que
tenham atletas por dois anos
antes da Copa terão direito a
remuneração.
"Com a globalização, a tendência é isso chegar logo ao
Brasil", comentou o assessor da
presidência do São Paulo, João
Paulo de Jesus Lopes, que pede
mobilização da associação de
clubes. "É hora de o Clube dos
13 mostrar para que serve." No
C13, o diretor jurídico Celso
Rodrigues entende que os direitos devam se estender aos
brasileiros. "Cada time deve
buscar isso individualmente."
É a postura da diretoria do
Corinthians. O vice-presidente
jurídico do clube, Sergio Alvarenga, pretende se informar na
Fifa sobre o assunto. "Entendo
que devemos, sim, procurar os
nossos direitos."
Claro, isso estaria condicionado ao fato de os clubes do
país terem seus jogadores convocados à seleção. No último
Mundial, São Paulo, com Mineiro e Rogério, e Corinthians,
com Ricardinho, teriam direito. Outros times poderiam reivindicar remuneração por atletas que já usaram suas camisas
nos dois anos antes da Copa.
A Fifa não divulgou qual o
critério de pagamento por clube. Segundo Platini, na Eurocopa-2012, os times receberiam
em torno de US$ 7.000 por dia
de trabalho de cada atleta.
"Tinha que pagar de acordo
com o salário de cada um", opinou Dagoberto Fernandes, superintendente do Santos.
Pela lei brasileira, a CBF já
tem de pagar salários dos jogadores enquanto eles estão servindo à seleção. Mas a confederação nem sempre cumpre a regra. O São Paulo, por exemplo, é
credor da entidade.
Mas os clubes brasileiros
nunca acionaram a confederação nem para pedir indenizações por contusões. Foi o que
aconteceu na Bélgica, com o
clube Charleroi, que processou
a Fifa por contusão do marroquino Oulmers Abdelmajid.
Iniciado em 2005, o processo, que corria na Justiça belga,
passou a ter participação do G-14, grupo que reúne os grandes
clubes europeus. Eles reivindicavam remuneração e indenização pelo uso de todos seus
atletas no Mundial.
Isso gerou queda-de-braço
com a Fifa, que se transformou
em conciliação na semana passada. O G-14 foi extinto para a
criação de um grupo maior,
com 103 times europeus. Como
parte do acordo, os clubes desistiram das ações contra a Fifa.
O dinheiro que a entidade
destinou aos clubes por duas
Copas representa em torno de
4,1% da renda total obtida por
ela na Alemanha-2006, que girou em torno de R$ 4,8 bilhões.
E as receitas dos Mundiais
crescerão até 2014.
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