São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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FUTEBOL
Wembley, 76, dá lugar a moderno estádio e se transforma em trunfo da candidatura inglesa a 2006
Inglaterra troca "templo" por Copa

FÁBIO ZANINI
de Londres

O estádio de Wembley, em Londres, considerado o "templo do futebol mundial", está com os dias contados.
Em um projeto cercado de polêmica promovido pelo governo britânico, o estádio será completamente destruído e, em seu lugar, um novo Wembley vai surgir.
A demolição do histórico local, que será feita ao longo de seis meses, enfrenta resistências de alguns torcedores tradicionalistas.
Mesmo assim, deve começar em breve -em abril, mais exatamente. Já as obras de construção do novo estádio estão programadas para começar em novembro.
A Inglaterra, assim como Brasil, Alemanha, Marrocos e África do Sul, é candidata a abrigar a Copa do Mundo de 2006.
A construção do novo estádio é um dos principais trunfos da campanha inglesa, apesar de não estar diretamente vinculada a ela.
O novo Wembley custará quase 500 milhões de libras (cerca de R$ 1,4 bilhão), dinheiro vindo de empresas privadas e de verba arrecadada pelo governo com loterias.
Quando estiver completo, no início de 2003, poderá abrigar 90 mil espectadores sentados, 10 mil a mais do que a capacidade atual.
"Londres não tem um estádio comparável aos melhores da Europa, como o Camp Nou (Barcelona) ou o Giuseppe Meazza (Milão). Há pelo menos cinco anos havia a idéia de se construir o mais moderno estádio do mundo, mas agora o projeto vai ser executado", explica Chris Palmer, diretor do Wembley National Stadium Limited, empresa que coordena a obra.
A princípio, pensou-se em reformar o velho estádio, mas essa idéia precisou ser abandonada.
"O custo de se modernizar um estádio construído nos anos 20 seria pelo menos duas vezes maior, além de ser uma obra bem mais complicada", afirma.
Cinco outros locais em Londres foram estudados para a construção do novo estádio, mas acabou-se optando por erguê-lo no lugar do velho Wembley.
"Já existe infra-estrutura de transporte no local, e as condições de escoamento de público são excelentes. Além do mais, não faria sentido ter um novo estádio nacional e manter, ao mesmo tempo, o velho Wembley", diz.
O projeto do novo estádio também foi marcado pela controvérsia. A primeira idéia era construir uma pista de atletismo em volta do campo, transformando Wembley em uma arena olímpica.
Mas, após uma briga de bastidores que envolveu até o primeiro-ministro Tony Blair, resolveu-se manter o estádio exclusivamente para futebol e rúgbi.
A Associação de Atletismo britânica protestou, sem sucesso. Prevaleceu o argumento de que a pista diminuiria a capacidade do estádio e manteria o público muito afastado do campo.

Shopping
O novo Wembley terá teto removível e será mais alto, além de contar com shopping center, um museu e um hotel.
Mas, para tristeza dos nostálgicos, uma de suas marcas registradas, as famosas "torres gêmeas" da fachada, vai desaparecer.
Em substituição, será feito um arco de metal, de 133 metros de altura. "Infelizmente, as torres não terão lugar no novo projeto, mas outras marcas registradas do estádio serão mantidas", diz o diretor.
Assim, o novo projeto promete manter a "royal box", tribuna de honra reservada para a família real britânica, e que serve também para a entrega de troféus.
Além disso, o novo estádio terá um sistema acústico que garantirá a manutenção do famoso "eco de Wembley", que permite a um torcedor sentado na ultima fileira ouvir com clareza os ruídos do campo de jogo.
Entre os principais momentos da história do estádio está a final da Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra e vencida pelos donos da casa, que bateram a Alemanha em uma final polêmica. O estádio também se notabilizou por abrigar shows de rock.


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