São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Receita Federal coloca 12 clubes e até CBF na mira

Grandes de SP estão entre as 12 mil empresas que mais arrecadaram em 2005

Fato se torna inusitado, já que a maioria das equipes vive hoje penúria financeira, como o caso dos arqui-rivais Corinthians e Palmeiras

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Doze clubes passam por um pente-fino da Receita Federal. Isso porque estão entre as 12 mil empresas que mais arrecadaram no Brasil durante 2005.
O episódio é inusitado, porque a maioria passa por situação de penúria, apesar estar num grupo de endinheirados.
São os mesmos clubes que o presidente Lula diz precisarem de ajuda para arrecadarem mais. O Santos, que adota política de redução de gastos, foi quem obteve a maior receita, segundo a Folha apurou. A Receita não comenta o assunto e trata os dados como sigilosos.
Dos cinco primeiros, só o Cruzeiro, quarto que mais faturou, não é paulista. O segundo colocado é o São Paulo, um dos poucos que não estão endividados, seguido pelo Corinthians, que vive uma das situações mais críticas de sua história, como o Palmeiras, o quinto.
É rotina na Receita Federal fazer uma fiscalização ainda mais apurada do que o normal nas movimentações financeiras das 12 mil pessoas jurídicas com maior arrecadação. E nas de todas que arrecadaram mais de R$ 45 milhões num só ano.
Todos os dados são cruzados. E o órgão ainda acompanha quase que passo a passo o recolhimento de impostos desses contribuintes no ano seguinte.
Os números são de 2005 porque, como no caso das pessoas físicas, as firmas declaram a renda do ano anterior.
Nos cofres do líder Santos, entraram cerca de R$ 140 milhões. Pouco sobrou, a ponto de o clube hoje reduzir os vencimentos de quem tem contrato de prestação de serviço. Os que não aceitam não renovam.
O ex-jogador Zito, um dos ídolos do clube e que trabalha no futebol profissional, teve de aceitar o corte para continuar.
No país inteiro, apenas 2.967 empresas obtiveram receita superior à do Santos em 2005. Os santistas deixaram para trás nomes como a Shering do Brasil e a Sanyo da Amazônia.
"Nossa arrecadação naquele ano foi inflada pela venda do Robinho e de outros jogadores. Mascara uma realidade. Acho ótimo a Receita fiscalizar", disse o dirigente santista Dagoberto Fernando dos Santos.
No mesmo ano, abastecido pela MSI, o Corinthians juntou R$ 99,4 milhões, cerca de R$ 14 milhões a menos do que o rival São Paulo, que faturou alto graças às conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes.
O contraste entre o que os corintianos receberam naquele ano e sua situação hoje também impressiona. O dinheiro rareou a ponto de o clube ter tido dificuldade para pagar conta de celulares e cogitar levar o time para hotéis mais baratos.
O Palmeiras também não desfruta de uma situação compatível com a de quem faz parte de um grupo que responde a 85% da arrecadação obtida pelas empresas do país em 2005.
O clube já antecipou quase todas as verbas que tinha para receber em 2007. Agora tenta fatiar os direitos de seus jogadores entre conselheiros para conseguir dinheiro.
O Flamengo, classificado pelo presidente Márcio Braga como em situação quase insolvente, foi o sétimo que mais arrecadou, seguido pelo Vasco. "A Receita pode investigar o que quiser. Pode haver erro aqui, fraude não. Mas arrecadamos isso aí", afirmou o cartola.
Em situação mais confortável, a CBF também faz parte da elite. Foram para seus cofres pouco mais de R$ 100 milhões.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Até musa da natação leva culpa de gasto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.