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Receita Federal coloca 12 clubes e até CBF na mira
Grandes de SP estão entre as 12 mil empresas que mais arrecadaram em 2005
Fato se torna inusitado, já que a maioria das equipes vive hoje penúria financeira,
como o caso dos arqui-rivais Corinthians e Palmeiras
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Doze clubes passam por um
pente-fino da Receita Federal.
Isso porque estão entre as 12
mil empresas que mais arrecadaram no Brasil durante 2005.
O episódio é inusitado, porque a maioria passa por situação de penúria, apesar estar
num grupo de endinheirados.
São os mesmos clubes que o
presidente Lula diz precisarem
de ajuda para arrecadarem
mais. O Santos, que adota política de redução de gastos, foi
quem obteve a maior receita,
segundo a Folha apurou. A Receita não comenta o assunto e
trata os dados como sigilosos.
Dos cinco primeiros, só o
Cruzeiro, quarto que mais faturou, não é paulista. O segundo
colocado é o São Paulo, um dos
poucos que não estão endividados, seguido pelo Corinthians,
que vive uma das situações
mais críticas de sua história,
como o Palmeiras, o quinto.
É rotina na Receita Federal
fazer uma fiscalização ainda
mais apurada do que o normal
nas movimentações financeiras das 12 mil pessoas jurídicas
com maior arrecadação. E nas
de todas que arrecadaram mais
de R$ 45 milhões num só ano.
Todos os dados são cruzados.
E o órgão ainda acompanha
quase que passo a passo o recolhimento de impostos desses
contribuintes no ano seguinte.
Os números são de 2005 porque, como no caso das pessoas
físicas, as firmas declaram a
renda do ano anterior.
Nos cofres do líder Santos,
entraram cerca de R$ 140 milhões. Pouco sobrou, a ponto de
o clube hoje reduzir os vencimentos de quem tem contrato
de prestação de serviço. Os que
não aceitam não renovam.
O ex-jogador Zito, um dos
ídolos do clube e que trabalha
no futebol profissional, teve de
aceitar o corte para continuar.
No país inteiro, apenas 2.967
empresas obtiveram receita
superior à do Santos em 2005.
Os santistas deixaram para trás
nomes como a Shering do Brasil e a Sanyo da Amazônia.
"Nossa arrecadação naquele
ano foi inflada pela venda do
Robinho e de outros jogadores.
Mascara uma realidade. Acho
ótimo a Receita fiscalizar", disse o dirigente santista Dagoberto Fernando dos Santos.
No mesmo ano, abastecido
pela MSI, o Corinthians juntou
R$ 99,4 milhões, cerca de R$ 14
milhões a menos do que o rival
São Paulo, que faturou alto graças às conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes.
O contraste entre o que os
corintianos receberam naquele
ano e sua situação hoje também impressiona. O dinheiro
rareou a ponto de o clube ter tido dificuldade para pagar conta
de celulares e cogitar levar o time para hotéis mais baratos.
O Palmeiras também não
desfruta de uma situação compatível com a de quem faz parte
de um grupo que responde a
85% da arrecadação obtida pelas empresas do país em 2005.
O clube já antecipou quase
todas as verbas que tinha para
receber em 2007. Agora tenta
fatiar os direitos de seus jogadores entre conselheiros para
conseguir dinheiro.
O Flamengo, classificado pelo presidente Márcio Braga como em situação quase insolvente, foi o sétimo que mais arrecadou, seguido pelo Vasco.
"A Receita pode investigar o
que quiser. Pode haver erro
aqui, fraude não. Mas arrecadamos isso aí", afirmou o cartola.
Em situação mais confortável, a CBF também faz parte da
elite. Foram para seus cofres
pouco mais de R$ 100 milhões.
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