São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2009

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Polícia acha torcedor que iniciou caos no Morumbi

Corintiano diz ter usado bomba, que detonou confusão, para atingir são-paulinos

Se for acusado por tentativa de homicídio, o suspeito Robson Damião, 25, que já foi preso por furto, pode pegar até 12 anos de prisão


ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Robson Damião, 25, confessou anteontem ter sido o pivô da confusão ocorrida no Morumbi no domingo. Segundo a PM, o corintiano disse ter atirado a bomba que resultou na confusão na saída do estádio.
"Ele ia jogar para fora do estádio, em direção à torcida do São Paulo, que estava saindo no momento. Aí, caiu no estacionamento em cima de um carro", contou o tenente Thiago Hideyuki Pedreira Chiyo, que conduziu Damião à delegacia.
Essa versão é diferente da apresentada pelo tenente-coronel Hervando Luiz Velozo. Segundo ele, a bomba que deu início à confusão teria sido lançada do estacionamento.
"Ele falou que estava arrependido porque acabou machucando o pessoal da Gaviões da Fiel. A impressão que tenho foi que ele confessou por causa disso", acrescentou o PM.
"Ele disse que tinha duas bombas. Jogou uma e, pela confusão que deu, desistiu de jogar a segunda", complementou.
Damião, que já cumpriu pena por furto, foi detido após invadir condomínio na avenida Giovanni Gronchi, na Vila Sônia (zona sul de São Paulo).
Morador da favela de Paraisópolis, perto do edifício da ocorrência, ele carregava duas bolas de bilhar e disse que as usava para fabricar bombas.
No domingo, na entrada do Morumbi, passou pela revista da PM com duas bombas escondidas no sapato.
"Ele falou que era integrante de um grupo da Gaviões da Fiel chamado de contenção, que serve para fazer a segurança da torcida", declarou Chiyo.
A organizada não confirmou se Damião está entre seus filiados. "Não é uma figura comum. De nome, ninguém conhece", disse Eduardo Ferreira, assessor de imprensa da Gaviões da Fiel. "Mas, assim que a polícia o denunciar, ele vai ser expulso da entidade", concluiu.
Damião foi solto após assinar depoimento, que foi enviado à 34ª Delegacia de Polícia, onde está instaurado o inquérito sobre a confusão no Morumbi.
Procurado pela Folha, o secretário da Promotoria Criminal de Pinheiros, Arnaldo Hossepian Jr., escalado para apurar o caso, disse não ter sido ainda informado do fato pela 34ª DP. "Preciso ver em que termos foi feito isso. Vamos ver se alguma coisa foi apreendida. Se foi, qual era a proporção desse artefato", afirmou.
O corintiano está sujeito a diversas penas, dependendo do crime em que for enquadrado.
"Se for por lesão corporal, deve pegar menos de quatro anos de detenção, convertidos em pena alternativa", explica Luiz Flávio Gomes, ex-juiz e professor de criminalística, referindo-se à prestação de serviços comunitários ou multa.
Mas, caso uma perícia técnica aponte que a bomba caseira atirada tinha poder de matar, Damião está sujeito a pena mais dura. "Esse caso pode ser enquadrado como tentativa de homicídio e, devido ao número de feridos [ao menos 49], pode ter uma pena de até 12 anos".


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