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Polícia acha torcedor que iniciou caos no Morumbi
Corintiano diz ter usado bomba, que detonou confusão, para atingir são-paulinos
Se for acusado por tentativa de homicídio, o suspeito Robson Damião, 25, que já foi preso por furto, pode pegar até 12 anos de prisão
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Robson Damião, 25, confessou anteontem ter sido o pivô
da confusão ocorrida no Morumbi no domingo. Segundo a
PM, o corintiano disse ter atirado a bomba que resultou na
confusão na saída do estádio.
"Ele ia jogar para fora do estádio, em direção à torcida do
São Paulo, que estava saindo no
momento. Aí, caiu no estacionamento em cima de um carro", contou o tenente Thiago
Hideyuki Pedreira Chiyo, que
conduziu Damião à delegacia.
Essa versão é diferente da
apresentada pelo tenente-coronel Hervando Luiz Velozo.
Segundo ele, a bomba que deu
início à confusão teria sido lançada do estacionamento.
"Ele falou que estava arrependido porque acabou machucando o pessoal da Gaviões
da Fiel. A impressão que tenho
foi que ele confessou por causa
disso", acrescentou o PM.
"Ele disse que tinha duas
bombas. Jogou uma e, pela confusão que deu, desistiu de jogar
a segunda", complementou.
Damião, que já cumpriu pena
por furto, foi detido após invadir condomínio na avenida
Giovanni Gronchi, na Vila Sônia (zona sul de São Paulo).
Morador da favela de Paraisópolis, perto do edifício da
ocorrência, ele carregava duas
bolas de bilhar e disse que as
usava para fabricar bombas.
No domingo, na entrada do
Morumbi, passou pela revista
da PM com duas bombas escondidas no sapato.
"Ele falou que era integrante
de um grupo da Gaviões da Fiel
chamado de contenção, que
serve para fazer a segurança da
torcida", declarou Chiyo.
A organizada não confirmou
se Damião está entre seus filiados. "Não é uma figura comum.
De nome, ninguém conhece",
disse Eduardo Ferreira, assessor de imprensa da Gaviões da
Fiel. "Mas, assim que a polícia o
denunciar, ele vai ser expulso
da entidade", concluiu.
Damião foi solto após assinar
depoimento, que foi enviado à
34ª Delegacia de Polícia, onde
está instaurado o inquérito sobre a confusão no Morumbi.
Procurado pela Folha, o secretário da Promotoria Criminal de Pinheiros, Arnaldo Hossepian Jr., escalado para apurar o caso, disse não ter sido
ainda informado do fato pela
34ª DP. "Preciso ver em que
termos foi feito isso. Vamos ver
se alguma coisa foi apreendida.
Se foi, qual era a proporção
desse artefato", afirmou.
O corintiano está sujeito a diversas penas, dependendo do
crime em que for enquadrado.
"Se for por lesão corporal,
deve pegar menos de quatro
anos de detenção, convertidos
em pena alternativa", explica
Luiz Flávio Gomes, ex-juiz e
professor de criminalística, referindo-se à prestação de serviços comunitários ou multa.
Mas, caso uma perícia técnica aponte que a bomba caseira
atirada tinha poder de matar,
Damião está sujeito a pena
mais dura. "Esse caso pode ser
enquadrado como tentativa de
homicídio e, devido ao número
de feridos [ao menos 49], pode
ter uma pena de até 12 anos".
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