São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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Estrelas do Corinthians assumem risco pela 1ª vez

Com interino no comando, time faz jogo decisivo na Libertadores sem escudo do treinador

EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE LINDÓIA

Agora é com eles. Os badalados jogadores corintianos estão sozinhos e, sem o pára-raios de um treinador, terão de arcar com o resultado do jogo decisivo de hoje, às 21h45, contra o mexicano Tigres, no Pacaembu, pela Taça Libertadores, a principal meta do clube para esta temporada.
À espera de Paulo Autuori, Tevez e companhia vão sentir todo o peso nas costas pela primeira vez desde que a parceria com a MSI foi iniciada, em novembro de 2004. Até então, a barra deles foi aliviada em fracassos com a degola de quatro técnicos.
Primeiro caiu Tite, depois Passarella e Márcio. A última vítima a tombar foi Antônio Lopes.
Enquanto a MSI negocia com Autuori, que ontem disse ser difícil sua liberação pelo Kashima Antlers (JAP), mesmo com a indenização de mais de R$ 3 milhões que a parceira está disposta a pagar, o interino Ademar Braga comandará a equipe hoje à noite.
Por mais poder de decisão, os atletas fizeram lobby pela efetivação dele. O foco, porém, não está no técnico "tampão", por mais que ele tente poupar seus atletas. "Eu escalo o time e eu carrego o peso de uma eventual derrota. Sempre foi assim no futebol. A culpa é do técnico", disse.
No panorama atual, não é bem assim. Mostra disso foi dada anteontem à noite.
Membros da Gaviões da Fiel, maior organizada do time, foram ao hotel do Corinthians em Águas de Lindóia e cobraram os atletas. Em uma conversa de 30 minutos, prometeram apoio, mas exigiram vitória. Nenhum jogador foi citado individualmente, mas todas as estrelas receberam a torcida. Braga não foi chamado.
"Somos homens e profissionais. O Ademar tem contribuído muito, mas é lógico que a responsabilidade maior é nossa", disse o meia Ricardinho, que após a saída de Lopes teve mais liberdade para orientar os colegas em campo.
Na berlinda, o elenco corintiano tem conversado bastante, e os atletas prometeram comprometimento com o time.
"A maioria dos torcedores sabe que a responsabilidade maior é dos jogadores", disse o zagueiro Betão, um dos líderes do grupo.
O Corinthians inicia o segundo turno da Libertadores na terceira posição do Grupo 4, com quatro pontos, atrás de Tigres (seis) e Universidad Catolica (sete). Em caso de fracasso hoje, passará a não depender mais só de suas forças para se classificar às oitavas da competição continental.
Nesse cenário, a equipe tenta a reviravolta com sua principal estrela, Tevez, recuperado de lesão no joelho. Único do elenco atual a já ter vencido a Libertadores, a maior aposta corintiana para o torneio tem decepcionado.
"A pressão vem de todos os lados aqui no Corinthians, mas temos de deixá-la de lado para fazermos uma boa partida", afirmou o argentino, que só disputou 9 das 18 partidas do clube neste ano e marcou apenas seis gols.
A baixa produtividade do mais caro jogador da história do futebol brasileiro (custou mais de R$ 40 milhões) tem irritado os dirigentes. Eles alegam que Tevez deixou o time em segundo plano e só pensa na Copa do Mundo.
"Eu sofri mais do que ninguém para estar em campo. Se alguém fala isso é porque não torce pelo Corinthians", respondeu o atleta.
Os corintianos terão pela frente um oponente baleado. O Tigres, que soma seis pontos, é o último colocado em seu grupo no campeonato nacional. O elenco mexicano chegou a São Paulo com somente 16 jogadores. Quatro titulares, entre eles o argentino Gaitán, estrela da equipe, estão lesionados, e outros dois não jogarão por estarem suspensos.


Colaborou Tales Torraga, da Reportagem Local
NA TV - Globo, ao vivo, a partir das 21h45


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