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COPA 2006
Grupos de neonazistas europeus ameaçam "massacrar" muçulmanos no Mundial que começa em junho
Islã encolhe dentro de campo, mas vira alvo na Alemanha
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles vão estar no menor número
na era dos Mundiais com 32 participantes, mas não faltam xenofobia contra eles e temor pela segurança por suas presenças.
Entre os países classificados para a Copa da Alemanha, só três
(Arábia Saudita, Irã e Tunísia)
tem o islamismo como religião
majoritária. Em outros três essa
religião ultrapassa a barreira dos
10% dos seus moradores (Costa
do Marfim, Gana e Togo).
Assim, entre os mais de um bilhão de habitantes do planeta representados no Mundial-06, só
114 milhões são muçulmanos. Em
1998, na França, esse número era
de 201 milhões. Quatro anos depois, no primeiro Mundial da
Ásia, bateu em 182 milhões.
Mas essa redução não contenta
grupos de extrema direita européia. Ontem, o jornal italiano "La
Reppublica" divulgou que movimentos neonazistas reunidos na
Áustria fizeram planos para atacar os muçulmanos. Um dos participantes, segundo o jornal, disse
que grupos de ingleses, alemães,
holandeses e espanhóis estão unidos com o objetivo de "massacrar" os adeptos do islamismo.
Maior país islâmico classificado
para a Copa, o Irã, que tem uma
grande colônia na Alemanha, teve
sua presença na competição colocada em xeque. O ex-jogador
Wolfgang Overath e Daniel
Cohn-Bendit, dirigente do Partido Verde alemão, pediram a exclusão iraniana. Eles fizeram isso
como represália a Mahmoud Ahmadinejad, o presidente iraniano,
que disse que o Holocausto não
passava de "um mito".
Outro classificado, a Arábia
Saudita tem um longo histórico
de alianças com o Ocidente, mas
por ser a terra de Osama bin Laden, crítico feroz das políticas da
família real saudita, também é
motivo de dor de cabeça.
A xenofobia e a preocupação
alemã com segurança foram atenuados pelas eliminatórias.
A começar pelo que aconteceu
com a Turquia, eliminada na repescagem européia. Vivem na
Alemanha mais de 2 milhões de
turcos. Mas, mesmo fora da Copa,
eles podem virar alvo.
Segundo o "La Reppublica", os
neonazistas reunidos na Áustria
disseram que não podem "nem
ver os turcos", que, segundo eles,
seriam "terroristas islâmicos".
O classificatório para o Mundial
derrubou outros grandes países
islâmicos com problemas, como a
Nigéria, onde muçulmanos e cristãos estão em choque constante, e
Argélia e Marrocos, que também
têm grandes colônias na Europa.
Pelo histórico recente das Copas, apesar da quase sempre preocupação excessiva com os muçulmanos, são os hooligans europeus que causam problemas.
Na França, enquanto o temido
confronto entre iranianos e americanos transcorreu na mais absoluta paz, torcedores alemães espancaram um policial quase até a
morte, e hooligans ingleses brigaram feio em Marselha.
E a definição dos grupos fez o
alerta ficar mais forte. Vizinhos de
grande rivalidade vão se enfrentar, a começar pelo choque entre
os donos da casa e a Polônia.
Com tantos problemas, os organizadores da Copa vão ter que trabalhar muito para justificar o slogan da competição: "Tempo de
fazer amigos".
Com agências internacionais
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