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Torcedor consegue liminar para ter ingresso sem pacote turístico
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Dois torcedores conseguiram liminar na Justiça Federal para
comprar ingressos diretamente
da CBF para o Mundial da Alemanha sem precisar adquirir os pacotes da Planeta Brasil.
Na sexta-feira, o juiz da 30ª Vara
Federal do Rio, Alfredo Franca
Neto, determinou que a entidade
vendesse bilhetes para os jogos da
seleção na Copa a Vágner Silva
Santos e Georgia Valverde Leão.
A Planeta Brasil foi escolhida
pela CBF para negociar os ingressos com os torcedores. A empresa
só vende bilhetes junto com seus
pacotes turísticos. Na decisão, o
juiz diz que a venda dos ingressos
atrelados a pacotes fere o Código
de Defesa do Consumidor.
""Sabe-se que o consumidor não
pode ser compelido a adquirir
aquilo que não quer e deve exigir
a venda do produto ou a prestação do serviço, de acordo com
aquilo que deseja", escreveu o juiz
na liminar. Afirma ainda que a lei
proíbe a conduta da Planeta Brasil, ""definida como crime contra a
ordem econômica e contra as relações de consumo".
Para conseguir a liminar, os
dois torcedores alegaram que já
tinham comprado as passagens
de avião, passes de trens e seguro
médico. A decisão obriga a CBF a
dar nos próximos dias os ingressos com os nomes dos torcedores.
A Planeta Brasil não comentou
a decisão judicial. A CBF, por sua
vez, alega que a venda de ingressos do Mundial no Brasil é ""assunto entre a Fifa e a empresa" e
não quis comentar a liminar.
A Planeta Brasil vende parte dos
ingressos que a CBF tem direito
(8% dos bilhetes negociáveis em
cada estádio) por jogo da seleção.
Na segunda-feira, o Ministério
Público do Rio abriu inquérito
para apurar a parceria entre a Planeta Brasil e a CBF. Ontem, o Ministério Público Federal se juntou
ao trabalho do promotor Rodrigo
Terra, responsável pela área de direito do consumidor no Rio.
Além de considerar que o monopólio pode ser prejudicial aos
torcedores, ele pede que outras
operadoras tenham acesso aos bilhetes. Segundo a Fifa, é prerrogativa da CBF indicar a agência que
vende os ingressos no país.
A Planeta Brasil pertence a
Wagner Abrahão, ex-dono da
SBTR, empresa que foi acusada
por agências de turismo como
responsável por lesar centenas de
brasileiros durante a Copa-98, inclusive na final. Na França e no
Brasil, processos contra o empresário acabaram arquivados.
Em 2002, já com a Planeta Brasil, vendeu pacotes com os ingressos, sem registrar problemas.
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